NA POLÍTICA, O QUE ERA HORROROSO VEM FICANDO APAVORANTE.
Antes de prosseguir do ponto onde interrompemos nossa conversa no capítulo anterior, faço uma rápida contextualização: depois que romperam a parceria (detalhes no post do dia 23), a IBM e a Microsoft continuaram buscando maneiras de contornar as limitações do DOS. A Gigante dos Computadores apostou na arquitetura fechada e no sistema proprietário PS/2, mas os demais fabricantes de PC seguiram o exemplo da Compaq e optaram pela arquitetura aberta, o que foi sopa no mel para a Microsoft, dona dos direitos de licenciamento do MS-DOS.
O sucesso do Win 3.1 abriu caminho para a “empresa de garagem” de Gates e Allen se tornar a Gigante do Software, o que se confirmou com o lançamento do Win
95, que foi considerado “o pulo do gato” da Microsoft. Isso porque foi nessa versão que o que até então era uma interface gráfica passou a ser um sistema operacional quase autônomo. Quase, pois, como vimos, o cordão umbilical com o DOS
só seria cortado no Win XP, baseado
no kernel do Windows NT (que seria
lançado no final de 2001, depois do estrondoso fiasco do Windows Millennium Edition). Na sequência, o Win 98 desancou de vez o OS/2 WARP da IBM, e assim a Microsoft foi construindo, milhão a milhão, o patrimônio multibilionário
de seus fundadores.
O MS-DOS teve seis versões recebeu outras tantas atualizações até finalmente deixar de ser comercializado na modalidade “stand alone”, mas o Windows continuou a integrar um interpretador de linha de comando nativo. O command.com, presente nas versões 3.x e 9x/ME, foi substituído pelo cmd.exe (padrão do Windows NT) na versão XP e posteriores, e a partir do Win 8.1 o PowerShell se tornou o interpretador padrão do sistema, embora a Microsoft não tenha suprimido o velho prompt — numa analogia primária, mas adequada aos propósitos desta abordagem, pode-se dizer que o PowerShell está para o Prompt de Comando assim como o MS-Word para o Bloco de Notas.
Recorrer a comandos
de prompt, atualmente, só mesmo em situações excepcionais, como em tarefas
de manutenção que não podem ser executadas com o Windows carregado, já que, graças à interface gráfica (sobre a qual
já dedicamos alguns parágrafos ao longo desta sequência), quase ninguém hoje em
dia sabe que existe ou para que serve um interpretador
de linha de comando.
A GUI (sigla
de Interface Gráfica do Usuário) foi
idealizada muito antes da tecnologia que lhe agregaria utilidade prática. Inspirado
pelo trabalho de um visionário chamado Vannevar
Bush, o engenheiro Douglas Engelbart
vislumbrou a possibilidade de usar computadores com informações dispostas em
uma tela — na qual o usuário poderia se organizar de maneira gráfica e “pular”
de uma informação para outra — para “ampliar” o intelecto humano.
Observação: Note
que isso se deu no início dos anos 1960, quando até mesmo interfaces em modo
texto, com comandos sendo executados em tempo real, eram consideradas “coisas de
outro mundo”, pois os mainframes da época eram operados com cartões perfurados —
como os da loteria
esportiva dos anos 1970 (dos quais a maioria dos leitores não deve
estar lembrada, e isso se os conheceu —, que demoravam horas para entregar o
resultado do processamento.
Continua no próximo capítulo.