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domingo, 22 de outubro de 2017

DORIA, A FARINATA E A IGNORÂNCIA QUE CAMPEIA SOLTA

TODOS TÊM DIREITO A SUAS OPINIÕES, MAS ISSO NÃO TORNA OS IMBECIS MENOS IMBECIS.

Nas campanhas eleitorais, a primeira vítima é o bom senso. Prova disso são os recentes ataques ao prefeito João Dória, por conta de um projeto que visa alimentar a população mais carente com a “farinata” ― farinha produzida a partir de alimentos que seriam incinerados pelos produtores e supermercados por estarem próximos do final de sua validade, e que pode ser adicionada a pães e bolos ou usada para “engrossar” sopas e ser distribuída sem custos por entidades cadastradas (igrejas, templos e sociedade civil) e pela própria prefeitura.

Alegando que “os pobres precisam de alimentos frescos” e outras falácias que tais, detratores do prefeito põe em risco a iniciativa, que, aliás, nem é de Dória, mas sim um antigo projeto da Igreja Católica, que ora corre o risco de ser cancelado por causa de um bando de demagogos. Para D. Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, “seria uma pena algo que nasceu para ser bom, por equívocos ou manipulação política, seja de qual lado for, venha a ser de alguma forma amputado ou boicotado”.

No Brasil, ter sucesso é crime ― pelo menos, na visão dos invejosos que perderam a esperança de chegar lá. Por ser uma cara nova na política, um empresário bem-sucedido, dono de um patrimônio invejável, Doria é visto como o protótipo do mauricinho milionário, atacado pelos petistas por antagonizar Lula, pelos tucanos, por “ter traído” seu padrinho político Geraldo Alkmin, e por muitos dos que o elegeram, por seu açodamento em transformar o sucesso da eleição local em antecipação ao pleito presidencial ― como fez antes dele José Serra, que usou a prefeitura como trampolim para sua [malograda] candidatura à presidência. Por conta de suas constantes viagens pelo Brasil e mundo afora, circula há alguns dias nas redes sociais uma piadinha segundo a qual Paul McCartney aprecem mais em Sampa do que o prefeito ― em 9 meses de mandato, Doria ficou fora mais de 60 dias; em sua defesa, o tucano afirma que os deslocamentos ocorreram para promover a capital e buscar investimentos; de janeiro a agosto, ele completou 2.943 horas trabalho, quase 1.200 horas a mais do que a jornada prevista na CLT, de 220 horas/mês.

Observação: Administrar uma megalópole como São Paulo é uma missão quase impossível. Com uma população 50% maior que a Nova Iorque e uma frota de veículos três vezes superior à suportada pela malha viária, Sampa seria um desafio até mesmo para Hemiunu ― o administrador da Pirâmide de Gizé, a maior obra do planeta por muitos séculos. Desde que assumiu, Doria contabilizou sucessos e fiascos. A abertura de empresas, por exemplo, que levava mais 3 meses, agora leva menos de 10 dias; a contratação de professores para as escolas municipais dobrou em relação à administração anterior; o Corujão da Saúde foi tão bem-sucedido que originou o Corujão da Cirurgia; a distribuição gratuita de remédios à população carente preencheu as lacunas (82 itens) e agora oferece todos os 187 principais medicamentos; 320 empresas doaram R$ 660 milhões à prefeitura, e por aí segue a procissão. Já os camelôs continuam fazendo a festa na Av. Paulista e nas marginais; faltam médicos na rede pública; a cracolândia não desapareceu, foi pulverizada e vem proliferando em outras regiões; o número de vagas nas creches continua insuficiente para atender à demanda; a pavimentação de ruas e calçadas deixa muito a desejar; o problema dos semáforos, herdado da gestão Haddad, levou 9 meses para ser resolvido e 8 de 9 serviços de zeladoria estão longe do ideal. Se as desestatizações avançaram, as ciclovias, os corredores de ônibus e outros projetos importantes continuam marcando, sobretudo por falta de recursos: ao sair da prefeitura, Haddad disse ter deixado R$ 5,5 bilhões em caixa, dos quis R$ 3 bilhões seriam de saldo líquido, mas a maior parte desse dinheiro estava comprometida com despesas de curto prazo e, ao final da primeira semana de janeiro, sobraram pouco mais de R$ 230 milhões (Haddad recebeu a prefeitura de Kassab com quase R$ 500 milhões de saldo líquido).

Doria baseia seu marketing no “falem mal mas falem de mim”, e essa superexposição o torna vulnerável a críticas nos meios de comunicação, nas redes sociais, e por pseudo-intelectuais ― como os que defenderam Dilma durante o impeachment e almejam ver Lula de novo na presidência. E convenhamos: o alcaide lida mal com críticas ― venham elas de onde vierem ―, cai facilmente em provocações e, quando precisa decidir se dá vazão à raiva ou contemporiza, ele quase sempre escolhe a primeira opção.

Como salienta J.R. Guzzo, com Doria o simples desacordo não é suficiente; ele desperta a ira em estado bruto dos inimigos, os “sentimentos mais primitivos” do ser humano, é detestado simplesmente por ser Doria. Quase ninguém o julga pelo que faz, apenas pelo que pensa ― ou diz que pensa ―, pouco importando se sua gestão é boa ou ruim. O que interessa é falar que ele é do mal e que está sempre errado, mesmo se disser que o Natal cai no dia 25 de dezembro. É o tipo da coisa que só emburrece um debate que já é burro, como acontece com praticamente tudo o mais quando se conversa sobre política, hoje em dia, neste país. O ato de pensar é cada vez mais desprezado; parece algo desnecessário, irritante e ofensivo, sobretudo se alguém diz alguma coisa que não combina com “o que a sociedade está dizendo”.

Nessa desordem mental, a última preocupação é julgar alguém por suas realizações concretas. Não há diferença sensível entre sua gestão e a anterior, do ponto de vista da “zeladoria”. O abandono, a inépcia e a miséria de resultados continuam os mesmos. A prefeitura não consegue cuidar dos sinais de trânsito, do calçamento abominável das ruas, do corte de mato nas áreas verdes, da iluminação pública, do estacionamento abusivo nas ruas, da limpeza dos bueiros, do lixo largado pelas calçadas. Não conseguiu, nem sequer, eliminar uns poucos metros nas faixas de ciclismo mais extravagantes que o prefeito anterior criou, com o propósito de punir “os ricos” e dar lições de ideologia viária à população. Os problemas, na visão da Prefeitura, se dividem em apenas duas categorias: os muito difíceis e os impossíveis de resolver.

O zelador quer ser síndico, mas não consegue cuidar nem do portão da garagem ― não faz, simplesmente, o serviço para o qual foi eleito. Mas quem está interessado nesse tipo de detalhe? Nem pensar. É muito mais fácil dizer que Doria é de direita ― e não se fala mais no assunto.

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte XI

NÃO É TRISTE MUDAR DE IDEIAS, TRISTE É NÃO TER IDEIAS PARA MUDAR.

Ainda sobre o drive de HDD (ou drive de disco rígido), em meados da década passada o jurássico padrão IDE ATA (ou PATA) foi substituído pelo SATA, devido não somente ao melhor desempenho, mas também à facilidade de instalação (que dispensava a configuração Master/Slave), ao suporte ao Plug’n’Play real (que já permitia a conexão “a quente”, ou seja, sem desligar o computador, como nas interfaces USB), e aos cabos e conectores de apenas 7 vias ― que ocupavam menos espaço e permitiam uma melhor circulação do ar no interior do gabinete ―, que eram mais estreitos e maleáveis do que os cabos flat (chatos) de 80 vias utilizados pelo padrão PATA.

Mesmo que dificilmente o leitor tencione realizar uma integração caseira, até porque essa opção deixou de ser economicamente atraente, embora seja a única maneira de configurar a máquina a seu gosto e de acordo com seu perfil de usuário, sempre existe a possibilidade de o drive de HD original de uma máquina comprada pronta dar pau, e aí será preciso substituí-lo.  

Eu sei que é remota a possibilidade de alguém se preocupar com a escolha de um drive, já que, como dito anteriormente, quase ninguém mais, hoje em dia, se aventura a montar seu computador em casa. Mesmo assim, vale a recomendação de fuçar as especificações técnicas do aparelho, no ato da compra, e dar preferência a modelos que tragam drives de marcas tradicionais (SAMSUNG, TOSHIBA, SEAGATE, WESTERN DIGITAL, etc.) e com fartura de espaço para armazenamento de dados. Vale também atentar para a densidade da mídia, a rotação dos discos (quanto maiores esses valores, melhores serão as taxas de transferência e o desempenho do dispositivo) e o tempo médio de acesso (quanto menor, melhor). Se seu orçamento permitir, prefira um modelo SSD, que ainda tem preço salgado, mas é muito mais rápido que o drive eletromecânico tradicional (para saber mais, clique aqui, aqui e aqui).

Quanto aos demais drives, o FDD (floppy drive ou drive de disquete) sumiu do mapa há alguns anos, pois, depois de décadas de bons serviços prestados, ele se fazia presente em alguns modelos por uma questão protocolar, não por real necessidade. E o drive de mídia óptica segue pelo mesmo caminho e faz a viagem bem mais rapidamente: com a popularização da banda larga, ouvir música em rádios online é mais prático (e menos arriscado) do que recorrer a redes de compartilhamento P2P (como o KaZaA, o LimeWire e distinta companhia) para criar acervos personalizados e queimá-los em CDs. A instalação de softwares, tanto freewares quanto pagos, ser feita via download, o que dispensa o usuário de adquirir os arquivos em mídia óptica (embora em determinadas situações seja interessante dispor do disco, como no caso do Windows e de suítes de segurança cujas mídias servem também como disco de resgate). E para quem gosta de assistir a um bom filme ou seriado na tela do computador, o Netflix oferece mais benefícios por um custo inferior ao da locação de DVDs (que era tão popular até poucos anos atrás). Aliás, com o Chromecast ou com a Apple TV, por exemplo, você pode assistir à programação no seu televisor, mesmo que o aparelha não seja Smart.

Continuamos no próximo capítulo.

PONDO OS PINGOS NOS IS

Já me senti tentado ― e mais de uma vez ― a limitar meus textos à pura e simples exposição dos fatos, permitindo ao leitor tirar suas conclusões sem a influência de minhas opiniões. No entanto, o post não é um artigo de jornal ou revista, onde o texto dissertativo de cunho não ficcional tem como objetivo relatar fatos, pessoas ou circunstâncias, até porque a opinião do veículo é expressa no editorial e a dos jornalistas e colaboradores, em suas respectivas colunas.

Em minhas postagens, os fatos são a matéria prima, não o produto acabado. Não fosse assim, não faria sentido escrevê-las. Mas daí a distorcer as informações para adequá-las a paradigmas ideológicos ou partidários ― como fazem diversos blogueiros e até profissionais da imprensa ― vai uma longa distância. Dito isso, passemos ao assunto do dia.

A condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro eram favas contadas, e já foi devidamente comentada em postagens anteriores (para ler a sentença, clique aqui, mas tenha em mente que a peça tem mais de 200 páginas). Igualmente esperada era a interposição de recurso pela defesa do ex-presidente (aliás, o MPF deve recorrer da decisão, notadamente porque Lula foi absolvido das “imputações de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial por falta de prova suficiente da materialidade”). Antes de apelar para o TRF4, no entanto, os advogados de sua insolência ingressaram com embargos de declaração, supostamente para esclarecer “dez omissões” na sentença ― só que o documento de 67 páginas detalhou apenas 9, mas até aí morreu o Neves.

Moro acolheu o recurso, deu suas explicações, repetiu nove vezes que não houve omissão, obscuridade ou contradição no ponto e concluiu: “Quanto aos embargos de declaração da defesa, inexistem omissões, obscuridades ou contradições na sentença, devendo a defesa apresentar os seus argumentos de impugnação da sentença em eventual apelação e não em incabíveis embargos. Embora ausentes omissões, obscuridades ou contradições na sentença, recebo os embargos para os esclarecimentos”.

Observação: Vale esclarecer que, a despeito do que foi amplamente divulgado logo após a publicação da sentença, Lula ficará inelegível por 7 anos, e não por 19, já que o magistrado lhe impôs essa pena pelo dobro do tempo da condenação referente ao crime de lavagem de dinheiro (3 anos e 6 meses), e não pelo dobro do total da pena, que envolveu também o crime de corrupção passiva e totalizou 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado.

Os recursos de apelação ― tanto do réu quanto da acusação ― serão julgados pela 8ª Turma do TRF4, em Porto Alegre, cujo histórico na Lava-Jato é amplamente desfavorável aos réus. Das 40 condenações proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba e já julgadas em segunda instância, apenas cinco foram revertidas. Em 15 casos, as penas foram aumentadas em 116 anos de prisão. Na média, os recursos foram julgados um ano e quatro meses após a decisão original, mas a estimativa do presidente do Tribunal, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, é de que, no caso em assunto, a 8ª Turma se pronuncie até agosto de 2018 ― antes das eleições, portanto. Isso é de importância fundamental porque, uma vez confirmada a sentença, Lula estará sujeito à “Lei da Ficha Limpa” e não poderá concorrer à presidência da República no pleito do ano que vem. No entanto, o desembargador salientou que "não haverá nenhum privilégio" para acelerar o andamento do processo no TRF4.

Embora pudesse ter pedido a prisão preventiva de Lula e entendesse que não faltavam razões para fazê-lo ― tais como “iniciativas inapropriadas” do ex-presidente para intimidá-lo e também intimidar policiais federais, procuradores e jornalistas, além de tentativas de destruição de provas ―, o juiz Moro ponderou que a prisão cautelar de um ex-presidente da República “não deixa de envolver certos traumas, e a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extraírem as consequências próprias da condenação”. A pergunta é: o que acontecerá se o TRF4 demorar para julgar o caso e Lula tiver tempo de registrar sua candidatura? A resposta é: só Deus sabe. Vejamos isso melhor:

Segundo o entendimento atual do STF, a condenação em segunda instância invalida a presunção de inocência e o réu passa a cumprir a pena, mesmo que recorra a instâncias superiores (no caso, o STJ e o próprio STF). Por outro lado, na hipótese de o STJ acolher um pedido da defesa e suspender liminarmente os efeitos da condenação, aí a porca torce o rabo, pois a situação seria inédita ― ou seja, não existe jurisprudência firmada. No entanto, o entendimento da maioria dos juristas é de que, em advindo a condenação em segunda instância depois que Lula tiver registrado sua candidatura, o registro será cassado. Na hipótese de ele ser eleito e condenado após sua diplomação, a lei prevê que o diploma seja considerado nulo, mas, por se tratar de uma eleição presidencial ― caso em que a Constituição determina a suspensão de qualquer processo que envolva o novo presidente ―, sobrevirá um intenso debate jurídico, pois “nunca antes na história deste país” aconteceu algo parecido e, portanto, não existe jurisprudência formada.

Volto a dizer que seria fundamental o STF se pronunciar o quanto antes sobre uma questão que parece ter caído no esquecimento geral: se a maioria dos ministros já se posicionou no sentido de que réus em ações penais não podem substituir o presidente da República interinamente ― vale lembrar o caso de Renan Calheiros, que foi afastado da linha sucessória presidencial quando se tornou réu por peculato ―, faz sentido um réu condenado, como é caso de Lula, disputar à presidência da República?

Enfim, estamos no Brasil. E viva o povo brasileiro.

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domingo, 16 de abril de 2017

QUOUSQUE TANDEM ABUTERE PATIENTIA NOSTRA?

A patuleia está criando uma nova narrativa vitimista sobre a possibilidade de Lula vir a ser preso como forma de inviabilizar sua candidatura à presidência da República em 2018.

Na versão revista e atualizada, em vez de protestar pela inocência do molusco (que a “Lista de Fachin” brindou com mais alguns inquéritos) e alardear a alegada obsessão do juiz Sergio Moro em persegui-lo ― coisa que ficou ainda mais difícil depois que vídeos das delações de Emílio e Marcelo Odebrecht e outros ex-executivos da empreiteira deixaram boquiabertos até quem tinha certeza da imprestabilidade desse pelego populista ― o que se quer agora é avaliar é o grau da democracia tupiniquim pela permissão, ou não, de Lula ser candidato.

Em sua coluna no Globo, o jornalista Merval Pereira comenta que o cientista político André Singer, ex-porta-voz de Lula entre 2003 e 2007, afirmou que “(...) caso Lula possa candidatar-se, a recomposição do tecido democrático esgarçado pelo golpe parlamentar ganha densidade. Na hipótese contrária, a instabilidade tende a se prolongar, abrindo caminho para saídas autoritárias”.

Essa instabilidade não se dará por uma convulsão social a favor de Lula, mas simplesmente por que “eleições presidenciais livres e justas” não teriam sido realizadas, e estaríamos caminhando para um governo autoritário. O que define a legalidade da próxima eleição, na opinião de Singer, é a aceitação pelo Tribunal Superior Eleitoral da candidatura de Lula. Diz ele: “(...) Não importa, portanto, que Lula ganhe, e sim que consiga concorrer em igualdade de condições. Estaria, assim, garantida a chance de alternância de poder, elemento indispensável do processo democrático”. Daí se depreende que, na visão de Singer, somente a presença de Lula na cédula em 2018 garantiria a alternância de poder.

Se o PT não tem condições de apresentar um candidato competitivo que não seja Lula, é por que não se estruturou em torno de lideranças, mas depende do líder carismático que não deixou grama nascer em seu entorno. Além de o mensalão e o petrolão terem barrado todos os potenciais sucessores na hierarquia partidária, inviabilizados pela prisão ou por sérias denúncias, Lula escolheu uma inexpressiva ministra para ser sua candidata ― e deu com os burros n’água, por incompetência de Dilma e pelas questões morais que estão sendo reveladas pelas investigações da Operação Lava-Jato. E se não puder concorrer, vai ter que convencer seu eleitorado de que uma nova indicação sua não será tão desastrosa quanto aquela.

Difícil acreditar no vaticínio do jurista Nelson Jobim, ex-ministro de Lula e Dilma (além de FHC) de que, preso, Lula elege qualquer um em seu lugar. Pelo menos Singer não acredita nisso. Reflexo da decadência do partido diante da opinião pública, o PT teve uma participação pífia nas eleições municipais, ficando em décimo lugar entre os que mais elegeram vereadores.

No mesmo sábado em que André Singer publicou seu artigo, Dilma repetiu a mesma asnice numa palestra em seminário organizado por alunos brasileiros da universidade Harvard, em Boston: impedir que Lula seja candidato seria “mudar as regras do jogo democrático” no Brasil. Disse ela: “Me preocupa muito que prendam o Lula. Me preocupa que tirem o Lula da parada”. E ainda acrescentou: “Não acho que o Lula tem de ganhar ou perder. Eu acho que ele tem de concorrer. (...) Deixa ele concorrer, para ver se ele não ganha”.

Além de dizer que as questões jurídicas envolvendo “a pessoa física” do ex-mandatário não entram nas suas análises, Singer chega ao cúmulo de comparar a situação de Lula à de Juscelino Kubitschek após o golpe de 1964, quando “os militares, por verem JK como a volta do populismo, cancelaram a eleição presidencial direta por um quarto de século”. Não leva em conta que estamos em uma democracia, e em 1964 entrávamos em uma ditadura militar. Mas seu raciocínio político é que só provaremos que estamos em uma democracia se Lula for absolvido na Justiça e puder disputar as eleições. Outra variável que ele despreza é que as “questões jurídicas” não envolvem apenas a pessoa física de Lula, mas todo um esquema de financiamento através de propina do PT e seus aliados naquele momento histórico. Se for absolvido, ou se o julgamento em segunda instância não acontecer dentro dos prazos legais, permitindo que seja candidato, Lula sairá em campanha buscando provar que continua sendo o líder mais popular do país.

Como qualquer cidadão, Lula terá de enfrentar uma bateria de acusações durante a campanha, e precisará ter boas respostas. Se for condenado em segunda instância, como qualquer cidadão brasileiro, estará inelegível, e irá para a cadeia, de onde poderá continuar recorrendo. É por esses parâmetros legais que deve ser avaliada nossa democracia.

BOA PÁSCOA A TODOS.

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