terça-feira, 9 de agosto de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (PARTE XV)

EVENTOS PASSADOS SÃO PEQUENAS CONTAS NO COLAR DO TEMPO.

No livro “Breve História do Tempo” (bestseller publicado em 1988 que vendeu mais de dez milhões de cópias), Stephen Hawking explica algumas de suas teorias sobre o Universo e se aventura no assunto que vimos ao longo das últimas catorze postagens. H. G. Wells também explorou esse tema no livro A Máquina do Tempo.  

Se muitas "previsões" ficcionistas — como submarinos nucleares e a própria viagem à Lua — se tornaram realidade, por que não as viagens no tempo? 

No capítulo “Buracos de minhoca e viagens no tempo”, Hawking compara a passagem do tempo ao avanço de um trem. Mesmo seguindo sempre adiante, esse trem pode retornar a uma estação pela qual já passou, a depender das curvas e ramais existentes ao longo da linha

O primeiro indício de que as leis da física admitem a viagem no tempo data de 1949, quando Kurt Gödel descobriu um "novo espaço-tempo" que não contraria a teoria da relatividade geral. Tal como o princípio da incerteza, o teorema da incompletude de Gödel pode ser uma limitação fundamental à nossa capacidade de compreensão e previsão do Universo, mas não constitui obstáculo à demanda de uma teoria unificada completa.
 
Gödel tomou conhecimento da teoria geral da relatividade quando conviveu com Einstein no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Para o matemático austríaco, o Universo se encontra em rotação, e o efeito colateral dessa rotação é a possibilidade de alguém partir numa espaçonave e regressar à Terra antes da partida. Gödel também atribuía um valor não nulo para a constante cosmológica 
— que Einstein introduziu quando ainda achava que o Universo era imutável. Mas a constante em questão perdeu relevância quando Hubble descobriu que o Universo está em expansão.
 
As observações do fundo cósmico de micro-ondas e a abundância de elementos leves indicam que o Universo primitivo não era dotado da curvatura adequada à viagem no tempo. A mesma conclusão se impõe quando admitimos que o Universo não tem fronteiras. Mas a questão que se coloca é a seguinte: se o Universo teve início sem a curvatura requerida pelas viagens no tempo, não seria possível deformar o espaço-tempo de maneira a permiti-las?
 
Um problema que preocupa os autores de ficção científica é a viagem interestelar ou intergaláctica. De acordo com a relatividade geral, nada pode viajar mais rápido que a luz. Assim, uma viagem de ida e volta à estrela próxima da Terra — Alfa Centauro, que fica a cerca de quatro anos-luz — levaria cerca de 8 anos. Como não existe um padrão único de tempo — cada observador mede seu tempo através do próprio relógio —, essa viagem pareceria muito mais curta para embarcou na nave do que para quem ficou na Terra. 

Resta aos autores de ficção propor teorias que permitam viajar pelo espaço mais rápido que a luz. O que a maioria deles ainda não entendeu é que, em sendo possível ultrapassar a velocidade da luz, a própria relatividade admite o retorno ao passado, como na poesia em que "a moça corajosa que viajava mais depressa do que a luz um dia partiu pelo caminho destinado e só regressou na noite anterior".

Continua...