terça-feira, 1 de julho de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — CAPÍTULO ESPECIAL: AINDA SOBRE OS BURACOS DE MINHOCA

LIBERDADE SEM LEIS É ANARQUIA; LEIS SEM LIBERDADE É TIRANIA.

De acordo com o princípio da incerteza de Heisenberg, o vácuo é um espaço onde pares de partículas virtuais surgem e se aniquilam continuamente. Especula-se que, em escalas extremamente pequenas, próximas ao chamado comprimento de Planck (10³³ cm), o próprio tecido do espaço-tempo seja uma "espuma quântica borbulhante" onde as flutuações quânticas fazem com que buracos de minhoca menores que um átomo surjam e desapareçam quase imediatamente — o que os tornaria intransponíveis e, portanto, imprestáveis para viagens macroscópica ou comunicação.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Na política, o espelho é uma lente de aumento onde o Poder se enxerga grandioso. O diabo é que autoridades cheias de si ficam vazias quando filtradas pela retina da sociedade. Recém-saídos da tentativa de golpe, 58% dos entrevistados pelo Datafolha disseram ter vergonha dos ministros do Supremo e dos deputados federais, 59%, dos senadores e 56%, e do presidente da República (56%). Alguns sonham com a volta da ditadura; outros lamentam o pesadelo de uma democracia vazia, tomada pela corrupção. A vergonha pode ser boa se forçar a consciência do eleitor a se coçar e ruim se for usada mais uma vez como pretexto para meter os pés pelas mãos.


Teoria das Cordas é uma forte candidata a "teoria de tudo" — uma unificação da relatividade geral, que descreve a gravidade e o universo em grande escala, com a mecânica quântica, que descreve o universo em pequena escala. Algumas de suas formulações preveem a existência de dimensões espaciais além das três que percebemos, onde os buracos de minhoca conectariam diferentes "D-branas" (objetos multidimensionais postulados pela teoria). No entanto, a exemplo dos próprios buracos de minhoca, essa e outras especulações da Teoria das Cordas carecem de evidências experimentais.
 
A possibilidade teórica de os buracos de minhoca atravessáveis conectarem pontos distantes no espaço em diferentes momentos no tempo afronta o princípio da causalidade, dando azo a incongruências temporais como o célebre paradoxo do avô. Diante dessas complexidades, Stephen Hawking propôs a conjectura da proteção cronológica, segundo a qual as leis fundamentais da física conspiram para impedir viagens ao passado em escalas macroscópicas, prevenindo, assim, a ocorrência de paradoxos. 
 
Como dito no capítulo anterior, ainda não existem evidências observacionais diretas que confirmem a existência dos buracos de minhoca. Além disso, a capacidade tecnológica atual está anos-luz distante de permitir a criação e/ou manipulação dessas estruturas em laboratório, e a observação de fenômenos naturais que poderiam indicar sua presença é extremamente complexa.

O astrofísico português João Rosa propôs em um artigo que a chamada gravidade híbrida generalizada-Palatini permitiria a criação de buracos de minhoca atravessáveis. Para contornar a exigência de energia negativa, ele sugeriu que as entradas dos túneis fossem estruturadas em camadas, como cascas de cebola duplas e finas, feitas de matéria comum. Já seu colega Ron Mallet acredita ser possível usar um laser para produzir uma curvatura no espaço-tempo, atravessar esse "túnel" e voltar ao passado ou avançar para o futuro. Ambos reconhecem que existem desafios significativos a serem superados e ambas as propostas precisam ser amplamente debatidas e testadas, mas não restam dúvidas de que elas representam um passo importante na busca por soluções.

 
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Sófia, na Bulgária, comparou modelos de buracos negros e modelos de buracos de minhoca atravessáveis com base na polarização da luz emitida por um disco de acreção ao redor dessas estruturas, e concluiu que alguns objetos atualmente classificados como buracos negros podem ser buracos de minhoca disfarçados. Lentes gravitacionais intensas e a detecção de radiação que atravessasse a "garganta" do buraco de minhoca poderiam fornecer assinaturas características, mas detectar tais efeitos exigiria avanços significativos na sensibilidade e resolução dos instrumentos astronômicos.
 
Simulações em computadores quânticos que exploraram a dinâmica de buracos de minhoca atravessáveis em modelos simplificados não provam a existência dessas estruturas, mas ajudam a testar os limites das teorias e a entender melhor as interações entre gravidade e informação quântica. A grande dificuldade é distinguir suas assinaturas das de outros objetos — como buracos negros —, sem falar nas vastas distâncias cósmicas que dificultam observações detalhadas.

Por essas e outras, os buracos de minhoca permanecem como uma das ideias mais cativantes e desafiadoras da física moderna. A conjectura da proteção cronológica de Hawking vai na contramão da viabilidade de viagens no tempo através desses atalhos cósmicos, sugerindo que as próprias leis da física conspiram para impedir paradoxos temporais. Isso nos leva a questionar os limites de nossas teorias atuais e imaginar novas possibilidades. Mas disse alguém mais sábio que "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário".
 
Seja como portais para outros mundos, seja como meras curiosidades matemáticas, os buracos de minhoca nos lembram da vastidão do desconhecido e da incessante busca humana por compreender o cosmos em sua totalidade. Enquanto a ficção científica os abraça com entusiasmo, a ciência avança com cautela, passo a passo, na esperança de um dia comprovar que eles não são apenas um sonho fascinante.


Continua...