terça-feira, 22 de março de 2022

VALE A PENA VER DE NOVO — A NOVELA DA TELEGRAM





A guerra na Ucrânia está às vésperas de completar um mês e ainda sem um vislumbre de quando será o cessar-fogo. Na noite do último domingo, Moscou deu um ultimato a Kiev: que as forças de Mariupol se rendessem. O governo ucraniano não cedeu. Então, o mundo espera por mais ataques em grande escala na cidade portuária ao longo do dia. 

O petróleo começa a semana em alta e acima dos US$ 110. Aquele sinal de alívio da semana passada, quando o barril do Brent caiu abaixo de US$ 100, durou pouco. O rali do petróleo pressiona a inflação em todo o mundo – que ainda nem tinha se recuperado da Covid, que por sinal está ganhando força na Ásia e Europa. Assim, fica difícil começar a semana com o pé direito. 

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O Telegram era um ilustre desconhecido no Brasil (onde o WhatsApp reina absoluto) até ganhar seus quinze minutos de fama graças à operação Vaza-Jato, deflagrada por Verdevaldo das Couves e seu abjeto site panfletário. Agora, o aplicativo russo volta à baila porque o ministro Alexandre de Moraes decidiu proibir seu uso em todo o território nacional.

Amplamente usada pela militância bolsonarista, o Telegram desafia as autoridades brasileiras engajadas no combate à desinformação eleitoral. Depois de meses ignorando diversos pedidos da Justiça, a plataforma bloqueou, no final do mês passado, três canais ligados ao influenciador bolsonarista Allan dos Santos (essa foi a primeira ordem judicial brasileira cumprida pelo aplicativo).

O bloqueio eram favas contadas, já que o Telegram sequer tem representante legal no Brasil (atualmente, a sede da empresa criada na Rússia fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos) e tampouco respeita a legislação brasileira ou se dá ao trabalho de responder a tentativas de comunicação, mesmo oficiais. O ministro ameaçava bloquear o app pelo prazo inicial de 48 horas, além de aplicar multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento de suas decisões.

Observação: No último domingo, Moraes voltou atras e suspendeu o bloqueio. De acordo com o magistrado, a iniciativa foi definida porque o aplicativo de mensagens cumpriu todas as determinações judiciais que estavam pendentes.

Fato é que o bloqueio caiu como uma bomba no bolsonarismo, já que, por permitir a divulgação de praticamente qualquer coisa, o Telegram é o principal canal usado pelos apoiadores do sociopata palaciano na disseminação de fake news.

Bolsonaro disse que decisão era 'inadmissível' porque (Moraes) "não conseguiu atingir duas ou três pessoas que na cabeça dele deveriam ser banidos do Telegram, ele atinge 70 milhões de pessoas".

Nos últimos meses, diversos órgãos do Judiciário brasileiro se pronunciaram a respeito da falta de resposta do Telegram a solicitações de contato. O TSE tentou falar com 
Pavlov Durov
 (CEO do Telegram) para discutir estratégias de combate à desinformação e à propagação de boatos e notícias falsas no aplicativo durante a próxima eleição brasileira, mas nem o tribunal nem a Polícia Federal obtiveram resposta.

O ministro Luís Roberto Barroso, que deixou a presidência do TSE no mês passado, havia dito que "o Brasil não é casa da sogra para ter aplicativos que façam apologia ao nazismo, ao terrorismo, que vendam armas ou que sejam sede de ataques à democracia que a nossa geração lutou tanto para construir".

Vale lembrar que Alexandre de Moraes é o relator do "inquérito das fake news" (que investiga a divulgação de notícias falsas e ameaças a integrantes do STF, um dos principais alvos da escumalha bolsonarista) e será o presidente do TSE durante as próximas eleições. Portanto, novas emoções nos aguardam.