A INCERTEZA QUE ESVOAÇA DESGRAÇA MAIS QUE A PRÓPRIA DESGRAÇA.
Voltando à
questão das viagens no Tempo, a História demonstra que a ficção
científica de hoje tende a ser a ciência de amanhã. No livro A Máquina do
Tempo (1895), adaptado para o cinema nos anos 1960, o protagonista se
desloca tanto para o passado quanto para o futuro (a exemplo do personagem de Michael
J. Fox na trilogia De Volta para o
Futuro, dirigida por Steven Spielberg).
Na vida real, cientistas renomados — entre os quais o
astrofísico Stephen
Hawking — tratam a questão como uma possibilidade “real”, conquanto
reconheçam as limitações da tecnologia de que dispomos atualmente.
Se fosse possível viajar a 99,999% da velocidade da luz (299.792.458 metros por segundo), um bate e volta a Alpha Centauri, que é a estrela mais próxima da Terra (depois do Sol), duraria 4 meses e meio — quase o mesmo tempo que as sondas atuais levam para chegar até Marte.
Como já foi
explicado anteriormente, a velocidade com que o Tempo passa para um corpo em
movimento é inversamente proporcional à do observador. As tão sonhadas
viagens através do Tempo podem vir a ser uma maneira
de solucionar o problema representado pelas distâncias astronômicas (literalmente)
que nos separam de outros planetas, estrelas e galáxias.
Segundo a teoria de Einstein, acelerar um corpo
até a velocidade da luz exige uma quantidade infinita de potência, mas o Tempo e Espaço estão “entrelaçados” e o espaço-tempo pode
ser distorcido pela matéria. Isso significa que é possível (pelo menos em tese)
viajar rapidamente de um ponto a outro do espaço-tempo através das “dobras” que
interligam dois pontos do Universo (buracos de minhoca).
A existência dos buracos de minhoca ainda não foi comprovada
por observações astronômicas, mas é revelada pela solução das equações de Einstein que
tratam da relatividade
geral. Trata-se de “túneis” formados por grandes distorções no
espaço-tempo, e que podem ligar tanto pontos do mesmo Universo como
de “universos paralelos”.
Para que uma dobra no espaço-tempo seja criada e
preciso que haja uma forma de “matéria exótica”
com densidade de energia negativa bilhões de vezes maior que a
densidade energética de uma estrela
de nêutrons — uma das estruturas astronômicas mais densas de todo o
Universo. E para que alguma região do Universo apresente tamanha densidade
energética negativa seria preciso que lá houvesse níveis de energia ainda
menores do que os encontrados no vácuo absoluto.
Observação: De acordo com a teoria quântica de campos, flutuações
do vácuo quântico são mudanças repentinas nos níveis de energia do vácuo
absoluto, que, em tese, podem gerar buracos de minhocas em pontos distintos do
Universo. No entanto, esses “túneis” seriam extremamente instáveis, durariam
infinitésimos de tempo e surgiriam em tamanhos comparáveis ao comprimento de
Planck (10-33 cm), o que os tornaria incapazes de sustentar
o transporte de uma mísera partícula de matéria.
A maior implicação teórica da existência dos buracos de
minhoca talvez seja a viagem no Tempo, já que, como dito, eles serviram
de atalho entre dois pontos distintos do Espaço e/ou do Tempo. Mas, como se já não
faltassem complicações, há ainda a questão dos “paradoxos”.
Os dicionaristas definem “paradoxo” como uma declaração
contrária à opinião dominante ou a um princípio admitido como válido, mas esse
termo é usado no âmbito da Física com o sentido de “antinomia” (algo
como um conflito entre duas leis). Viagens no Tempo são paradoxais na
medida em que criam situações aparentemente impossíveis de serem resolvidas —
como o célebre paradoxo cronológico
do avô.
Continua...