segunda-feira, 23 de agosto de 2021

MAIS SOBRE (IN)SEGURANÇA DIGITAL

SE ALGO PARECE SUSPEITO, PROVAVELMENTE É.

Costumo dizer que segurança é um hábito e como tal deve ser cultivado. E que o conhecimento, aliado à prevenção, é a nossa melhor arma (quando não a única de que dispomos). Posto isso, interrompo (mais uma vez) a sequência sobre smartphones para abordar algumas questões que reputo importantes, considerando que:

1) Navegar na Web está mais para um safári do que para um bucólico passeio no parque;

2) Essa maldita pandemia aumentou (ainda mais) nossa dependência da Internet;

3) Dia sim, noutro também, usamos o smartphone, o tablet, o notebook (e até o velho desktop) para pagar contas, fazer compras, pedir lanche, pizza, e por aí vai.

E a porca torce o rabo porque:

1) Os cibercriminosos estão sempre um passo adiante das empresas de segurança digital e léguas à frente da esmagadora dos internautas;

2) Quando se trata de segurança no universo virtual, o elemento humano é o elo mais frágil da corrente.

Abundam sites e páginas suspeitas que utilizam os mais variados artifícios para aliciar internautas e coletar informações pessoais, dados bancários, senhas e o que mais possa ser útil aos cibervigaristas de plantão. Para fisgar os mais precavidos, que não dão ouvidos ao canto da sereia, a bandidagem recorre ao phishing e à engenharia social.

Assim sendo, convém redobrar os cuidados ao navegar por águas turvas — mesmo que pareçam mansas, elas podem esconder correntes subterrâneas.

Sites de conteúdo adulto, de jogos online e de "hackers", entre outros, atraem internautas como mel atrai as formigas, e elas só percebem que o tamanduá está atrás da árvore quando já é tarde demais. 

De acordo com uma pesquisa da Netskope, o home office fez aumentar em 600% o acesso a plataformas que oferecem conteúdo pornográfico — sopa no mel para o cibercrime, que se aproveita disso para disseminar links, anúncios e pop-ups maliciosos.

Mutatis mutandis, o mesmo raciocínio vale para sites que oferecem músicas, filmes, games e aplicativos craqueados para download gratuito. Aliás, os cuidados devem ser redobrados quando e se a "oferta" desse tipo de conteúdo chega através de emails, redes sociais, WhatsApp ou é exibido numa janelinha pop-up que aparece "do nada" (desconfie, sobretudo, de mensagens com o logo de um antivírus renomado, a informação de que seu dispositivo está infectado e o indefectível "clique aqui para resolver").

Como não poderia deixar de ser, a popularização do comércio eletrônico chamou a atenção dos golpistas. Em sites autênticos, as condições de compra geralmente são seguras, mas eles podem ser clonados para enganar o consumidor, daí ser importante confirmar que o endereço do site é legítimo. Demais disso:

— Jamais envie dados do cartão de crédito via email nem os publique em redes sociais (mesmo em mensagens privadas) ou insira em sites desconhecidos.

— Quando se trata se segurança, menos é mais. Se você for pagar a compra à vista (ou parcelar o valor no cartão de crédito), não há razão para informar à loja sua data de nascimento, o nome de sua mãe ou seu CPF, RG etc.

Verifique se a loja possui um endereço físico e canais de contato (um número de telefone, p. ex.) além do "fale conosco" ou de um simples endereço de email. Uma rápida pesquisa do nome do site lhe mostrará se a loja realmente existe e, eventualmente, permitirá avaliar sua reputação (a partir de comentários de usuários). Certifique-se também de que a conexão seja segura (atente para o https:// na barra do navegador e o ícone de um cadeado — chamado de indicador de confiança ou de selo de confiança).

— Não faça compras nem (muito menos) transações bancárias através de computadores de lanhouses, bibliotecas etc. ou com seu smartphone/notebook conectado a redes Wi-Fi de lojas, aeroportos etc. E, mesmo em casa, sempre faça o logout após concluir a transação.

Observação: Se você realmente precisar fazer uma compra quando estiver fora de casa, use a rede 4G do seu smartphone e, se possível, ative sua VPN antes de realizar a transação.

— Mantenha seu PC/smartphone/tablet atualizado. Além de habilitar a atualização automática, verifique regularmente se há atualizações ou novas versões do sistema e dos aplicativos — sobretudo navegadores (reserve um browser exclusivamente para compras e transações bancárias e outro para a navegação do dia a dia) e apps de segurança (faça varreduras manuais ao menos uma vez por semana).

— Defina senhas fortes para webmail, lojas online, redes sociais etc. e evite repeti-las. Como é virtualmente impossível memorizar dezena de passwords, use um gerenciador de senhas.

— Considere também reservar uma conta email exclusivamente para compras online. Isso reduz significativamente o número de mensagens de spam.

Observação: Caso tenha uma conta no Gmail, acrescente um sinal de adição ("+") depois do nome de usuário e configure um filtro para que todas as mensagens enviadas para aquele endereço sejam encaminhadas diretamente para o respectivo marcador (juca+compras@gmail.com, por exemplo). Assim, além de evitar o spam, você localizará mais facilmente as mensagens referentes a determinados assuntos ("compras", no caso deste exemplo).

— Evite pagar compras online com cartão de débito — um cartão de crédito ou outra opção de dinheiro virtual lhe darão mais flexibilidade se e quando for preciso solicitar um estorno. Melhor ainda é utilizar um cartão virtual (em linhas gerais, ele funciona como um token, gerando um número único que vale exclusivamente para aquela transação ou por um determinado período de tampo, conforme o caso).

— Embora seja tentador salvar seus dados num site onde você faz compras frequentemente, é preciso levar em conta que uma eventual invasão do banco de dados da loja poderá expor suas informações financeiras. Lembre-se de que comodidade e segurança são como vinagre e azeite: não se misturam.

Falando em comodidade, desbloquear a tela toda vez que você usa o smartphone pode ser aborrecido, mas também pode fazer toda a diferença em caso de perda, furto ou roubo do aparelho. Ajuste o bloqueio da tela para não mais que 30 segundos e defina uma senha (ou outro método de desbloqueio, como a biometria, p. ex.). 

Considerando que é sempre melhor prevenir do que remediar, certifique-se de que seja possível bloquear o smartphone e/ou apagar os dados remotamente. No iPhone, o FindMyPhone permite fazer isso a partir das configurações. Em aparelhos com sistema Android, clique aqui para mais informações.