sexta-feira, 19 de junho de 2020

AINDA SOBRE A SEGURANÇA EM ÉPOCA DE ISOLAMENTO


QUANTO MENOS ALGUÉM ENTENDE, MAIS ESSE ALGUÉM QUER DISCORDAR.

Quando ouvimos falar em “senha”, logo nos vêm à mente aqueles asteriscos, bolinhas ou estrelinhas exibidos na tela conforme inserirmos a sequência de caracteres alfanuméricos que nos identifica/autentica quando nos logamos no Windows, realizamos uma transação bancária no caixa eletrônico ou pagamos as compras no supermercado, na farmácia, enfim... 

Mas engana-se quem pensa que as senhas passaram a fazer parte do nosso quotidiano quando começamos a usar computadores, cartões de com chip e outras tecnologias digitais. O Antigo Testamento — em Juízes 12: 1-15 — registra que a palavra “xibolete” (do hebraico שבולת, que significa “espiga”) funcionava como “senha linguística” para identificar um determinado grupo de indivíduos, e séculos depois, durante o massacre das Vésperas Sicilianas (1282 d.C.), os franceses eram reconhecidos pela forma como pronunciavam cìciri (grão de bico no dialeto siciliano).

No universo digital, as senhas correspondem às fechaduras e chaves que usamos no mundo real para trancar a casa, o carro, e por aí afora. Se não é boa prática deixar a chave na fechadura, no mundo real, tampouco o é, no ambiente virtual, escrever as senhas num post-it e grudá-lo na moldura do monitor, por exemplo (e tem gente que faz isso!).

Para que possam prover segurança responsável, as senhas deve ser fortes (isto é, difíceis de “quebrar”) e “trancadas a sete chaves” (com o devido perdão do trocadilho). Afinal, noivados são rompidos, casamentos acabam em divórcio (e nem sempre de forma civilizada), amizades são desfeitas, e segredo entre três, só matando dois.

A segurança das senhas deve ser compatível com a importância daquilo que elas devem proteger. Supondo que você more sozinho e ninguém mais utiliza seu PC, uma senha de quatro algarismos é mais que suficiente para o logon no Windows, embora seja considerada “fraca” se for usada para acessar o serviço de Webmail ou fazer logon em redes sociais e que tais. Nesses casos, as senhas devem “fortes”, ou seja, combinar 8 ou mais letras (maiúsculas e minúsculas) com algarismos e/ou caracteres especiais (%, $, #, @, *, &, por exemplo).

O xis da questão é que senhas fortes tendem a ser difíceis de memorizar, já que obviedades (placa do carro, data de nascimento, número do telefone ou de documentos, p. ex.) devem ser evitadas e aplicações distintas pedem senhas diferentes. Assim decorar uma dúzia de bizarrices como 7&tBaº§5YaH7b1%$, por exemplo, não é para qualquer um (talvez por isso as combinações mais usadas — e que devem ser evitadas — são “123456”, “password”, “senha”, “admin”, “qwerty”, “abc123” etc.). 

Para criar senhas seguras e fáceis de memorizar, eu sugeria partir de uma frase, estrofe de uma canção ou verso de um poema e aproveitar as sílabas iniciais de cada palavra, alternando letras maiúsculas e minúsculas e entremeando algarismos e outros caracteres. Então, partindo de “batatinha quando nasce se esparrama pelo chão”, teríamos “bAquaNnaSsEeSpEchA, ou então bA1quaN2naS3sE&ampeS#pE@chA”, por exemplo. Mesmo assim, seria preciso anotar as senhas e guardar num local seguro, mas de fácil acesso, porque dificilmente alguém conseguiria memorizar esse troço.

Observação: De novo: se ninguém além de você usa seu computador, configure o navegador para salvar as senhas e fazer o logon automaticamente nos sites e serviços; se você compartilha a máquina com alguém, o jeito é recorrer a um gerenciador de senhas, definir a senha-mestra (a única que será preciso memorizar) e deixar o resto a cargo da ferramenta. Há dezenas de opções disponíveis na Web, tanto pagas quanto gratuitas.O RoboForm (gratuito para uso não comercial) gerencia senhas e informações de login, preenche informações exigidas pelos sites e serviços e ainda oferece um gerenciador de anotações, um gerador de senhas e um mecanismo de busca.

Continua no próximo capítulo.