O PODER SÓ É VIOLENTO QUANDO É FRACO.
Nos anos 1980, Steve Jobs era “o cara” da indústria de computadores. Um ano depois do Lisa, que era avançado para a época, mas não vendeu bem — talvez porque custasse cerca de US$ 10 mil —, a Apple lançou o revolucionário Macintosh.
O aparato publicitário digno da coroação de um rei não transformou o novo computador em sucesso de vendas (em parte por culpa do preço, que superava em muito o dos concorrentes diretos), mas levou o nome da Apple ao Olimpo da propaganda.
Em 1986, quando andava mal das pernas, a empresa "convidou" Jobs a pedir o boné. De acordo com o cofundador Steve Wozniak, nunca houve uma demissão, Jobs simplesmente saiu. Mas a década seguinte demonstrou que a Apple precisava mais dele do que ele, dela.
Observação: Com a saída de Jobs, a empresa de Cupertino ficou também sem Wozniak, que voltou para a faculdade. A partir de então, seus computadores perderam o brilho. A interface, desatualizada para os padrões da época, não mais cativava os usuários e tampouco representava uma ameaça consistente para concorrentes como a Microsoft. Mas os ventos mudaram novamente em 1991.
Com o lançamento do primeiro Power Book, a marca da maçã reconquistou seu público, mas a primeira leva de computadores PowerPC (equipados com processadores coproduzidos pela IBM) frustrou as expectativas. A falta de compatibilidade com os chips usados anteriormente nos Macs levou a Apple a criar um software de emulação, mas o programa causava lentidão vários outros problemas. Em meados dos anos 1990, em meio ao embate jurídico envolvendo a Microsoft e o Win95 (claramente “inspirado” na interface gráfica do Mac), a Apple comprou a NeXT para ter Jobs de volta.
Durante sua "década sabática", além de fundar a NeXT e a Pixar, o visionário criou o sistema NeXTStep, que serviu de base para o desenvolvimento do Mac OS X, com sua interface gráfica Aqua. Mas a transição foi complicada.
O Mac OS “clássico”, que descendia diretamente do System — criado em 1984 para operar o primeiro Macintosh —, era um tanto instável, mas fácil de usar. O X tornou-o muito pesado e meio que incompatível com os programas antigos, sem falar que diversos recursos das encarnações “clássicas” deixaram de existir.
O sistema só começou a deslanchar na versão “Puma” — que apresentava melhor desempenho e trazia recursos inovadores, entre os quais a capacidade de reproduzir DVDs —, mas foi com a “Jaguar”, lançada em agosto de 2002, que ele começou a reconquistar seu público alvo. Aliás, foi a partir daí que a Apple adotou publicamente nomes de felinos; na sequência vieram as versões Panther, Tiger, Leopard, Snow Leopard, Lion e Mountain Lion. A exceção ficou por conta do OS X 10.9, que foi batizado como Mavericks porque não havia mais nomes de grandes gatos para usar.
A Apple sempre se destacou pela excelência de seus produtos, mas sempre cobrou caro por isso. Computadores top de linha podem custar mais de R$ 500 mil. O iPhone, lançado em 2007, é mais um exemplo da genialidade de Jobs, mas mesmo as versões de entrada de linha custam bem mais que as concorrentes de configurações "superiores".
O iOS herdou do Mac OS X um sofisticado sistema de multitarefa, ferramentas de desenvolvimento maduras e excelente suporte a multimídia. Palm, Blackberry, HTC e Nokia tentaram fazer frente ao iPhone, mas não levaram em conta que, a despeito da importância do hardware, o sistema e a experiência do usuário são determinantes para o sucesso do produto. Mas não há nada como o tempo para passar.
Lançado em setembro de 2008, o Android não demorou a ameaçar a supremacia do iOS e do iPad OS. Segundo a StatCounter GlobalStats, o sistema móvel do Google abocanha 71,59% do mercado de smartphones, enquanto o sistema da Apple, que é usado somente em aparelhos da marca, fica num longínquo segundo lugar, com 27,68 % de participação.
Continua...