Muitas descobertas científicas aconteceram por acaso, e a gravidade foi uma delas. Consta que Isaac Newton concebeu sua Lei da Gravitação Universal quando uma maçã lhe caiu na cabeça, mas o que realmente chamou sua atenção foi o fato de as frutas caírem sempre da árvore para o chão, nunca perpendicularmente ou para cima. Com base nessa observação, ele concluiu (entre outras coisas) que todos os corpos se atraem mutuamente com uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância.
A Mecânica Newtoniana foi capaz de predizer a trajetória de asteroides e explicar o movimento das marés, tornando-se um dos marcos da Física por explicar fenômenos naturais através de equações matemáticas. Juntas, as três leis de Newton descrevem as causas que alteram o estado de movimento dos corpos, mas tomando a gravidade como uma força de ação imediata, independente da distância entre os corpos. Assim, de acordo com o físico inglês, os planetas do sistema solar sairiam instantaneamente de suas órbitas caso o Sol desaparecesse — e sua imensa força gravitacional deixasse de existir.
Passados quase três séculos, Albert Einstein (1879-1955) publicou sua teoria da Relatividade Geral, segundo a qual a gravidade seria resultante da deformação (ou curvatura) causada no espaço-tempo pela distribuição de massas e energias. Quanto maior a quantidade de massa e quanto mais compactada ela fosse, menor seria seu volume e maior sua capacidade de alterar a trajetória de partículas e objetos que por ali passassem.
Segundo ficou demonstrado nas equações de Einstein, a Terra e os demais planetas permaneceriam em suas órbitas mesmo que o Sol desaparecesse, não porque a imensa massa do Sol os atraísse, mas porque seguiriam a curvatura gerada por ela no tecido do espaço-tempo.
Nenhum dos testes a que a Relatividade Geral foi submetida ao longo dos anos acusou discrepâncias, mas não detectar ondas gravitacionais ou detectá-las com propriedades diferentes das teorizadas demonstrou que a teoria de Einstein não reproduzia fielmente a realidade. Após as observações do físico Edwin Hubble sobre a expansão do universo, em 1931, o cientista alemão considerou “seu maior erro” a constante cosmológica — que ele introduzira em suas equações, devido a crenças pessoais, para forçar um modelo de universo estático.
Em 2015, as ondas gravitacionais foram detectadas pela primeira vez (através de interferômetros a laser), e as teorias quânticas de campo demonstraram que uma energia do vácuo era capaz de se comportar, para todos os efeitos, como a constante cosmológica prevista por Einstein (clique aqui para mais detalhes).
Uma distância astronômica (sem trocadilho) separa teorias expressas em complexas equações matemáticas da comprovação do que elas indicam. No que tange às viagens através do tempo — que é o mote desta sequência, embora eu tenha me desviado dele uma porção de vezes —, o maior problema está na impossibilidade de algo viajar pelo espaço numa velocidade superior à da luz.
Poder voltar ao passado ou avançar em direção ao futuro — como na trilogia De Volta para o Futuro — é uma das “ficções” que mais instigam a imaginação humana. A possibilidade real da viagem no tempo foi cogitada há pouco mais de uma década, quando pesquisas revelaram a propagação superluminal de pulsos óticos em meios específicos poderia superar a velocidade da luz. No entanto, um estudo do professor Shengwang Du, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong concluiu que fótons (partículas elementares da luz) obedecem à “lei de trânsito do universo” e, portanto, não podem, individualmente, viajar mais rápido do que a luz (clique aqui para mais detalhes). Mas nem toda a comunidade científica concorda com isso.
Continua...