Partindo da
premissa de que as coisas realmente se passaram dessa forma, faltou ao biógrafo
Divino mencionar os políticos, pois certamente foram eles que criaram o Caos e, mais adiante, potencializaram-no
adicionando à POLÍTICA uma dose
generosa de FANATISMO.
De acordo com o “Chanceler de Ferro” Otto Von Bismarck, “a política é a arte do possível”. No Brasil, no entanto, é
impossível encontrar um político honesto. Primeiro, porque Política
e Honestidade são como vinagre e azeite. Segundo, porque cidadãos
probos e bem-intencionados raramente
chegam ao poder — e quando chegam, ou sucumbem
à corrupção, ou são destruídos pelos
desonestos. Terceiro, porque todo
político tem duas caras: a que ele expõe em público e a que usa quando transita
nos bastidores.
Alianças políticas
são construídas entre aqueles que têm ódios em comum (o inimigo do nosso inimigo não é necessariamente nosso amigo, mas
pode ser um aliado valioso). De acordo com o filósofo francês François-Marie Arouet — mais conhecido
pelo pseudônimo Voltaire — “a política não tem sua fonte na grandeza do espírito humano, mas em sua
perversidade”. Já Nelson Rodrigues dizia que “não há nada mais cretinizante que a paixão política, a única sem
grandeza, a única capaz de imbecilizar o homem” e Sir Winston Churchill, que “a política é quase tão excitante quanto a
guerra, e não menos perigosa, mas a diferença é que na guerra só se morre uma
vez”.
De tudo que há de
pior na política tupiniquim, nada supera os políticos tupiniquins. São eles que
transformam o ato nobre de prezar pelos interesses da comunidade na torpe arte
de enganar a população para atender aos próprios interesses. Ouvi de Mário Sérgio Cortella que “político que se serve em vez de servir é
político que não serve”. Outra epigrama lapidar — cuja autoria eu
desconheço — ensina que “na atual
conjuntura, brigar por política é como ter crise de ciúmes num puteiro”.
Se política e
democracia são duas faces da mesma moeda, não há nada mais antidemocrático do
que a antipolítica. Mas será mesmo? Não custa lembrar que na prática a teoria
costuma ser outra. O Parlamento, que
deveria ser o altar sagrado da política
e a tradução mais sólida da democracia, teve suas entranhas pútridas
expostas no domingo retrasado (18), quando o Fantástico
mostrou como o submundo do crime opera no Congresso
Nacional.
Ricardo Kertzman publicou em sua coluna na ISTOÉ que cerca de 100 deputados
federais, dentre eles José Guimarães,
do PT — cujo assessor foi flagrado
em um aeroporto com dinheiro na cueca — e o troglodita pesselista bolsonarista Daniel Silveira — que cumpre prisão
domiciliar — pleitearam o ressarcimento de despesas com combustível que,
somadas, passam de R$ 30 milhões.
Para embasar os pedidos, suas excelências anexaram notas fiscais eivadas de
irregularidades e claros indícios de falcatrua, como mais de 200 abastecimentos no mesmo dia, ou o tanque de carro popular abastecido com combustível suficiente para encher
a piscina do Palácio da Alvorada — residência oficial do verdugo do
Planalto, cujo primogênito, Flávio
“Rachadinha” Bolsonaro, comprou recentemente, com juros subsidiados por um
banco público, uma luxuosa mansão avaliada em R$ 6 milhões.
Maracutaia em
prestação de contas — notadamente em empresas públicas — remonta aos tempos de D.
Num país em que um
réu se elege presidente da Câmara com o apoio de um presidente da República que
empregava funcionários-fantasmas quando deputado federal, e que tem como amigo
um miliciano que depositava cheques na conta da primeira-dama, coisas assim não
chegam a surpreender. Nosso consolo é que os dias de safadeza dessa turma estão
contados. Ao que tudo indica, as eleições de 2022 culminarão com a troca do devoto da cloroquina por um
ex-presidiário ex-corrupto.
Você acha que não
existe “ex-corrupto”? Então pergunte ao STF.