O que diferencia objetos quentes dos frios é agitação de suas moléculas. Em um motor a vapor quente, as moléculas de água colidem umas contra as outras muito rapidamente, mas ficam menos agitadas quando se condensam sobre uma vidraça. Uma bola pode rolar montanha abaixo ou ser chutada de volta para o pico, mas o calor não pode fluir do frio para o quente. Na escala molecular, o fenômeno que produz calor é simétrico no tempo — ou seja, quando uma molécula de água colide e ricocheteia em outra, a flecha do tempo desaparece.
A flecha que avança do passado para o futuro surge somente quando nos afastamos do mundo microscópico em direção ao macroscópico — ou seja, ela tem a ver com o fato de olharmos para as coisas grandes e ignorar os detalhes. Isso não significa que o mundo seja fundamentalmente orientado no espaço e no tempo, mas que, quando olhamos à nossa volta, vemos a direção na qual os objetos do dia a dia (com tamanho médio) têm mais entropia, como a fruta madura que cai da árvore.
Por estar indissociavelmente ligada à direção do tempo, a entropia é a única lei da física com forte direcionalidade temporal que perde essa característica quando se fecha o foco em coisas muito pequenas. A entropia de um cubo de gelo aumenta conforme ele é aquecido, pois suas moléculas, originalmente reunidas e ordenadas, movimentam-se com mais liberdade quando ele derrete e se transforma em água líquida, e mais ainda quando a água ferve, transformando-se em vapor.
Continua...