quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

ERRAR É HUMANO, NÃO CORRIGIR É BURRICE

HÁ TRÊS COISAS NA VIDA QUE NÃO VOLTAM JAMAIS: A FLECHA LANÇADA, A PALAVRA DITA E A OPORTUNIDADE PERDIDA.

Bolsonaro sabe que a PGR irá denunciá-lo ao STF e que a carta de sua prisão já entrou no baralho do "Xandão". Sem cacife para jogar, ele posta um vídeo no X (ex-Twitter) convocando seus devotos para uma manifestação na mais paulista das avenidas. 
O palco foi escolhido a dedo para forçar o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes a se posicionarem publicamente em sua defesa, mas o Bolsonaro que aparece no vídeo respeitoso, legalista e ponderado é falso como nota de R$ 3. 
Ao mobilizar sua militância contra a PF e o STF, o capetão faz como o macaco que tira a castanha com a mão do gato: ele pediu moderação; se a coisa descambar, a culpa não foi dele. E é claro que a hipótese de "caos social" se destina a encarecer seu indiciamento e provável sentença criminal. 
Ainda que a mobilização seja frondosa, os frutos serão pífios. Quando o capetão foi declarado inelegível, sobreveio o alívio, não a conturbação. Lula — alcunhado de "encantador de burros" na campanha de 1989 pelo então governador do DF Joaquim Roriz — manejou o "fator convulsão" em 2018, tanto quando se tornou hóspede da PF em Curitiba como quando teve o nome excluído das urnas. Em nenhuma das vezes houve qualquer sinal conturbação social.
Os quatro anos de presidência ruinosa não exterminaram o bolsonarismo, mas a seita perdeu devotos com a derrota de 2022 e definhou com a dieta imposta pelo 8 de janeiro e pelo excesso de processos judiciais. Mesmo os sectários mais mais fieis perceberão em algum momento que a adesão irrefletida ao radicalismo iracundo pode render votos, mas não ganha eleições majoritárias.

A maioria dos brasileiros fala mal e escreve pior. Isso se deve à má qualidade do ensino, mas também à falta de leitura, preguiça e descaso. Mas mesmo quem conhece bem a última flor do lácio não está livre de cometer erros. Os corretores ortográfico-gramaticais são úteis, mas também podem fazer alterações indevidas e mudar totalmente o sentido da frase.

Afora os inevitáveis erros de digitação, derrapadas na concordância (verbal, nominal e de gênero) são tão comuns quanto trocas de letras —"s" por "z" (deslise) "ç" por "ss" (passoca), "ch" por "x" (imbroxável) "j" por "g" ("viagem"), acréscimos e supressões indevidos — "abisurdo" e "prostação" —, vícios de linguagem — "para mim fazer" — e pleonasmos viciosos — "subir pra cima", "entrar pra dentro"

Quando dá ideia de tempo ou tem o sentido de existir, o verbo haver não deve ser flexionado. Portanto, é errado falar ou escrever "fazem cinco anos" e "houveram muitos acidentes", por exemplo.  Também não se deve dizer "dez anos atrás" nesse contexto, tanto "há" quanto "atrás" indicam o tempo passado, razão pela qual o certo é "há dez anos" ou "dez anos atrás" (confira aqui 20 palavras que quase todo mundo fala e escreve errado). 
 
Numerais de zero a dez são grafados por extenso, e de 11 a 999, em algarismos. A partir de mil (evite escrever 1 mil), usa-se o algarismo mais a palavra para números redondos (3 mil) ou aproximados (4,3 milhões), e separam-se por ponto números acima de mil (Lei 8.666, 1.342 pessoas) mas não datas (1997 e não 1.997). Igualmente importante é atentar para a concordância (1,5 milhão, e não 1,5 milhões), não usar
 zero antes de números que representam data, hora ou página (em vez de 08h, 02/06/12, página 03, escreva 8h, 2/6/12, página 3) nem na casa decimal (R$ 180, e não R$ 180,00; 5%, e não 5,0%; 15,4 mil, e não 15,40 mil). 

Se for necessário registrar um número não inteiro, use apenas algarismos. Escreva anos 80 ou anos 1980, década de 1970 ou década de 70. Nos séculos, evite algarismos romanos (prefira escrever século 21 ao invés de século XXI). Em aproximações, use apenas números inteiros — evite dizer, por exemplo, "cerca de 47 pessoas" (o correto é "cerca de 50 pessoas"). Em início de parágrafo, escreva o número por extenso (Vinte e cinco anos depois...). O mesmo vale para nomes de ruas, praças e avenidas  (Rua Sete de Setembro, Avenida Nove de Julho etc.). 

Escreve-se o primeiro dia do mês em ordinal (1º de fevereiro). Frações são escritas com algarismos (7/12), exceto quando os dois elementos são menores que dez (dois terços). O verbo deve concordar com o numerador da fração. Pode-se escrever meio ou 0,5, mas os algarismos são preferíveis em títulos, legendas, infográficos ou quando há outros numerais no texto. 

Em números de telefone, o código de área deve ser colocado entre parênteses e o hífen, usado para separar o prefixo dos demais algarismos: (11) 3303-3333 (exceção feita ao prefixo 0800). Para abreviar "telefone", deve-se escrever tel. (e não fone) antes do número.