O Brasil está fedendo com a desenvoltura dos maus, pois os canalhas descobriram que ninguém os pode deter e, como ratos, tiraram seus disfarces ou saíram de seus esconderijos, eriçando com orgulho sua suja pelagem, diz Carlos Fernando dos Santos Lima em sua coluna na revista eletrônica Crusoé.
Alguns jornais embarcam felizes em campanhas de comunicação
difamatórias contra a Lava-Jato,
requentando material ilícito, sem qualquer comprovação de veracidade, picotando
supostas conversas para satisfazer o seu interesse político a favor de Lula”, afirma, ainda, o jornalista, que
adverte: O Conselho Nacional do
Ministério Público avança na perseguição contra Deltan Dallagnol, numa vingança planejada por Renan Calheiros e seus asseclas, buscando tornar sua punição um
exemplo para calar definitivamente o Ministério
Público; e órgãos do estado como a Abin
e a Polícia Federal são aparelhados para satisfazer interesses políticos e
familiares do presidente da República.
Até quando Bolsonaro incentivará a morte de tantos
brasileiros apenas para fazer política e satisfazer sua ignorância e a da horda
que o apoia? Por quanto tempo suportaremos a louca escalada de nossos políticos
na destruição das leis e da ética para se apropriarem do poder, do dinheiro e
dos bens públicos? A que extremos alguns ministros do STF chegarão para defender o status quo da qual se
originaram? Considerando a audácia de nossas “elites” políticas, será que Nelson
Rodrigues estava certo em dizer que o “mundo
estaria salvo se os homens de bem tivessem a mesma ousadia dos canalhas”?
Aquilo que era para
evitar o abuso do poder, como o sistema de freios e contrapesos previstos na
Constituição, transformou-se em um arremedo, uma farsa, pois Jair Bolsonaro comprou a presidência da Câmara para Arthur Lira, que, por sua vez, impede
qualquer processo de impeachment contra o próprio presidente, assim como o Senado faz com as denúncias contra
ministros do Supremo, os quais,
convenientemente, arquivam acusações substanciais de corrupção. O sistema que
prevalece hoje não é mais aquele da Constituição, mas, sinteticamente o de “uma mão lava a outra e as duas lavam a bunda”.
Enquanto isso,
alguns jornais embarcam felizes em campanhas de comunicação difamatórias contra
a Lava-Jato, requentando material ilícito,
sem qualquer comprovação de veracidade, picotando supostas conversas para
satisfazer o seu interesse político a favor de Lula. Ao mesmo tempo o CNMP
avança na perseguição contra Deltan
Dallagnol, numa vingança planejada por Renan
Calheiros e seus asseclas, buscando tornar sua punição um exemplo para calar
definitivamente o Ministério Público;
e órgãos do estado como a Abin e a PF são aparelhados para satisfazer
interesses políticos e familiares do presidente da República. Completando todo
este enredo, o TCU pede acesso às
mensagens roubadas para investigar o ex-juiz Sergio Moro, como se uma corte de
contas tivesse competência para julgar atos de natureza jurisdicional.
Não bastasse a sanha
persecutória contra pessoas ligadas ao combate à corrupção, especialmente
contra aqueles que participaram da Operação
Lava-Jato, agora também esses mesmos roedores alongam suas garras contra pessoas
comuns, usando para isso toda desfaçatez de quem já não se importa mais em
cobrir as pegadas de seus malfeitos. O pedido da Câmara dos Deputados para que
o STF prenda o comediante e
apresentador Danilo Gentili por ter
dito que a população deveria socar deputados por causa da PEC da Impunidade é algo completamente inconstitucional, pois
aquele tribunal não tem qualquer competência para analisar condutas de particulares,
mesmo que ilícitas ou criminosas. Goste-se ou não da sugestão de Gentili, só a ideia de que podemos
calar pessoas comuns passando por cima das leis já demonstra o grau de
deslegitimação e ignorância de nossa classe política.
Não fosse somente a
ética, coisa que nunca foi exatamente uma real preocupação de nossa classe
política, estamos regredindo também em todos os indicadores de progresso, sejam
eles legais, sociais e econômicos. Enfrentamos um ataque às leis que impedem
que o estado seja apenas o butim de interesses privados, de piratas políticos
profissionais e de grupos econômicos incapazes de viver em um ambiente de livre
mercado. Os limites impostos pela Lei da
Ficha-Limpa, pela Lei de
Responsabilidade Fiscal e pela Lei
de Improbidade Administrativa estão na mira do destrutivo avanço da
rataria, que deseja a volta da livre corrupção do governo Lula, daquele propinoduto sistematizado, contabilizado e organizado
que resultou em bilhões de prejuízos para o bolso dos brasileiros, uma vez que
o estado é uma ficção que se sustenta com nosso suor e trabalho.
Na economia não é
diferente, pois a promessa de um estado menor feita por Bolsonaro sempre foi uma falácia. Ele é um mau político de origem sindical,
um militar que deixou Exército pela porta dos fundos, alguém acostumado a viver
como um chupim do setor público. Para ele nunca houve nenhuma bandeira real de
campanha salvo a de si mesmo e a da família. Aproveitou-se da Operação Lava-Jato para se dizer
mentirosamente contra a corrupção, bem como, para agradar a uma parcela da
população, abraçou falsamente um ideário liberal. Por tudo, Bolsonaro é apenas um oportunista consumado.
Entretanto, ao contrário dos deslizes éticos e legais de nossa elite, em
relação aos quais o nosso sistema é incapaz de fazer justiça, a economia pune
os erros de modo inexorável. E é o que estamos vivendo.
Imagine-se seguindo
uma receita dia após dia sempre com o mesmo resultado errado. E no dia
seguinte, mesmo com tudo e todos apontando seu erro, você prefere novamente
seguir o mesmo desacerto na esperança mágica de que o resultado será diferente.
O que me parece um pesadelo é, para muitos, inclusive nosso presidente, o
pensamento mágico de que tudo vai dar certo mesmo se cometermos os mesmos erros
do passado. Basta, acreditam eles, desejarem que as coisas sejam diferentes e,
“voilà“, tudo se realiza como num truque de circo. Só que não, pois a
realidade, especialmente na economia, não se conforma à vontade. Erros nunca se
transformarão em acertos só porque são feitos por Lula, Dilma ou Bolsonaro.
Assim é o caso
recente da Petrobras. Após os escândalos de corrupção desvendados pela Lava-Jato no interior da estatal — e
não somente dela, diga-se — e as seguidas intervenções equivocadas da então presidente
Dilma, a nossa companhia de petróleo
encontrava-se no caminho do saneamento financeiro. Uma política saudável de
preços, como em qualquer caso de commodities, é regulada pelo mercado.
Entretanto, em uma situação de descalabro econômico que resulta em um dólar
valendo mais de R$ 5,50, em meio a uma epidemia mortal em que o governo federal
age de modo criminosamente omisso, não há como segurar o valor dos derivados do
petróleo sem sangrar a empresa. Já vimos isso com Dilma, sem bons resultados, e vemos agora com Bolsonaro. Ambos, com raso entendimento econômico, só poderiam
levar ao desastre. E em economia, como na saúde pública, o desastre vem.
O povo francês
revoltou-se contra a falta de pão e liberdade. O povo americano revoltou-se
contra a opressão e a tirania. Mas nós, brasileiros, que, como povo, temos o
direito inalienável de nos revoltar, agimos como gado indo para o abate. Com
certeza os grupos que apoiam Bolsonaro,
de um lado, e Lula, do outro,
desejam a manutenção dessa situação, pois se apoiam uns nos outros para se
manterem politicamente vivos. Só há uma saída: revoltarmo-nos como em 2013, forçando
a rataria a voltar, amedrontada, para dentro de suas tocas.
Precisamos
reconstruir um espaço público de sensatez, de diálogo e de consenso mínimo
entre as pessoas de boa vontade, que são a maioria — infelizmente silenciosa.
Precisamos de candidatos com capacidade de tomar decisões difíceis e
impopulares, mas necessárias. Precisamos reestruturar nossas leis para que
punam, com cadeia e perda dos direitos políticos, todos os corruptos e ladrões
que infestam os palácios.
Precisamos restabelecer
a autonomia das instituições, livrando-as da influência do poder econômico.
Seja quem for o candidato que tenha a audácia de defender o certo e o bom
senso, não importa se de centro-direita ou centro-esquerda, e que tenha a
ousadia de se contrapor vitoriosamente a Lula
e Bolsonaro, já estaremos, então,
melhor do que estamos hoje.