quinta-feira, 10 de março de 2022

DORIA NA BERLINDA. DE NOVO.

 

A porta-voz do Ministério do Exterior da Rússia disse nesta quarta-feira que as tropas de Vladimir Putin não pretendem derrubar o governo ucraniano nem ocupar o país. A meta, segundo ela, é "cessar o derramamento de sangue" por meio de um acordo, e não de uma guerra. Pode parecer que depois de tantas derrotas no campo de batalha e na economia o carniceiro do Kremlin afinou e resolveu negociar, mas, na avaliação de Diogo Mainardi, isso não é verdade: Putin está pronto para derramar mais sangue, bombardeando civis e militares, e sofrer novas derrotas. 

Em pronunciamento dirigido às tropas russas, o presidente da Ucrânia disse que elas só encontrarão "a captura e a morte" no país, e a única chance de sobreviverem e serem livres é abandonar o território ucraniano. “Soldado russo, você tem chance de sobreviver. Há quase duas semanas, nossas forças estão mostrando que não vamos nos render. São nossas casas, nossas famílias e nossos filhos. Se vocês forem embora, têm chance de se salvar. Não acreditem em seus comandantes. Aqui só espera vocês a captura e a morte. Eles podem quebrar as casas, as escolas, as igrejas, e até as empresas, mas nunca chegarão à nossa alma, ao nosso coração e à nossa capacidade de viver com liberdade”.

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Às vésperas das eleições de 2018, um vídeo que viralizou nas redes sociais exibia o então candidato ao governo de São Paulo, João Doria, deitado numa cama com ao menos cinco mulheres. À época, o tucano afirmou tratar-se de uma fake newsvergonhosa” e “grotesca”. O jornal "O Globo" chegou a noticiar que a campanha de Doria teria acusado o adversário Márcio França (PSB) de haver produzido a farsa. França deu sua versão e lamentou a divulgação das imagens.

Agora, quase quatro anos depois e a 7 meses do pleito presidencial, o assunto volta à baila devido à informação de que a Polícia Federal não encontrou sinais de adulteração no vídeo. Nesta terça-feira, Doria acusou a PF de perseguição. Segundo ele, a instituição decidiu ressuscitar a investigação justamente quando se aproximam as próximas eleições presidenciais, mas, ao invés de investigar os autores do crime, utiliza essa fake news para atingir a vítima da armação.

Lamentavelmente, uma parte da instituição de Estado tem sido utilizada para propósitos políticos, como já ocorreu recentemente com outros pré-candidatos à presidência. É uma afronta ao Estado Democrático de Direito”, disse o tucano, e acrescentou que não se intimidará: “Não me intimidei na época desse crime e não me intimidarei com essa tentativa rasa para prejudicar a minha pré-candidatura".

Doria tem pontuado entre 2% e 3% nas pesquisas de intenção de voto nacionais. Segundo a CNN, pesquisas encomendadas pela assessoria do governador mostram um enorme descolamento entre a avaliação de seu governo e a do candidato João Doria. A gestão é bem avaliada pelos paulistas, mas a imagem do candidato tucano patina. Sua candidatura é alvo de desdém de rivais e de ceticismo por parte de correligionários. O tucano pondera que desistir tão antes do prazo das convenções não faz sentido politicamente, e que, depois de deixar o comando de São Paulo — no final deste mês —, ele poderá dedicar à pré-campanha e melhorar seus números. Mas adianta que trabalhará para eleger o candidato mais bem posicionado na terceira via caso não haja uma guinada até junho.

Para reduzir a rejeição — hoje uma das maiores entre os postulantes ao Planalto —, a equipe de Doria traçou um roteiro que envolve levar ao público nacional os feitos do governo de São Paulo e a trajetória do tucano. De acordo com seus estrategistas, o eleitor muitas vezes não sabe explicar por que não gosta do governador. Essa implicância tende a ser mais fácil de ser mitigada do que a de candidatos que têm, por exemplo, a corrupção como motor de aversão por parte do eleitor.

Ninguém precisa de bola de cristal para prever que o ano eleitoral de 2022 será o que os romanos chamavam de “Annus Terribilis”. Não bastassem a pandemia (que se recusa a acabar), a volta da inflação e da alta dos juros, o baixo crescimento e, mais recentemente, a guerra no leste europeu, uma campanha eleitoral suja e sangrenta se avizinha. Para piorar, qualquer que seja o desfecho, governar sem pacificar o país será uma missão quase impossível.

Diante das evidências, montar cenários positivos não deve estar sendo fácil para o pessoal do ramo. Já os aspectos emocionais, psicológicos e mentais da população são difíceis de ser avaliados e quantificados, mas todo mundo sabe o que todo mundo sente, no bolso, na autoestima, na saúde, na família, na produtividade, na alma, que resultam em raiva e frustração.

Triste Brasil.