sábado, 5 de agosto de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO — PARTE 7


Quando Simone Tebet envernizou com seu apoio a (pseudo) frente ampla pela democracia, Lula sinalizou que ela poderia ser o que quisesse no futuro governo. Ela quis a pasta do Bolsa Família, mas foi empurrada para o Ministério do Planejamento e aceitou sem dar um pio a demolição geral das atribuições que deveria ter. Hoje, não tem autonomia sequer para compor a própria equipe. Está batendo no fundo do poço. 
Sem nem mesmo uma consulta protocolar, a ministra terá de entregar o IBGE a um personagem que, entre o segundo mandato de Lula e o primeiro de Dilma, expurgou pensadores divergentes e encostou o IPEA no desenvolvimentismo criativo do PT. "Nada mais justo do que atender o presidente", disse ela, após ouvir o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social dizer à imprensa que o companheiro Pochmann será o novo presidente do IBGE". Foi como se Lula, às voltas com uma meia-sola ministerial que enfiará mais Centrão na Esplanada, mostrasse a Tebet a porta da saída. 
A impressão que se tem é a de que a ex-candidata que pulou para o barco do petista no segundo turno — após passar a campanha toda defendendo um programa oposto ao dele — parece disposta a tudo para continuar a bordo. O novo comandante do IBGE já estava despachando direto com Lula e outros peixes graúdos antes mesmo de ter a primeira reunião com sua suposta chefe. E ele pode ser tudo, menos "técnico". É tão "qualificado" para o cargo quando o rei Herodes seria para dirigir o serviço federal de creches.
No último dia 29, Pochmann defendeu a revisão da autonomia do Banco Central e criticou a privatização da Eletrobras. É contra o PIX, a favor da exploração do “espaço sideral” e se acha capaz de "zerar" a dívida pública expropriando a riqueza dos milionários. Sua nomeação tem como único propósito fazer o IBGE produzir os números que Lula quer. 
O risco associado à continuidade de Bolsonaro foi decisivo para que Lula prevalecesse com a magra diferença de 1,8% dos votos. Juntaram-se aos eleitores petistas os brasileiros que votaram no ex-presidiário para evitar mais quatro anos do capetão. A crueldade dispensada a Tebet destina-se a demonstrar que o fator democrático envelheceu precocemente. 
A cinco meses do Natal, a tese de que Lula governaria escorado numa frente ampla ficou muito parecida com Papai Noel. A imagem é bonita. Mas não passa de uma fantasia.

Marcos Valério informou em delação premiada que Ronan Maria Pinto chantageava Lula para não revelar informações sobre um esquema ilegal de propinas para abastecer o caixa do PT, e que Celso Daniel produziu um dossiê sobre quem estava sendo financiado de forma ilegal, mas o ministro Celso de Mello validou somente parte da delação

De acordo com o MPF, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigão de Lula, tomou junto ao Banco Schahin um empréstimo de R$ 12 milhões para quitar dívidas do PT e comprar o silêncio de Ronan). Em contrapartida, o Grupo Schahin foi favorecido na compra do navio-sonda Vitória 10.000 pela Petrobras (ao custo de US$ 1,6 bilhão). Com a morte de Daniel, Antonio Palocci assumiu a coordenação da campanha de Lula. Foi dele a ideia da "carta ao povo brasileiro" em 2002 e foi ministro da Fazenda na primeira gestão petista. 

Palocci chegou a ser cotado para suceder a Lula em 2010, mas saiu pela porta dos fundos quatro anos antes, acusado de participação na quebra ilegal do sigilo bancário de Francenildo CostaQuatro anos depois, foi convocado para ajudar a eleger Dilma operou para angariar fundos junto às empresas que se beneficiaram do governo petista. Em 2017, foi condenado a 12 anos e 2 meses de prisão (por corrupção passiva e lavagem de dinheiro). Em 2019, seu acordo de colaboração premiada foi homologado. Ao tomar conhecimento do conteúdo, Lula disse: "Eu conheço o Palocci bem. Se ele não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. Palocci é médico, é calculista, é frio". 
 
Lula também acusou os procuradores do MPF de "inventar que ele era o dono do triplex no Guarujá", e chamou Delcídio do Amaral de "mentiroso descarado", embora tenha apoiado sua campanha ao governo de Mato Grosso. 
Todos mentem; só ele fala a verdade.