segunda-feira, 8 de março de 2021

NÃO FOSSE TRÁGICO, SERIA CÔMICO

 

Após a notícia de que Flávio Bolsonaro comprou uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília, fontes no mercado imobiliário disseram que o imóvel será pago em 3.000 depósitos mensais de R$ 2 mil reais no caixa eletrônico da Alerj. O financiamento de Flávio vai durar 250 anos, mais ou menos o tempo que a Famiglia Bolsonaro espera passar no poder. Ainda de acordo com essas fontes, Flávio teria sido procurado pelo diretor de cinema Tim Burton para ceder sua mansão como locação ao filme A Fantástica Loja de Chocolates. Antes de se mudar para o imóvel, o senador mandou tocar uma obra para aumentar os muros a fim de impedir que Fabrício Queiroz pule (ou entre voando) para se esconder na propriedade. Também está sendo realizada uma obra na parte estrutural, já que a estrutura está cheia de rachadinhas.

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Mais uma reviravolta no show de realidade brasileiro em que todo mundo é muito brother um do outro. Desta vez, os ministros da Quinta Turma do STJSupremo Tribunal do Jair — mostraram que podem ser anjos com quem está no poder e imunizaram o senador Flávio Bolsonaro contra a quebra de sigilo bancário no caso das “rachadinhas”. Flávio seria eliminado com 100% das provas, incluindo 48 depósitos de 2000 reais e dezenove imóveis incompatíveis com o salário de deputado. Mas ele furou a fila da imunização e agora só iria para o paredão se uma nova variante de chefes tomasse conta da PF — algo muito improvável, segundo especialistas. A prova do anjo foi patrocinada pela marca de chocolate de Flávio, mas acabou mesmo em pizza de laranja.

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A nova variante brasileira do coronavírus que surgiu no Amazonas e ganhou o Brasil visitou dezessete estados da federação e foi convidada para ter um programa de viagens no Multishow, que também prevê idas ao exterior. “É um programa que vai contagiar todo mundo”, declarou a nova cepa durante a coletiva de lançamento. O programa tem apoio do governo federal e patrocínio da indústria de hidroxicloroquina. “Queria aproveitar para agradecer o Ministério da Saúde, que está se empenhando em atrasar o programa de vacinação para não atrapalhar minha turnê”, declarou, empolgada, a variante brasileira, que também está sendo cotada para a carreira na teledramaturgia no papel principal da novela Dona Cepa.

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A maneira calorosa com o povo brasileiro acolheu o Sars-CoV-2 levou o vírus a cogitar de fixar residência neste c* de mundo. “Tem gente que vai pra Disney, eu prefiro o Brasil”, disse ele a um amigo. O patógeno adorou a culinária brasileira e passa os dias tomando suquinho de cloroquina, que acha uma delícia, mas talvez mude de ideia quando se der conta de que vai ter de trabalhar espalhando sua carga viral por mais tempo do que imagina, já que, graças à reforma trabalhista aprovada em 2019 apesar de Bolsonaro, sua aposentadoria ainda vai demorar 400 anos.

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Especialistas consultados pelos governadores disseram que a forma mais rápida de salvar o país da Covid seria impedir a circulação de pessoas no Palácio do Planalto. “De preferência trancar tudo durante uma reunião ministerial, cortar todas as comunicações e ficar assim por uns trinta dias”, declarou um infectologista. Mas, enquanto a saúde do país vai para o caos, Eduardo Paes foi visto cantarolando os versos: “Do Leme ao Pontal, não tem lockdown”, e João Doria proibiu a abertura de serviços não essenciais em São Paulo, mas assinou um decreto que deixa as igrejas abertas. Segundo ele, isso permite que os fiéis se encontrem com o Criador mais rapidamente.

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Last, but no least, depois de negligenciar a negociação de vacinas, desdenhar a origem chinesa, tentar vetar a compra por estados e municípios e valorizar remédios inócuos em vez da prevenção, sua excelência o digníssimo senhor Presidente da República deverá baixar um decreto: só poderá tomar o imunizante quem tiver RG terminado em zero e souber cantar o Hino Nacional na língua do pê. De trás pra frente. Pulando num pé só. E a regra será limitada a quem fizer aniversário no dia 29 de fevereiro. Sobre a pandemia, o capitão das trevas disse na semana passada que “não errou uma” — o que não deixa de fazer sentido, até porque ele errou todas. Depois dessa fala, cientistas começaram a estudar se pacientes pós-Covid desenvolvem tendência a alucinações.

Com SENSACIONALISTA.