sábado, 19 de fevereiro de 2022

NA RÚSSIA, COMO OS RUSSOS (OU NEM TANTO)



Depois de 3 décadas de paz, o que começou como uma troca de acusações entre a Rússia e a Ucrânia evoluiu para uma crise internacional. A principal exigência do governo russo é a de que o ocidente garanta que o país vizinho não adira à aliança militar liderada pelos EUA. 

A presença ostensiva da OTAN também é vista com desconfiança pelos russos — segundo o Kremlin, o apoio da organização aos ucranianos põe em risco a segurança da Rússia, embora diga que não tenciona invadir aquele país, que está agindo apenas para se proteger de uma possível ameaça externa.

Apesar da escalada de tensões, EUA e OTAN vêm articulando a solução da crise pela via diplomática, mas Biden disse na quinta-feira que “uma operação de bandeira falsa” pode servir de justificativa para a invasão. Já Bolsonaro — que fez um périplo pelo leste europeu não se sabe exatamente com que propósito — chamou o premiê da Hungria de "irmão" e teve o desplante de dizer que, “coincidência ou não”, a crise entre a Rússia e a Ucrânia arrefeceu após sua conversa com Putin

A questão é que nosso Messias não faz milagres — como ele próprio reconheceu em 2020, quando o Brasil superou a China em número de casos de Covid —, e uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia continua no radar. Prova disso é que o receio de uma guerra fez o Dow Jones fechar com a maior queda do ano e Nasdaq perder quase 3% na última quinta-feira. No Brasil, o Ibovespa caiu mais de 1%, depois de ter fechado em alta por cinco dias consecutivos.  

Segundo deu na mídia, o morubixaba em final de mandato classificou a relação do Brasil com a Rússia como um "casamento perfeito" e elogiou o presidente daquele país dizendo que “Putin busca a paz". Disse ainda que, "pela fisionomia, pelo que foi tratado até fora da agenda oficial, com autoridades russas, em especial com o presidente Putin, que é esse o sentimento que ele também tem".

Observação: As viagens do capitão sem-noção me fazem lembrar duas charges do Casseta & Planeta Urgente (ou teria sido do Planeta Diário?). Numa delas, FHC dizia que o Plano Real fora um sucesso e que seu filho resolvera namorar Thereza Collor para provar que “depois do Plano Real, o brasileiro passou a comer melhor”. Na outra, publicada em plena vertigem do Plano Cruzado, lia-se o seguinte: "Presidente está indo longe demais — Depois de ir à China, Sarney irá à merda".

No início do mês, o Departamento de Estado americano divulgou uma nota afirmando que o Brasil tinha responsabilidade de "defender os princípios democráticos e proteger a ordem baseada em regras, e reforçar esta mensagem para a Rússia em todas as oportunidades". Bolsonaro disse que não teme reações dos EUA por conta da reunião com Putin em meio às tensões.

Dizem que o diabo sabe das coisas não por ser o diabo, mas por ser velho. Dizem também que o vinho melhora com o tempo, mas, nas pessoas, o principal efeito do tempo é o envelhecimento. Com a idade, vem a experiência, mas nem sempre experiência e sabedoria caminham de mãos dadas.