quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (PARTE XII)

O QUE SABEMOS É UMA GOTA; O QUE IGNORAMOS É UM OCEANO.

 

Einstein teorizou a existência dos buracos de minhoca — uma região do espaço-tempo em que um evento pode estar tanto no passado quanto no futuro —, mas a relatividade geral nem sempre orna com a dinâmica tradicional.
 
Nossa percepção da passagem do tempo varia conforme a conjuntura. Se estivermos prestes a borrar as calças e ouvirmos de quem está no banheiro o tradicional “só um minuto!”, esse minuto poderá ser o mais longo de nossa vida. Aliás, perguntado sobre sua famosa teoria, Einstein a resumiu da seguinte maneira: “Coloque a mão na chama de um fogão por um minuto, e vai parecer que foi uma hora. Sente-se junto daquela pessoa especial por uma hora, e vai parecer que foi só um minuto. Isso é relatividade.”
 
Para entender melhor, imagine o tempo como um caminho pelo qual se pode avançar mais depressa ou mais devagar — e até mesmo parar. Essas variações são imperceptíveis devido às velocidades que vivenciamos no dia a dia — a 180 km/h, 30 segundos são na verdade 29,99999999999952 segundos. Mas um astronauta que passasse um ano viajando a uma velocidade próxima à da luz envelheceria um ano, enquanto as pessoas que ficaram na Terra ficariam dez anos mais velhas. Da mesma forma, os relógios internos dos satélites — que orbitam o planeta a cerca de 28.000 km/h — atrasam 0,007 s por dia. Não fosse por Einstein e sua teoria, as compensações não seriam feitas e a precisão dos sistemas GPS ficaria prejudicada à razão de 10 km/dia.

Paradoxos temporais, teoria do caos, efeito borboleta e outros fenômenos teorizados por Einstein são largamente explorados em livros e filmes que tratam das viagens no tempo. Por razões óbvias, os escritores e roteiristas quase sempre desconsideram a Closed Timelike Curve — teoria segundo a qual um objeto que percorre o espaço-tempo sempre volta às coordenadas que ocupava quando partiu. Quase, porque no seriado Lost as personagens que viajam ao passado buscando alterar eventos constatam que suas ações não produziram quaisquer mudanças, pois eles sempre fizeram parte da conjuntura em que os eventos ocorreram. Já o filme Interestelar mostra como um buraco negro retarda a passagem de tempo.
 
Observação: Vale destacar que a existência dos buracos negros já foi comprovada, a exemplo do impacto da velocidade do observador e da gravidade na passagem do tempo.
 
Ainda não se sabe se loops temporais (ou closed timelike curve, se você preferir) podem ser criados, mas os físicos têm explorado seus possíveis impactos na mecânica quântica. Segundo essa linha de raciocínio, o surgimento repentino de um viajante do tempo em algum momento do passado não implicaria quaisquer mudanças, pois os eventos seriam recalibrados e as consequências seguiriam seu curso natural. Caso alguém voltasse a 2019 para impedir que a primeira vítima da Covid fosse infectada, o passado se ajustaria para que o presente continuasse o mesmo e esse alguém se tornasse o paciente zero.

Continua...