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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O SISTEMA BINÁRIO E A ÁLGEBRA BOOLEANA

O ESPERANTO É A LÍNGUA UNIVERSAL QUE NÃO SE FALA EM LUGAR NENHUM.

Computadores só entendem linguagem de máquina: mesmo quando trabalhamos com textos, figuras, músicas, vídeos, animações e comandos operacionais, eles manipulam e processam os dados na forma de zeros e uns (para mais detalhes, clique aqui e aqui).

O sistema binário (que é a base para a Álgebra Booleana) opera com apenas dois algarismos (0 e 1), embora seja possível codificar qualquer valor decimal dividindo-o sucessivamente por dois, marcando zero quando o resultado for exato e um se sobrar resto e, ao final, lendo esses zeros e uns de trás para diante, como se vê na figura acima, onde o decimal 45 resulta no binário 101101 (para saber mais, clique aqui).

Observação: Se você tem interesse nesse tema, não deixe de ler os artigos sobre Lógica Digital e Álgebra Booleana de Benito Piropo – um dos mais respeitados colunistas de informática do Brasil –, começando por este aqui. Se não for a sua praia, as considerações a seguir e as informações adicionais para as quais remetem os links que eu incluí no texto são suficientes para dar uma ideia elementar.

A Lógica Digital se baseia em operações onde VERDADEIRO e FALSO são os únicos valores possíveis, de modo que, para tomar decisões, o computador simplesmente gera equações lógicas e as resolve com auxílio das operações NOT, AND, OR, NAND, NOR e XOR. Para facilitar a compreensão, vou simplificar um exemplo usado pelo Mestre Piropo, no artigo cuja leitura eu sugeri linhas atrás:

Imagine que você resolve ir à praia, mas somente no caso de não chover. Então, a decisão (ir à praia) depende da condição (estar chovendo), o que resulta na equação lógica (vou à praia) = [NOT (estar chovendo)], onde o valor da condição (estar chovendo) pode ser verdadeiro ou falso. Se não chover, teremos (Está chovendo) = (FALSO), portanto [NOT (está chovendo)] = [NOT (FALSO)] = VERDADEIRO, e o resultado será (vou à praia) = VERDADEIRO (decisões mais complexas dependem da combinação de valores de duas ou mais condições, mas isso já é outra conversa).

O ideal seria seguir discorrendo sobre transistores e a possibilidade de combiná-los para criar dispositivos capazes de emular operações lógicas e tomar decisões, mas isso exigiria detalhar alguns aspectos básicos de eletrônica digital, o que foge aos propósitos e possibilidades desta postagem.

Um bom dia a todos e até a próxima.

A MORTE, A DEMAGOGIA E O PROSELITISMO POLÍTICO

Durante o velório da esposa, no último sábado, Lula proferiu um discurso emocionado, regado a lágrimas. É compreensível. Mesmo que a ex-primeira-dama já tivesse soprado sua 66ª velinha, fosse hipertensa, portadora de um aneurisma, sedentária e fumante, sua morte foi inesperada. Mas o imprevisto costuma ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos. E como a vida segue para quem fica, o show tem de continuar. Mais do que ninguém, o molusco abjeto sabe disso ― e se aproveita disso, como veremos mais adiante.

A imprensa concedeu ampla cobertura à desgraça que se abateu sobre o Clã Lula da Silva. Nas redes sociais, mensagens de solidariedade, pêsames e congêneres dividiram espaço com posts publicados por gente que não morre de amores por Lula, pelo PT ou por dona Marisa. Alguns resvalaram do mau gosto para o grotesco, o que é indesculpável, mas ainda assim compreensível.

Militantes de esquerda em geral e puxa-sacos em particular relembraram a infância pobre da falecida, que estudou somente até a 7ª série, começou a trabalhar aos 9 anos, enviuvou do primeiro marido aos 20, liderou a marcha pela libertação do segundo ― preso durante as greves do ABC no fim da década de 70 e começo da de 80 ―, costurou a primeira bandeira do PT, apoiou o comandante da ORCRIM nas campanhas; enfim, pintaram-na como uma Amélia melhorada, com a inteligência de Marie Curie, a abnegação de Madre Teresa, a têmpera de Margaret Thatcher e a fleuma de Hillary Clinton (no episódio Monica Lewinsky).

Curiosamente, porém, ninguém mencionou que essa “quintessência da virtude” deixou patente ― bem antes de o escândalo do mensalão vir à tona ― a notória incapacidade petista de separar o público do privado, mandando plantar no gramado do Alvorada um canteiro de flores vermelhas no formato da estrela símbolo do partido. Tampouco foi lembrado que ela ― muito convenientemente ― teria “fechado os olhos” (aqui metaforicamente) para o affair do marido com Rosemary Noronha (entendeu agora o que eu quis dizer com a “fleuma de Hillary”?).

Rose ― como a “segunda-dama” era chamada pelos puxa-sacos do sapo barbudo ― foi apresentada ao então líder sindical Lula pelo “cumpanhêro” José Dirceu. O “caso” teria começado na década de 90, mas só viria a público em 2012, quando a PF deflagrou a Operação Porto Seguro. Nesse entretempo, a moçoila acompanhou “O Chefe” ― ou “Deus”, como costumava se referir ao então presidente ― em pelo menos 32 viagens oficiais. Seu nome não constava do manifesto de voo e o casal não compartilhava a mesma suíte, naturalmente, mas ela ficava nos melhores hotéis, comia do bom e do melhor em restaurantes estrelados e, segundo Leo Pinheiro, recebia R$ 50 mil por mês da OAS (também a pedido do petista, o empreiteiro incluiu o marido da figura na folha de pagamento da empresa).

Quando a história ganhou notoriedade, o repórter Thiago Herdy e o jornal O Globo entraram na Justiça com um pedido de quebra do sigilo dos gastos de Rose no cartão corporativo da Presidência, mas o STJ empurrou a coisa com a barriga. Em 2014, quando o movimento “Volta, Lula” ganhou corpo, Dilma ― que “fez o diabo” para se reeleger ― ameaçou divulgar as despesas da concubina real, levando o petralha a recuar.

Observação: Segundo o jornalista Cláudio Humberto, do site Diário do Poder, os gastos com cartões corporativos no período de 2003 a 2015 somaram R$ 615 milhões (mais de R$ 51 milhões por ano), enquanto que, no último ano do governo FHC, a conta foi de “apenas” R$ 3 milhões. A farra chegou a tal ponto que um alto funcionário do Ministério das Comunicações chegou a pagar duas mesas de sinuca com o cartão corporativo, que também foi usado por seguranças da “primeira-família”, em SBC, para pagar equipamentos de musculação e materiais de construção para Lurian, filha de Lula.

Em setembro de 2013, o jornalista Augusto Nunes publicou em sua coluna: 

"Neste sábado, Lula completará 288 dias de silêncio sobre o escândalo que protagonizou ao lado de Rosemary Noronha. Ele parece ainda acreditar que o Brasil acabará esquecendo as bandalheiras que reduziram a esconderijo de quadrilheiros o escritório da Presidência da República em São Paulo. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, a edição de VEJA tratará de reiterar que a memória da imprensa independente não é tão leviana. As revelações contidas nas quatro páginas tornarão mais encorpada e mais cinzenta a pilha de perguntas em busca de resposta. Por exemplo: quem está bancando os honorários do oneroso exército de advogados incumbido de livrar de punições judiciais a vigarista de estimação do ex-presidente? Num depoimento à Polícia Federal, Rose não conseguiu explicar como comprou o muito que tem com o pouco que ganha. De onde vem o dinheiro consumido pela tropa de bacharéis que cobram em dólares americanos? Lula sabe”. Segue um excerto da matéria: A discrição nunca foi uma característica da personalidade de Rosemary Noronha. Quando servia ao ex-presidente em Brasília, ela era temida. Em nome da intimidade com o “chefe”, fazia valer suas vontades mesmo que isso significasse afrontar superiores ou humilhar subordinados. Nos eventos palacianos, a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes colecionou tantos inimigos — a primeira-da­ma não a suportava — que acabou sendo transferida para São Paulo. Mas caiu para cima. Encarregada de comandar o gabinete de Lula de 2009 a 2012, Rose viveu dias de soberana e reinou até ser apanhada pela Polícia Federal ajudando uma quadrilha que vendia facilidades no governo. Ela usava a intimidade que tinha com Lula para abrir as portas de gabinetes restritos na Esplanada. Em troca, recebia pequenos agrados, inclusive em dinheiro. Foi demitida, banida do serviço público e indiciada por crimes de formação de quadrilha e corrupção. Um ano e meio após esse turbilhão de desgraças, no entanto, a fase ruim parece ter ficado no passado. Para que isso acontecesse, porém, Rosemary chegou ao extremo de ameaçar envolver o governo no escândalo."

Voltemos ao discurso emocionado de Lula no velório da esposa. Ao se referir à investigação contra eles no âmbito Lava-Jato, sua insolência disse que ambos foram vítimas de injustiça, que a esposa morreu “triste com a maldade que fizeram com ela”, e que espera que “os facínoras que fizeram isso com ela um dia peçam desculpas” e blá, blá, blá. Confira um trecho do comício:

Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui, enterrando sua mulher hoje, não tem. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam dizer que as mentiras que estão contando são verdadeiras. Marisa foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; eu e ela nunca brigamos. Marisa nunca pediu um vestido, um anel. Eu vou continuar agradecendo à Marisa até o dia que eu não puder mais agradecer, o dia em que eu morrer. Espero encontrar com ela, com esse mesmo vestido que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e não tinha medo de vermelho quando morre”.

Tocante? Para os sentimentaloides, talvez; para mim, não. E, pelo visto, nem para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, para o economista e colunista Rodrigo Constantino, para a jornalista Joice Hasselmann ― que sintetizou de maneira irreprochável, neste vídeo de 6 minutos, o que eu penso da desfaçatez do viúvo que transformou esquife em palanque (e foi aplaudido pelos micos amestrados de costume) ― e tantos outros que leram nas entrelinhas a monstruosidade moral de um safardana nauseabundo, capaz de usar o AVC da mulher para fazer proselitismo político.

Não dá para ter dó de um desqualificado dessa catadura.

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

BITS e BYTES - BASE BINÁRIA, TAMANHO, CAPACIDADE, VELOCIDADE e outras considerações

TODO AMOR É ETERNO. SE NÃO FOR ETERNO, NÃO É AMOR.

Vimos que computadores operam com números binários, que um bit pode representar apenas um de dois estados opostos – aberto/fechado, ligado/desligado, etc. –, que oito bits formam um byte e que essas grandezas são intercambiáveis, embora, por convenção, o bit e seus múltiplos representem velocidades (taxas de transferência) e o byte e seus múltiplos, tamanhos (de arquivos) e capacidades (de dispositivos de memória).

Diferentemente do que ocorre na base decimal – onde 1 Kg corresponde a 1.000 gramas, 1 megagrama (ou tonelada) a 1.000 Kg, e por aí vai –, 1 Kb equivale a 1024 bits, 1 Mb a 1024 Kb, e assim por diante (o mesmo se aplica aos múltiplos do byte). No entanto, por uma questão de conveniência – ou de apelo mercadológico –, os fabricantes de discos rígidos convertem os bytes de seus produtos usando a notação decimal, o que lhes garante ganhos bastante representativos: embora a diferença entre 1.000 e 1024 seja de apenas 2,4%, esse percentual chega a quase 10% quando a capacidade do drive alcança a casa do Terabyte – "lesando" o consumidor em aproximadamente 100 GB (99.511.627.776 bytes, para ser exato).

ObservaçãoDevido à pressão dos fabricantes de HDs, a IEC criou em 2005 um sistema alternativo que introduz o “bi” nos prefixos que remetem a grandezas binárias, dando origem ao kibibyte (KiB = 1024 bytes), ao mebibyte (MiB), ao gibibyte (GiB), ao tebibyte (TiB), ao pebibyte (PiB), ao exbibyte (EiB), ao zebibyte (ZiB) e ao yobibyte (YiB), onde cada qual multiplica por 1024 o valor do seu predecessor. A rigor, isso apenas nos deixa com dois padrões de medida conflitantes, cada qual com seus defensores, detratores e aplicações não raro tendenciosas.

Guardadas as devidas proporções, o que foi dito aqui se aplica também a grandezas como largura de bandataxas de download e de upload. Para entender melhor, quando você contrata um pacote de banda larga de "1 Mega", por exemplo, sua velocidade de navegação teórica é de 1 Mb/s (megabit por segundo), mas sua taxa de download (expressa em quilobits por segundo) é de 128 KB/s – como vimos, 1 Mb equivale a 1024 bits, e como 1 byte corresponde a 8 bits, é preciso dividir 1024 por 8 

O bit é usado ainda para referenciar o "tamanho das palavras" processadas pelo computador – ou melhor, da sequência de bits de tamanho fixo que a CPU e o sistema operaciona são capazes de manipular. O Seven popularizou as versões de 64 bits do Windows, cuja principal vantagem é gerenciar muito mais memória RAM do qua as versões de 32 bits (8 GB na HB e 16 GB na HP contra 192 GB nas edições Professional, Enterprise e Ultimate). Isso já foi abordado aqui no Blog, de modo que você pode obter mais detalhes usando o campo de buscas da nossa homepage.

Muitas operadoras fazem as conversões usando a notação decimal, o que reduz ainda mais as velocidades reais. Demais disso, muitos consumidores acreditam que os valores estejam expressos em megabytes, quando na verdade a grandeza usada é o megabit, o que os torna oito vezes menores, pois, como vimos, o bit corresponde a 1/8 do byte. Considerando ainda que uma vasta gama de fatores pode reduzir a velocidade de navegação (tais como congestionamento da rede em horários de pico, lentidão nos servidores que hospedam as páginas que você deseja acessar, degradação do sinal distribuído pelo seu roteador wireless, etc.), a coisa até que melhorou um bocado.

Outra confusão bastante comum se dá com os pacotes de dados limitados oferecidos pelos serviços de banda larga móvel das operadoras de telefonia celular. Nesses casos, um plano de 1 Giga, por exemplo, não referencia a velocidade, mas a quantidade mensal de dados que o usuário poderá baixar antes de ser tarifado pelo tráfego excedente ou ter a velocidade reduzida até o fechamento da fatura. Leia bem o contrato e esclareça todas as dúvidas com a turma do suporte de sua operadora.

Amanhã a gente conclui.