quinta-feira, 3 de agosto de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO... PARTE 6


Em 2018, as chances de um dublê de mau militar e parlamentar medíocre se tornar presidente cresceram exponencialmente porque seu principal adversário gozava férias compulsórias na carceragem da PF e se fez representar por um patético bonifrate. Assim, surfando no antipetismo, explorando a famosa facada e desfiando um rosário de promessas tão falsas, o "mito" induziu a minoria esclarecida do eleitorado a unir forças com os direitistas fanáticos... e deu no deu. Quatro anos depois, livre da cadeia, com a ficha lavada e as condenações anuladas por togados camaradas, o ex-presidiário mais famoso do Brasil conquistou um inusitado terceiro mandato. 


O fato de se ter tornado o primeiro presidente que disputou a reeleição e acabou derrotado pelo desafiante diz muito sobre a decepção geral com o chefe do clã das rachadinhas e mansões milionárias. Foi graças a isso que algumas das vozes mais razoáveis, sensatas e equilibradas vieram a público manifestar apoio a um líder político que foi responsável pelo maior escândalo de corrupção da nossa história, e cuja estapafúrdia pupila e sucessora mergulhou o Brasil na pior recessão já enfrentada por um país que não estava em guerra. 


Graças ao inestimável serviço de cabo-eleitoral prestado a Lula por Bolsonaro, os petistas prometeram (em tom de galhofa) erguer uma estátua em homenagem à incompetência política, gerencial e pessoal do capetão. Triste Brasil. 

Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP) e coordenador da campanha presidencial de Lula, foi sequestrado em janeiro de 2002, quando voltava de um jantar com seu assessor  e amante, segundo as más-línguas  Sérgio Gomes da Silva, também conhecido como Sombra. A Mitsubishi Pajero do político foi crivada balas, mas Sombra saiu ileso.

Depois de uma série de versões conflitantes, seis pessoas foram julgadas e condenadas. Sombra foi apontado pelo MP como mandante do crime, mas não foi levado a júri popular. A ação contra ele foi anulada pelo STF porque o juiz do caso no município paulista de Itapecerica da Serra não concedeu a seus advogados o direito de interrogar os demais réus.
 
morte de Sombra, em 2016, foi a derradeira pá de cal na sepultura do "Caso Celso Daniel", até porque os demais participantes há haviam sido julgados e condenados. Mas a família da vítima insistiu na tese de crime político. 
Segundo o portal UOL, o político era conivente com o esquema de desvio de dinheiro articulado por José Dirceu e Gilberto Carvalho, mas resolveu acabar com a festa quando descobriu que Sombra, Ronan Maria Pinto e Klinger de Oliveira Souza estavam envolvidos  daí ele ter sido eliminado. Sua morte também foi suscitada na CPI dos Bingos — instalada depois que Waldomiro Diniz revelou que Dirceu cobrava propina de empresários para financiar as campanhas do PT — e voltou ao noticiário na 27ª fase da Operação Lava-Jato

Segundo reportagem do g1, o então juiz Sérgio Moro citou o "Caso Celso Daniel" no despacho que autorizou a prisão de Ronan, e anotou que o crime tinha "alguma relação" com um esquema de corrupção na prefeitura de Santo André. Mas faltou apurar os motivos do pagamento de R$ 6 milhões a Ronan, a relação entre o repasse e o esquema de corrupção e o destino dos outros R$ 6 milhões do empréstimo contraído por José Carlos Bumlai, amigão de Lula, junto ao Banco Schahin, e a relação desse imbróglio com o assassinato de Daniel jamais foi esclarecida.

Conforme reportagem da Folha, vária pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com o crime morreram em "circunstâncias misteriosas"  o que alimentou as suspeitas de queima de arquivo: 


 Dionísio de Aquino Severo, resgatado por Sombra da prisão para organizar o sequestro e reunir os demais integrantes da quadrilha, foi morto dentro do CDP do Belém antes prestar depoimento à Justiça. 


— Manuel Sérgio Estevam, que abrigou Severo depois do crime, foi metralhado em sua casa. 


— O investigador de polícia Otávio Mercier, que ligou para Severo na véspera do sequestro, foi executado por homens que invadiram seu apartamento passando-se por policiais federais. 


— O agente funerário Iran Moraes Redua — que identificou o corpo de Daniel — foi assassinado com dois tiros. 


— O garçom que serviu Daniel e Sombra na noite do sequestro foi perseguido por dois homens quando dirigia sua moto, levou um chute, perdeu o controle e bateu em um poste (nada foi roubado). 


 Paulo Henrique Brito, que testemunhou a morte do garçom, foi assassinado 20 dias depois com um tiro nas costas. 


— O médico legista Carlos Alberto Printes, que encontrou indícios de tortura no corpo de Daniel, "cometeu suicídio" em 2006.


Segundo a Polícia Civil, nenhum desses crimes teve relação com o caso, mas as investigações foram reabertas três vezes e o assunto volta à tona de tempos em tempos.

 
Continua...