quarta-feira, 2 de abril de 2025

PREVISÕES E MAIS PREVISÕES (FINAL)

DEMOCRACIA SÃO DOIS LOBOS E UMA OVELHA DECIDINDO SOBRE O QUE COMER NO JANTAR.

Como dito no capítulo anterior, o asteroide 2024 YR4, descoberto em dezembro de 2024, tem sido alvo de intenso monitoramento. A probabilidade de impacto com a Terra, que inicialmente era de 1,2%, chegou a 3,1% — o maior índice registrado desde a detecção do objeto —, mas caiu para 0,000019%, o que significa uma possibilidade em mais de 5 milhões.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em entrevista à Folha, questionado se uma eventual prisão significaria o fim de sua carreira política, o ex-presidente golpista — que, ao contrário do Conselheiro Acácio, jamais compreendeu que as consequências vêm depois — respondeu: "É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos". 
Assiste razão ao réu e provável futuro condenado. Mesmo que Gonet tenha pedido, e Moraes concedido, o arquivamento 
do inquérito sobre a falsificação dos cartões de vacina, o "mito" pode ser agraciado com mais de 30 anos de prisão. 
Nosso país tem uma história peculiar de sobrevida institucional. Golpes foram tentados, tramados na surdina ou à luz do dia, mas nem sempre lograram êxito. A marcha fúnebre — concebida originalmente para honrar os mortos, mas que também pode se converter em instrumento de ironia mordaz, deslocando-se de seu intento solene para escarnecer figuras que, em vida, evocaram polêmicas e divisões — poderia ter sido dedicada em 2023 ao enterro da democracia, mas acabou sendo reservada ao projeto golpista de Bolsonaro e seus asseclas. Se essa caterva tivesse obtido o apoio incondicional das Forças Armadas — que tão desesperadamente buscou —, estaríamos hoje entoando essa marcha não em tom de sarcasmo, mas para prantear a própria democracia brasileira, duramente conquistada após vinte anos de ditadura. 
Como o fracasso de um golpe não afasta os riscos que ainda rondam o país, é imperativo fortalecer ativamente a democracia para que, no próximo cortejo fúnebre, não esteja no esquife a utopia de um Brasil republicano e livre.

Ainda que qualquer risco de colisão com a Terra tenha sido descartado, ainda existe a possibilidade de impacto com a Lua, que é constantemente atingida por meteoros, mas suas crateras provam que ela sobreviveu a impactos muito maiores. Uma nova observação pelo JWST só deve acontecer no mês que vem, e a próxima, somente em 2028.

Existem maneiras de alterar a trajetória do pedregulho gigante (que é do tamanho de um prédio de 18 andares), entre as quais enviar uma espaçonave contra ele — técnica testada com sucesso em 2022 com o asteroide Dimorphos, de 160 metros de largura —, bombardeá-lo com um fluxo constante de íons, ou ainda pintá-lo de branco, visando a aumentar sua refletividade e, consequentemente, alterar sua trajetória.
 
Uma opção mais radical, já testada em laboratório, seria explodir a rocha usando uma bomba nuclear, mas o envio de armas de alto poder destrutivo ao espaço levantaria questões éticas, políticas e legais, sem falar que a explosão poderia enviar fragmentos em direção à Terra. A decisão sobre qual medida adotar não cabe apenas à NASA ou outra agência espacial específica, mas sim a um consórcio de líderes mundiais. Considerando a complexidade diplomática e a confiança (ou a falta dela) nos políticos, a alternativa seria evacuar uma ou algumas cidades.

 

Simulações feitas por computador indicam que as regiões sob risco incluíam o norte da América do Sul, o sul da Ásia, o Mar Arábico, o norte da África e o Atlântico. Países como Índia, Venezuela, Paquistão, Equador e Nigéria estavam na zona de atenção, mas o ponto exato dependeria da posição da Terra no momento do impacto.

A despeito de as chances de colisão serem atualmente desprezíveis, o monitoramento contínuo é essencial para garantir a segurança do planeta, e próxima observação do JWST, prevista para maio, ajudará a refinar os cálculos e entender melhor o destino do asteroide.

ObservaçãoEnquanto 2024 YR4 chamou a atenção, o gigantesco 887 Alinda, que tem mais de 4 km de diâmetro, passou quase despercebido, em janeiro deste ano, a cerca de 12,3 milhões de quilômetros da Terra. Ambos dão uma volta completa ao redor do Sol a cada quatro anos, o que os torna especialmente perigosos. Atualmente, sabe-se que 2024 YR4 não atingirá a Terra em 2032, mas sua trajetória futura ainda é incerta (há previsão de uma nova aproximação em 2052). Já o 887 Alinda continua sua jornada pelo espaço, com possibilidade de se tornar uma ameaça daqui a cerca de mil anos.