O fato de milhares de trabalhadores braçais terem se revezado de sol a sol, por mais de 30 anos, para construir a Pirâmide de Quéops, não explica os cálculos matemáticos extremamente complexos que embasaram essa obra faraônica (literalmente) terem sido feitos com prosaicos ábacos.
Por que os egípcios criaram um calendário baseado não no Sol ou na Lua, mas na estrela Sirius, que só era avistada nas madrugadas durante o início da enchente do rio Nilo — uma ocorrência que não acontecia todos os anos e, quando acontecia, não começava sempre no mesmo dia?
Observação: Descobriu-se recentemente um antigo braço do Rio Nilo, hoje seco, que ia da cidade de Faiyum até Gizé, passando por 36 sítios de pirâmides diferentes. Esse braço teria sido largo o suficiente para o transporte dos trabalhadores e dos materiais utilizados na construção dos monumentos. Mas isso é outra conversa e fica para uma próxima vez.
Como explicar que os Contos das Mil e Uma Noites descrevam com riqueza de detalhes tapetes voadores, gênios poderosos que habitavam lâmpadas mágicas e portas de pedra que se abriam magicamente quando alguém dizia "Abre-te Sésamo", se aviões, portas automáticas e outros artefatos tecnológicos só seriam criados milhares de anos depois?Épicos indianos como o Mahabharata e o Ramayana descrevem as "vimanas" ("carros celestiais", em sânscrito) como veículos voadores que os "deuses" usavam para se mover em todas as direções, inclusive sob a água, disparando armas poderosas, semelhantes aos aviões de guerra do século XX.
Na mitologia grega, Apolo é frequentemente retratado cruzando o céu em uma carruagem puxada por cavalos alados. Pinturas maias e astecas exibem "deuses" ou criaturas míticas usando capacetes e trajes que lembram a indumentária dos astronautas modernos. Uma escultura no sarcófago do rei maia Pacal (603-683 d.C.) retrata controles e sistemas de propulsão semelhantes aos da cabine de comando de uma espaçonave.
As engenhocas dos irmãos Wright e o 14-Bis de Santos Dumont foram construídos no início do século XX, e a primeira espaçonave (Viking), em meados dos anos 1950. Em 1961, o soviético Yuri Gagarin entrou para a história como o primeiro astronauta a orbitar a Terra, mas o "pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade" de Neil Armstrong só foi dado em julho de1969 (detalhes nos capítulos anteriores).
A sonda espacial mais veloz construída até hoje ultrapassou 700 mil km/h no início deste ano e vem quebrando novos à medida que se aproxima da coroa solar. Essa velocidade permite ir da Terra à Lua e voltar em menos de meia hora, mas uma viagem até Proxima Centauri, que fica a 4,2 anos-luz do nosso sistema solar (1 ano-luz = 9,5 trilhões de km) demoraria cerca de 7 mil anos.
Não se sabe quando, ou se, nossa tecnologia evoluirá a ponto de permitir que naves espaciais viajem à velocidade da luz (1,08 bilhão km/h). Até que isso ocorra, a exploração de outras galáxias será humanamente impossível, pois o tempo de viagem superaria a expectativa de vida dos astronautas. Mas Einstein ensinou que o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário, que a única grandeza absoluta no universo é a velocidade da luz, e que, quanto mais rápido um corpo se move, mais devagar o tempo passa para ele (dilatação temporal) e mais sua dimensão no espaço se reduz (contração espacial).
Explicando melhor: Uma nave que singrasse o cosmos à velocidade da luz demoraria pouco mais de 4 anos terrestres para alcançar Proxima Centauri, mas a viagem seria "instantânea" para seus ocupantes, já que o tempo para de passar quando se atinge a velocidade da luz. Como o aumento da massa é diretamente proporcional ao aumento, a massa se torna infinita na velocidade da luz, exigindo uma quantidade igualmente infinita de energia para acelerar ainda mais.
Um engenheiro do Centro de Voos Espaciais Marshall (da NASA) idealizou um motor que utiliza íons e eletroímãs para acelerar partículas em um loop helicoidal e gerar empuxo suficiente para impulsionar uma nave espacial a 99% da velocidade da luz. Mas o problema (ou um dos problemas) é que a geringonça precisa de um tubo de 200 m de comprimento por 12 m de largura e de 65 megawatts de energia para gerar 1 newton de empuxo (1 N corresponde à força necessária para acelerar um corpo de 1 kg a 1 m/s²).
A ideia de David Burns é vista com ceticismo, já que viola o princípio da conservação do momento linear. O engenheiro acredita que sua invenção tem potencial para mudar o futuro das viagens espaciais, já que reduz drasticamente os custos e permite ir da Terra a Marte em 13 minutos e a Netuno em cerca de 4 horas, mas ele reconhece que ainda falta muito para torná-la viável.