O ideal seria ligarmos o computador e ele responder
prontamente, como uma lâmpada responde ao comando do interruptor. Mas o mundo
em que vivemos está longe de ser o ideal. Demais disso, é preciso ter em mente
que um sistema computacional é composto por dois subsistemas sistemas distintos
— mas complementares e interdependentes —, que são o hardware (aquilo
que o usuário chuta) e o software (aquilo que ele xinga). E que, a
despeito da evolução tecnológica havida nas últimas décadas, as limitações do pré-histórico BIOS e
do jurássico disco rígido eletromecânico retardam a inicialização do Windows
e impactam negativamente o desempenho global do PC (*).
O hardware é a parte física do
computador (gabinete, teclado, monitor, placa-mãe, placas de expansão, memórias
etc.) e o software, a porção “lógica”, representada pelos programas (sistema
operacional, aplicativos, utilitários etc.). No léxico da informática, “programa” remete
a um conjunto de instruções (em linguagem
de máquina) que descrevem uma tarefa a ser realizada, e pode
referenciar tanto o código
fonte (escrito em linguagem de programação) quanto o executável que o
contém.
Qualquer dispositivo computacional (de mesa, portátil
ou ultraportátil) é comandado por um sistema operacional, que embora seja
essencialmente um programa, destaca-se dos demais por ser o responsável, dentre
outras atribuições, pelo gerenciamento do hardware e do software, por prover a
interface usuário/máquina e por servir como base para a execução dos aplicativos.
Toda vez que ligamos o computador, o BIOS
realiza um autoteste de inicialização (POST, de power on self
test), busca os arquivos de boot (respeitando a sequência
declarada no CMOS Setup),
“carrega” o sistema na memória RAM (não integralmente, ou não
haveria memória que bastasse, mas exibe
a tradicional tela de boas-vindas.
O BIOS é a primeira camada de software do
sistema computacional, ou seja, um programinha de “baixo nível”, como se costuma
dizer, mas sem a conotação pejorativa com que essa expressão costuma ser utilizada.
Ele é gravado pelo fabricante num chip de memória não volátil, que depois é
integrado à placa-mãe.
O CMOS é um componente de hardware composto
por um relógio permanente, uma pequena porção de memória volátil e
uma bateria,
que é responsável por manter essa memória energizada (para que não perca as
informações toda vez que o computador é desligado).
Convencionou-se chamar boot ao processo mediante o qual o BIOS checa as informações armazenadas no CMOS, realiza o POST e, se tudo estiver nos conformes, carrega o Windows e sai de cena, permitindo que o sistema operacional assuma o comando da máquina. Numa tradução direta do inglês, boot significa bota ou botina, mas, no jargão da TI, é sinônimo de inicialização. Essa acepção advém da expressão “pulling oneself up by his own bootstraps” (“içar a si mesmo pelas alças das botinas”), e, por extensão, significa “fazer sozinho algo impossível de ser feito sem ajuda externa”.
Observação: Segundo alguns autores, a adoção desse termo remota ao tempo em que os computadores usavam uma pequena quantidade de código para carregar instruções progressivamente mais complexas, num processo conhecido como bootstrapping.
(*) A exemplo de "focar", "impactar" é um verbo transitivo direto, mas uma confusão — bastante comum, aliás — costuma ocorrer nas construções em que se emprega o substantivo, que requer o complemento preposicionado (assim: focar o afeto, mas [ter] foco no afeto). Além de repelir a preposição (na condição de verbo intransitivo, como em A greve impactou bastante), impactar pode ainda ser transitivo direto (a greve impactou o serviço bancário), mas jamais "transitivo indireto", dependente da preposição "em", sendo errôneas, portanto, as frases: "O estudo impactou no resultado"; "As provas impactaram no julgamento da lide". Por outro lado, aquilo que causa impacto, causa impacto em, donde se admite, com acerto, em locução verbal, as frases: "O estudo causou impacto no resultado"; "As provas causaram impacto no julgamento da lide". Portanto, o erro de regência causa um grande e negativo "impacto".
Continua no próximo capítulo.