segunda-feira, 27 de julho de 2020

ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL — CAPÍTULO QUATRO

NA POLÍTICA, O QUE ERA HORROROSO VEM FICANDO APAVORANTE.

Antes de prosseguir do ponto onde interrompemos nossa conversa no capítulo anterior, faço uma rápida contextualização: depois que romperam a parceria (detalhes no post do dia 23), a IBM e a Microsoft continuaram buscando maneiras de contornar as limitações do DOS. A Gigante dos Computadores apostou na arquitetura fechada e no sistema proprietário PS/2, mas os demais fabricantes de PC seguiram o exemplo da Compaq e optaram pela arquitetura aberta, o que foi sopa no mel para a Microsoft, dona dos direitos de licenciamento do MS-DOS.  

O sucesso do Win 3.1 abriu caminho para a “empresa de garagem” de Gates e Allen se tornar a Gigante do Software, o que se confirmou com o lançamento do Win 95, que foi considerado “o pulo do gato” da Microsoft. Isso porque foi nessa versão que o que até então era uma interface gráfica passou a ser um sistema operacional quase autônomo. Quase, pois, como vimos, o cordão umbilical com o DOS só seria cortado no Win XP, baseado no kernel do Windows NT (que seria lançado no final de 2001, depois do estrondoso fiasco do Windows Millennium Edition). Na sequência, o Win 98 desancou de vez o OS/2 WARP da IBM, e assim a Microsoft foi construindo, milhão a milhão, o patrimônio multibilionário de seus fundadores.

O MS-DOS teve seis versões recebeu outras tantas atualizações até finalmente deixar de ser comercializado na modalidade “stand alone”, mas o Windows continuou a integrar um interpretador de linha de comando nativo. O command.com, presente nas versões 3.x e 9x/ME, foi substituído pelo cmd.exe (padrão do Windows NT) na versão XP e posteriores, e a partir do Win 8.1 PowerShell se tornou o interpretador padrão do sistema, embora a Microsoft não tenha suprimido o velho prompt — numa analogia primária, mas adequada aos propósitos desta abordagem, pode-se dizer que o PowerShell está para o Prompt de Comando assim como o MS-Word para o Bloco de Notas.

Recorrer a comandos de prompt, atualmente, só mesmo em situações excepcionais, como em tarefas de manutenção que não podem ser executadas com o Windows carregado, já que, graças à interface gráfica (sobre a qual já dedicamos alguns parágrafos ao longo desta sequência), quase ninguém hoje em dia sabe que existe ou para que serve um interpretador de linha de comando.

A GUI (sigla de Interface Gráfica do Usuário) foi idealizada muito antes da tecnologia que lhe agregaria utilidade prática. Inspirado pelo trabalho de um visionário chamado Vannevar Bush, o engenheiro Douglas Engelbart vislumbrou a possibilidade de usar computadores com informações dispostas em uma tela — na qual o usuário poderia se organizar de maneira gráfica e “pular” de uma informação para outra — para “ampliar” o intelecto humano.

Observação: Note que isso se deu no início dos anos 1960, quando até mesmo interfaces em modo texto, com comandos sendo executados em tempo real, eram consideradas “coisas de outro mundo”, pois os mainframes da época eram operados com cartões perfurados — como os da loteria esportiva dos anos 1970 (dos quais a maioria dos leitores não deve estar lembrada, e isso se os conheceu —, que demoravam horas para entregar o resultado do processamento.

Continua no próximo capítulo.