Entra governo, sai governo, só mudam as moscas. Depois da estiagem atípica que resultou num aumento absurdo da conta de luz (devido à falta de planejamento do governo e ao custo da produção de energia por termoelétricas), as chuvas de verão voltaram a provocar inundações, desabamentos, quedas de árvores, interrupções no fornecimento de energia e mais um sem-número de aborrecimentos (nem vou mencionar a tragédia que se abateu sobre Petrópolis, na região serrana do RJ, porque acredito que os leitores esteja tão saturados quanto eu de ouvir falar nessa desgraça).
Céu escuro, nuvens negras, sensação de leve
formigamento na pele e pelos eriçados nos braços são indícios de tempestade
elétrica. Mas uma das vantagens de viver no século XXI é poder usar e abusar da
tecnologia. Se você mora no Estado de São Paulo, mande um SMS com
o CEP de sua residência (ou de outro local de seu interesse)
para o número 40199 e a Defesa Civil lhe
enviará um alerta, também por SMS, sempre que houver previsão de
temporais na sua região. O serviço é gratuito e funciona direitinho.
Como dito nas postagens anteriores, o melhor a fazer na
iminência de um temporal é desligar a chave geral do quadro de força, mas para
isso é preciso estar em casa. Deixar a energia desligada preventivamente quando
se sai pela manhã e se volta somente à noite pode prejudicar a conservação dos
alimentos que dependem de refrigeração, por exemplo. Por outro lado, não custa
nada tirar da tomada o cabo de energia do computador, do televisor, do decodificador
da operadora de TV, do modem, do roteador, do telefone sem fio, enfim, dos
aparelhos elétricos e eletroeletrônicos mais susceptíveis a sobretensões e
outros distúrbios da rede elétrica.
Prejuízos causados por distúrbios elétricos são
passíveis de indenização, desde que a reclamação seja formalizada no prazo de
90 dias — a concessionária terá 10 dias para examinar o bem danificado, mais 15
para decidir se o pedido é procedente e outros 20 para efetuar o ressarcimento;
se a reclamação não for atendida, pode-se recorrer ao Procon ou
a um Juizado Especial Cível (tribunal de pequenas causas). Note
que sorvetes, congelados e outros perecíveis que se deteriorem por conta de
falta de energia por um período prolongado também são indenizáveis, pois
a Resolução nº 414/2010 da ANEEL estabelece que, em caso da
suspensão do fornecimento, o religamento deve ser feito em até 4 horas na área
urbana e 8 na rural (obviamente, isso não se aplica a desligamentos por falta
de pagamento).
Como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém,
convém manter distância de grades metálicas (como as que protegem portas e
janelas), deixar o banho para depois (mesmo que o chuveiro seja a gás) e usar o
celular em vez do telefone fixo (a menos que o aparelho seja sem fio e funcione
desligado da tomada). Se você for pego por uma borrasca em campo aberto, evite
manusear objetos metálicos longos — como tripés, guarda-chuvas e assemelhado —
e jamais se abrigue sob árvores isoladas (em grupo, elas não atraem raios). Em
não havendo uma estrutura de alvenaria nas proximidades, agache-se e mantenha
os pés juntos — os raios se espalham de forma concêntrica; se você mantiver as
pernas afastadas, a diferença de potencial entre seus pés permitirá a passagem
da corrente pelo seu corpo. E se o temporal o surpreender durante um banho
de mar, de piscina, de lago ou de rio, saia da água imediatamente
e abrigue-se num local seguro.
Observação: Engana-se quem acha que
raios não caem duas vezes no mesmo lugar. A rigor, eles costumam “repetir” um
local quando há condições de atração — como é caso do Cristo Redentor,
no morro do Corcovado (Rio de Janeiro), que é atingido seis vezes por ano, em
média.
O tempo é imprevisível (que o digam os meteorologistas).
Hoje em dia, no Brasil, até São Pedro deixou de ser confiável, mas as
tempestades de verão costumam desabar do meio para o final da tarde, depois que
a temperatura atinge seu ápice. Então, procure agendar seus compromissos para
outros horários. Se for apanhado no contrapé, abrigue-se numa padaria,
farmácia, mercado ou outro estabelecimento qualquer. Na impossibilidade, fique
longe de árvores, postes, quiosques e objetos metálicos grandes e expostos
(como tratores, escadas, cercas de arame, etc.).
Dirigir sob chuva requer alguns cuidados adicionais,
tanto na cidade quanto na estrada, pois a visibilidade diminui e as
pistas ficam escorregadias, aumentando o risco de colisões, sobretudo em caso
de freadas bruscas. Então, reduza a velocidade, aumente a distância
do carro da frente e acenda os faróis baixos. Para evitar que a visibilidade
fique ainda mais prejudicada, ligue o desembaçador traseiro e o ar-condicionado,
direcionando o fluxo de ar para o para-brisa. Se seu carro não tem
ar-condicionado, ligar a ventilação forçada na velocidade máxima também ajuda.
Se seu carro não tem sequer ventilação forçada...
bem, Mr. Fred Flintstone, prepare-se para se molhar, pois você vai
ter de deixar os vidros das portas abertos (uma fresta de pelo menos dois
dedos) e limpar o para-brisa de tempos em tempos com um pano seco (jamais limpe
o vidro com a mão, pois o suor e a gordura natural da pele vai agravar a
situação). Se a visibilidade ficar muito comprometida, evite correr riscos
desnecessários: pare o carro num local seguro e espere a chuva diminuir.
Continua...