segunda-feira, 6 de maio de 2024

A CONSCIÊNCIA E A VIDA APÓS A MORTE

OS INTELIGENTES APRENDEM COM A PRÓPRIA EXPERIÊNCIA, OS SÁBIOS, COM A EXPERIÊNCIA DOS OUTROS, E OS IDIOTAS... OS IDIOTAS NUNCA APRENDEM. 

Em meio a expressões de calão rasteiro, Lula atribuiu a escassez de público ao ato do Dia do Trabalhador à "incompetência" dos organizadores e culpou o chefe da Secretaria-Geral da Presidência pelo fiasco  já que cabe a ele azeitar a interlocução do Planalto com os movimentos sociais. Dias atrás, em café da manhã com jornalistas, afirmou que não pretende fazer reforma ministerial, mas o 1º de Maio deixou no ar a impressão de que pode haver exceções. Quem esteve com ele na sequência do evento flopado testemunhou a exaltação de um presidente cujo timbre ultrapassou as fronteiras da descortesia. O ministro Macedo deveria conferir diariamente se os parafusos da sua poltrona não ficaram frouxos.

A morte é a única certeza que temos na vida, mas o que existe depois dela (se é que existe) é uma incógnita que atormenta a humanidade desde as mais priscas eras. Quando compôs "Samba da Bênção", Vinícius de Moraes escreveu (referindo-se à vida): "Duas mesmo que é bom/ Ninguém vai me dizer que tem/ Sem provar muito bem provado/ Com certidão passada em cartório do céu/E assinado embaixo: Deus/ E com firma reconhecida!".
 
Não há provas irrefutáveis da existência de vida após a morte, mas Carl Sagan ensinou que "a ausência de evidência não é evidência de ausência". 

Do ponto de vista da medicina, a morte é a cessação irreversível das funções vitais do organismo (respiração, circulação sanguínea e atividade cerebral), mas as experiências de quase-morte (EQMs) contrariam essa visão estritamente materialista: relatos de pessoas clinicamente mortas que foram reanimadas descrevem encontros com parentes já falecidos, túneis de luz, sensação de paz e até detalhes de conversas que ocorreram enquanto os médicos tentavam trazê-las de volta à vida. 

Entende-se por "consciência" a capacidade de ter conhecimento e percepção de si mesmo, do mundo ao redor e dos próprios pensamentos e sentimentos. Diversas teorias  como as da Informação Integrada, do Espaço de Trabalho Global e a Materialista — tentam explicar sua origem. Os religiosos tratam-na por alma, espírito, enfim, algo separado do corpo físico. 

Os neurologistas passaram a associar a consciência ao córtex pré-frontal 1848, depois que um operário que trabalhava na construção de uma ferrovia em Vermont (EUA) teve o crânio trespassado por uma barra de ferro, sofreu uma série de convulsões, "recobrou a consciência" e se tornou um cafajeste arrogante e vocacionado a levar vantagem em tudo (só faltou mudar o de nome de Phineas Gage para Gérson). 

Esse episódio levou os pesquisadores a acreditar que mudanças físicas no cérebro podem alterar a personalidade das pessoas. Mais adiante, amparados pelos avanços da medicina, eles descobriram que a área afetada do cérebro Gage foi o córtex pré-frontal, que exerce um papel preponderante na capacidade de sentir emoções como o remorso, que leva as pessoas a repensar atitudes, mudar e evoluir. 
 
Atualmente, acredita-se que a consciência seja um tipo um "filme" que reúne a história da vida de cada pessoa (
suas preferências, emoções, enfim, sua identidade) e é "projetado" por uma série de atividades realizadas no cérebro. Essa capacidade de representar o mundo na mente é um traço evolutivo que se estende aos demais seres vivos, que também têm consciência, mas num grau muito menor: enquanto uma anêmona do mar se expande ou se contrai na presença da luz solar, o homo sapiens conta com uma série de instrumentos que representam o ambiente de forma bem mais sofisticada. 
 
Na iminência de um assalto ou agressão, o medo leva as potenciais vítimas a antecipar visualmente o que pode acontecer, calcular suas chance de escapar, lembrar-se dos entes queridos, enfim. Passada a experiência, essas sensações são registradas na memória, de modo que, diante de uma nova ameaça, elas possam resgatá-las e aumentar suas chances de sobreviver. Mas a pergunta que se coloca é: em que momento essas atividades formam aquilo que chamamos de consciência? 
 
A resposta é: ainda não se sabe. Sabe-se que a consciência não é um lampejo, mas um fluxo contínuo de conexões neurológicas que se inicia com o nascimento e termina com a morte, e que, nesse entretempo, cada nova experiência leva o cérebro a criar uma representação mental e armazená-la na memória. 

Os avanços da tecnologia tornaram possível monitorar o funcionamento do cérebro através da tomografia por emissão de pósitrons, e os resultados revelaram que diversas atividades responsáveis pela consciência demandam ações conjuntas de várias regiões do cérebro. Em suma, o que um de nós faz é a soma de todas as representações feitas de nós mesmos, dos outros e do ambiente que nos circunda.
 
Para não estender demais este texto, vamos deixar as EQMs para uma próxima postagem.