Quem foi Marcelo Odebrecht? O mandachuva do país durante o reinado do PT? O chefe de uma sofisticada organização
criminosa? Ou o “bobo da corte” afinal preso e forçado a delatar?
E Lula, quem foi? O primeiro operário a chegar ao poder? O maior
líder popular da História? Ou o presidente que fez da corrupção uma política de
Estado?
Marcelo será esquecido. Luiz
Inácio Odebrecht da Silva, jamais.
Em dezembro de 1989, poucos dias
após a eleição do presidente Fernando
Collor de Melo, o deputado Ulysses Guimarães, ex-condestável do novo
regime, almoçava no restaurante Piantella, em Brasília, quando entrou a cantora
Fafá de Belém, amiga de Lula.
― Como vai Lula? ― perguntou Ulysses.
Fafá, que passara ao lado dele o
domingo da sua derrota para Collor,
respondeu:
― Lula ficou muito chateado, mas começamos a beber e a comer, os
meninos foram para a piscina e ele acabou relaxando. Ulysses quis saber:
― Tem piscina na casa de Lula?
― Tem, mas a casa é de um compadre
dele, o advogado Roberto Teixeira.
Ulysses calou-se. Depois comentou com amigos:
― O mal de Lula é que ele parece gostar de viver de obséquios.
Na mosca! Lula viveu de obséquios. Vive. O dinheiro não o atrai. A rotina da
política, tampouco. O conforto e as facilidades, sim. Terceiriza a missão de
obtê-las. O poder sempre o fascinou. E para conquistá-lo e mantê-lo, mandou às
favas todos os escrúpulos que não tinha. Os que o cercam em nada se
surpreenderam com a figura que emerge das delações dos executivos da Odebrecht.
É um pragmático, oportunista, que se revelou um farsante. Emilio, o patriarca dos Odebrecht,
decifrou Lula muito antes de ele
subir a rampa do Palácio do Planalto. Conquistou-o com conselhos e dinheiro. Perdeu
nas vezes em que ele foi derrotado. Recuperou o que perdeu e saiu com os bolsos
estufados quando Lula e Dilma governaram. Chamava-o de “chefe”.
Emílio era o chefe.
Nos oito anos da presidência do
ex-operário que detestava macacão e sonhava com gravatas caras, o país conviveu
com o Lula que pensava conhecer e,
sem o saber, também com Luiz Inácio
Odebrecht da Silva, só conhecido por Emílio
e alguns poucos. “Cuide do meu filho”, um dia Lula pediu a Emílio. Que
retrucou: “Cuide do meu também”. Emílio
cuidou de Fábio. Lula, de Marcelo.
De Lula cuidaram Emílio e Marcelo, reservando-lhe uma montanha de
dinheiro em conta especial para satisfazer-lhe todas as vontades. Lula retribuiu com decisões
governamentais que fizeram a Odebrecht
crescer muito mais do que a Microsoft
em certo período. A Odebrecht pagou a Lula,
e Lula pagou a Odebrecht, com a mesma moeda – recursos públicos. Quem perdeu com
isso?
A Odebrecht ganhou mais dinheiro à custa de Lula do que ele à custa dela, mas Lula foi mais esperto. Criou seu próprio banco, administrado pela
empreiteira. E quando precisava sacar, outros o faziam em seu nome. Imagina não
ter deixado impressões digitais nas negociatas em que se meteu. A polícia já
identificou muitas. E outras serão identificadas antes do seu depoimento em
Curitiba.
Corrupção mata. Mata sonhos,
esperanças, alucinações. Mata o passado, o presente e compromete o futuro. Mata
também de morte morrida à falta de saneamento, hospitais, escolas, segurança
pública. A impunidade mata tanto ou mais.
A hora e a vez são da Justiça. E
ela será julgada pelo que fizer ou deixar de fazer.
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