quarta-feira, 8 de junho de 2022

A VOLTA DE FÊNIX MITOLÓGICA — MAS PODEM CHAMAR DE TERCEIRA VIA (FINAL)

 


A partir de 2002, as campanhas tucanas foram tão desastrosas que só a ausência de outro contraponto ao PT explica a competitividade dos tucanos em tantas eleições. Agora o que se vê é uma facção do partido apoiando Bolsonaro, outra se candidatando a virar um puxadinho do PT, um pedaço na aba do MDB e uma minoria defendendo uma candidatura própria como salvação. Do ninho que já esteve em chamas sobram as cinzas em cima das quais a preocupação não é ganhar ou perder uma eleição, mas como fazer para renascer.

 

A lenta derrocada do PSDB vem sendo produzida internamente há pelo menos duas décadas. A trajetória descendente teve início ainda na gestão do “pai” da reeleição, quando vaidades, deslumbramentos e ambições desmedidas fizeram os até então majestosos tucanos perderem boa parte da plumagem. Dos mais de 34 milhões de votos obtidos em 1994 e dos quase 36 milhões em 1998, a legenda que já teve 99 deputados federais e 16 senadores definhou para cerca de 5 milhões votos em 2018, quando o então adversário figadal do PT — que agora figura como o mais novo amigo de infância de Lula — encabeçou a chapa. 

 

Falando no ex-presidiário, sua vantagem sobre o capetão não é definitiva. As campanhas só começam pra valer em 16 de agosto; até lá, esses índices servem apenas para dar o que falar a analistas políticos e acirrar ainda mais a polarização entre as torcidas enquanto Lula e Bolsonaro trabalham para que tudo fique como está. Como os dois têm telhado de vidro, um reluta em jogar pedra no telhado do outro. Mas...


O Vox Populi cruzou dados de diferentes pesquisas e concluiu que tudo aponta para a vitória de Lula. Segundo o levantamento, ele só perde em três pequenos Estados no Norte, mais Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal. No Sudeste, que reúne 43% do eleitorado nacional, está 42% a 29% a favor do petralha, com boa diferença em Minas. E reza a lenda — e a realidade confirma — que só se elege presidente quem ganha em Minas.

 

Bolsonaro parou de crescer, seja porque atingiu o teto, seja porque insiste em pregar para convertidos. Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostra que a avaliação negativa do governo atingiu 48% — um aumento de dois pontos percentuais na comparação com o levantamento anterior. 


O sociopata não ouve ninguém e acha que seus grupos da internet são “o povo”. Não são. E a máquina publica pode muito, mas não faz milagres em tempos de inflação galopante. Dos que recebem o Auxílio Brasil, 59% apoiam Lula e só 20%, Bolsonaro. Para compensar, ele precisaria ter grande margem entre os evangélicos, mas deu 39% para ele e 36% para Lula. 


Bolsonaristas e petistas são parecidos numa coisa: ambos absolvem o que há de pior em seus ídolos e tentam convencer o restante do país de que a sua visão de mundo é a certa. A menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, vencerá o candidato que embrulhar menos o estômago do eleitor, como aconteceu em 2018. Mas o Bolsonaro de então era uma incógnita, e agora sabemos o esperar dele num eventual segundo mandato. 

 

Nossa esperança é Simone Tebet. A conspirata que triou Moro da disputa e a rejeição que abateu Doria em seu voo de galinha favoreceram a candidatura da senadora, que já conta com o apoio de pelo menos 22 dos 27 diretórios do MDB, confirmando cenário favorável para homologação de sua pré-candidatura nas convenções do meio do ano. Mesmo sendo impossível esquecer que em 2010, edulcorados pelo canto da sereia petista, os brasileiros elegeram “presidenta” alguém com um currículo que não gabaritava esse alguém a disputar o cargo de subsíndico em condomínio de periferia, Simone Tebet não é Dilma Rousseff.


O fato de o país ter sido arrasado por uma calamidade de saias não significa que a história se repita sob a batuta da candidata sul-mato-grossense.