sexta-feira, 26 de julho de 2024

CÂMBIO MANUAL, AUTOMÁTICO OU AUTOMATIZADO? (PARTE IV)

GENTE QUE PENSA QUE SABE TUDO É UM PÉ NO SACO DE QUEM SABE ALGUMA COISA.


Até pouco tempo atrás, apenas veículos "premium" tinham transmissão automática, mas os brasileiros finalmente se renderam ao conforto proporcionado pela automação: a participação do câmbio manual, que era de quase 80% em 2012, caiu para 37% em 2022 e deve bater nos 5% em 2030 (desconsiderando as picapes compactas, já que apenas 11% são automáticas). 

O pedal da embreagem ainda marca presença em compactos com motores 1.0 aspirados e alguns modelos de viés esportivo, mas as versões de topo de linha são todas automáticas ou equipadas com câmbio CVT (falaremos disso mais adiante). Os veículos com transmissão automatizada, por sua vez, custam menos e são mais fáceis de manter, mas eram 7,5% em 2015 e agora são apenas 1,4%.
 
 O câmbio automático tradicional (com conversor de torque), o CVT e o automatizado são tecnologias diferentes, mas todas desobrigam o motorista de acionar a embreagem e trocar manualmente as marchas. Basicamente, é preciso apenas ligar o motor, colocar a alavanca na posição "D" (de Drive) e dirigir. Nas manobras, basta mudar a alavanca de "D" para "R" (de Ré") — nem é preciso acelerar, pois a função "creeping" faz o carro avançar ou recuar lentamente. Alguns modelos oferecem a troca de marchas sequencial pela própria alavanca ou por "borboletas" (shift paddles) instaladas atrás do volante, mas só é possível selecionar a marcha imediatamente superior ou inferior de cada vez (isto é, não dá para passar de 1ª para 3ª ou reduzir de 4ª para 2ª, por exemplo).

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A despeito de Nicolás Maduro responder a uma acusação de narcoterrorismo e seu governo estar sob investigação no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, Lula o recepcionou em palácio com pompa e circunstância, disse que ditadura na Venezuela era mera "narrativa", comparou a resistência ao jogo de cartas marcadas naquele país aos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e deixou claro que via com bons olhos a recondução ao poder do farsante que há duas décadas e meia manipula regras, aparelha instituições, viola direitos humanos, corrompe as Forças Armadas, asfixia a imprensa e inabilita adversários.

Lula louvou por antecipação a "lisura" e o "clima de confiança e entendimento" do pleito marcado para amanhã, e o déspota retribuiu ameaçando um "banho de sangue" e uma guerra civil se ele não for reeleito. Em entrevista a agências internacionais, o petista disse que "ficou assustado" com a declaração do tirante, que ironizou:" "Quem se assustou que tome um chá de camomila".

A poucos dias da eleição, o déspota venezuelano já não faz discursos, despeja no microfone ganidos apocalípticos de um cachorro louco. Seu comportamento consolida o sepultamento do plano do Sun Tzu de Atibaia de mediar um processo de conciliação naquele país. O funeral começou com a inabilitação de Maria Corina Machado, e a cova foi aberta com o bloqueio do registro da candidatura de Corina Youris, o Plano B da oposição. Maduro joga terra em cima da pretensão de Lula ao insinuar que não aceitará uma eventual derrota para Urrutia, o derradeiro representante oposicionista numa disputa marcada pela opacidade, pela sabotagem e por prisões arbitrárias. 
Por mal dos pecados, na Venezuela a posse do presidente eleito acontece quase seis meses depois das eleições — tempo suficiente para o tiranete de merda fabricar seu apocalipse sanguinário. 

Em linhas (bem) gerais, o que diferencia as três tecnologias é o modo como cada uma recebe, desmultiplica e transmite o torque e a potência do motor para as rodas motrizes. Na transmissão automática tradicional, um sistema planetário atua conforme as exigências do propulsor, dispensando as engrenagens de tamanhos diferentes que representam as marchas nas versões manual e automatizada. O conversor de torque faz o papel da embreagem, permitindo que motor e câmbio girem separadamente em rotações diferentes. Como essas rotações são transmitidas por um sistema hidráulico, as trocas de marcha são quase imperceptíveis, mas as arrancadas ficam mais "letárgicas" — quem gosta de queimar pneus e produzir densas nuvens de fumaça deve escolher um automático com motor de responsa, como o Ford Mustang 5.4 GT 500.
 
A transmissão automatizada surgiu em meados do século passado, mas foi somente nos anos 1990 que o avanço dos sistemas eletrônicos e a miniaturização dos componentes permitiram sua aplicação em veículos pesados e, mais adiante, em carros de passeio. Ela utiliza basicamente a mesma caixa de mudanças usada na versão manual, onde um conjunto de eixos, engrenagens de tamanhos diferentes, garfos e luvas de engate produzem as diversas relações (ou marchas, geralmente 5 para frente e 1 para trás), e um sistema de embreagem convencional, só que controlado por um robô que analisa a rotação do motor, aciona a embreagem e seleciona a marcha mais adequada a cada situação específica

Por ser uma solução mais econômica, a transmissão automatizada serviu para atender a demanda dos motoristas que migrariam alegremente para um carro automático se o preço fosse mais palatável. No entanto, enquanto a venda dos automáticos decuplicou na última década, os automatizados vêm perdendo terreno ano após ano — em 2014 eles somaram 178 mil emplacamentos, mas no ano passado não chegaram sequer a 2% do total de veículos emplacados.
 
Como o próprio nome sugere, a transmissão automatizada de dupla embreagem utiliza duas embreagens, uma para as marchas pares e a ré, outra para as marchas ímpares. Quando uma marcha é selecionada, a embreagem correspondente é desacoplada e a outra, engatada simultaneamente, proporcionando trocas mais rápidas e acelerações e respostas mais precisas. Essa tecnologia foi desenvolvido pela BorgWarner nos anos 80, lançada comercialmente pela Volkswagen em 2003 — com o nome de Direct Shift Gearbox (DSG) — e largamente utilizada no automobilismo de alto desempenho por equipes de Rallye e GT, já que as trocas são mais rápidas e precisas.

Ainda que essa solução funcione bem no Porsche 911, na Ferrari 488 GTB, no Lamborghini Aventador e em outros esportivos "de verdade", a ideia de usá-la nos populares para oferecer uma alternativa mais barata ao conversor de torque levou as montadoras a priorizarem o custo em detrimento da eficiência. Nos últimos anos, a Renault deixou de oferecer a opção automatizada para o Sandero e o Logan e a Fiat, para o Uno. Já a Volkswagen preferiu substituí-la pelo câmbio automático "puro" no Gol e no Voyage.
 
Para não encompridar ainda mais este post, trataremos da transmissão continuamente variável (CVT) na próximo capítulo.