QUANTO MENOS ALGUÉM ENTENDE, MAIS ESSE
ALGUÉM QUER DISCORDAR.
Quando ouvimos falar em “senha”, logo nos vêm à mente aqueles
asteriscos, bolinhas ou estrelinhas exibidos na tela conforme inserirmos a
sequência de caracteres alfanuméricos que nos identifica/autentica quando nos logamos
no Windows, realizamos uma transação
bancária no caixa eletrônico ou pagamos as compras no supermercado, na farmácia,
enfim...
Mas engana-se quem pensa que as senhas passaram a fazer parte do nosso
quotidiano quando começamos a usar computadores, cartões de com chip e outras tecnologias
digitais. O Antigo Testamento —
em Juízes 12: 1-15 —
registra que a palavra “xibolete”
(do hebraico שבולת,
que significa “espiga”) funcionava
como “senha linguística” para
identificar um determinado grupo de indivíduos, e séculos depois, durante o
massacre das Vésperas Sicilianas (1282 d.C.), os franceses eram
reconhecidos pela forma como pronunciavam cìciri (grão de bico no dialeto siciliano).
No universo digital, as senhas
correspondem às fechaduras e chaves que
usamos no mundo real para trancar a casa, o carro, e por aí afora. Se não é boa
prática deixar a chave na fechadura, no mundo real, tampouco o é, no ambiente
virtual, escrever as senhas num post-it e grudá-lo na moldura do monitor, por
exemplo (e tem gente que faz isso!).
Para que possam prover segurança responsável, as senhas deve
ser fortes (isto é, difíceis de “quebrar”) e “trancadas a sete chaves” (com o
devido perdão do trocadilho). Afinal, noivados são rompidos, casamentos acabam
em divórcio (e nem sempre de forma civilizada), amizades são desfeitas, e segredo entre três, só matando dois.
A segurança das senhas deve ser compatível com a importância
daquilo que elas devem proteger. Supondo que você more sozinho e ninguém mais
utiliza seu PC, uma senha de quatro algarismos
é mais que suficiente para o logon no Windows,
embora seja considerada “fraca” se for usada para acessar o serviço de Webmail
ou fazer logon em redes sociais e que tais. Nesses casos, as senhas devem “fortes”,
ou seja, combinar 8 ou mais letras (maiúsculas e minúsculas) com algarismos e/ou
caracteres especiais (%, $, #,
@, *, &, por exemplo).
O xis da questão é que senhas fortes tendem a ser difíceis
de memorizar, já que obviedades (placa do carro, data de nascimento, número do
telefone ou de documentos, p. ex.) devem ser evitadas e aplicações distintas
pedem senhas diferentes. Assim decorar uma dúzia de bizarrices como 7&tBaº§5YaH7b1%$, por exemplo, não
é para qualquer um (talvez por isso as combinações mais usadas — e que devem
ser evitadas — são “123456”, “password”, “senha”, “admin”, “qwerty”, “abc123” etc.).
Para criar senhas seguras e fáceis de memorizar, eu sugeria
partir de uma frase, estrofe de uma canção ou verso de um poema e aproveitar as
sílabas iniciais de cada palavra, alternando letras maiúsculas e minúsculas e
entremeando algarismos e outros caracteres. Então, partindo de “batatinha quando nasce se esparrama pelo
chão”, teríamos “bAquaNnaSsEeSpEchA”,
ou então “bA1quaN2naS3sE&eS#pE@chA”, por
exemplo. Mesmo assim, seria preciso anotar as senhas e guardar num local
seguro, mas de fácil acesso, porque dificilmente alguém conseguiria memorizar
esse troço.
Observação: De
novo: se ninguém além de você usa seu computador, configure o navegador para
salvar as senhas e fazer o logon automaticamente nos sites e serviços; se você
compartilha a máquina com alguém, o jeito é recorrer a um gerenciador
de senhas, definir a senha-mestra (a única que será preciso memorizar)
e deixar o resto a cargo da ferramenta. Há dezenas de opções disponíveis na Web, tanto pagas quanto gratuitas.O RoboForm (gratuito para
uso não comercial) gerencia senhas e informações de login, preenche informações
exigidas pelos sites e serviços e ainda oferece um gerenciador de anotações, um
gerador de senhas e um mecanismo de busca.
Continua no próximo capítulo.