segunda-feira, 15 de agosto de 2022

DE VOLTA AO 5G

QUEM MAIS PROMETE É JUSTAMENTE QUEM MENOS CUMPRE.

O 5G promete muito — políticos também, sobretudo em ano eleitoral —, mas se vai cumprir, que é bom, ainda é cedo para dizer. A boa notícia é que a nova geração oferece velocidade 20 vezes maior que a da 4G. A má notícia é que fruir desse benefício exige um aparelho compatível. 

O sinal começou a ser liberado em Brasília no mês passado e vem avançando pelas capitais, mas a cobertura do Oiapoque ao Chuí está prevista somente para 2029 (se não houver atrasos). No início deste mês, Claro, Vivo e Tim começaram liberar o sinal em Sampa, mas a maioria das 1.378 antenas de 5G que operam na cidade está concentrada na região da Avenida Paulista e no Itaim Bibi. 

O Código de Defesa do Consumidor determina que as operadoras ofereçam informações claras aos usuários. Claro e Vivo disseram que num primeiro momento, por ser uma fase de testes da nova tecnologia, não cobrarão de seus consumidores o acesso ao 5G; a TIM informou que uma parte será gratuita e outra será paga, a depender do plano.


Mesmo que a troca do chip (SIM Card) não seja necessária — em tese, basta ter um smartphone compatível com o 5G e um chip de uma operadora que ofereça o serviço —, convém revisar as configurações do aparelho (o meu Samsung Galaxy, por exemplo, estava "preso" no 4G).  Para isso, acesse as Configurações, toque em Conexões > Redes Móveis > Seleção de banda e, se necessário, selecione a opção 5G/LTE/3G/2G (conexão automática). 

 

Países do assim chamado primeiro mundo já se preparam para o 6G, que, além de supervelocidade, promete maior integração entre hardware e software e virtualização de redes, holografia, aplicações táteis e mais compatibilidade com tecnologias vestíveis (como relógios e anéis inteligentes). Ou seja: enquanto quinta geração foca aplicações corporativas, a próxima deve priorizar os consumidores.

 

Com uma largura de banda conhecida como “nova fronteira” de frequências, o 6G promete velocidades de 1 TB/s no pico, com média de 100 GB/s (isso significa velocidades 100 vezes maiores que as do 5G). O problema é que, quanto mais alta a frequência, menor a distância que ela é capaz de percorrer, de modo que o número de antenas precisará ser muito maior. 

 

A padronização para o 6G deve ser finalizada somente em 2030. Isso no mundo civilizado. Por aqui, o Projeto Brasil 6G, iniciado no ano passado, é dividido em várias frentes de pesquisa e conta com a participação de seis universidades e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, mas até aí morreu o Neves.


Observação: O 3G foi a primeira tecnologia a levar internet rápida para smartphones. No padrão WCDMA, a velocidade máxima teórica era de 384kb/s — vale lembrar que ela surgiu em 2002, quando banda larga fixa mal chegava na casa dos megabits. A situação melhorou com a chegada do padrão HSDPA, com velocidades máximas teóricas de 3,6Mb/s e 7,2Mb/s. Com o tempo, as operadoras brasileiras adotaram o HSPA+, que alcança velocidades máximas teóricas de até 42Mb/s. Através da tecnologia LTE, o 4G permite tráfego de dados em velocidades superiores a de redes 2G e 3G, além de proporcionar maior eficiência de espectro (mais dispositivos conectados sem prejudicar a rede) e latência mais baixa que nas gerações anteriores. No Brasil, 4G é sinônimo de LTE. O 4G+ (ou LTE Advanced) é basicamente a tecnologia 4G; a diferença é que o celular se conecta simultaneamente mais de uma frequência ou faixa de espectro. O 4G e suas variantes já permitem velocidades incríveis para acesso à internet móvel, desde que as operadoras façam seu trabalho. O 5G privilegia automóveis, fechaduras eletrônicas, câmeras de segurança, enfim, um sem-número de aplicações de IoT (Internet das Coisas), mas também viabiliza o acesso de banda larga fixa com altas velocidades sem que as operadoras precisem de fibra ou cabeamentos de cobre até o cliente. A tecnologia traz maiores velocidades (acima de 10Gb/s), permite maior número de dispositivos conectados (1 milhão de devices a cada quilômetro quadrado) e menor latência, além de diferenciar aplicações por camada, permitindo priorizar aplicações críticas (cirurgias remotas, por exemplo) dentro do fluxo de dados.
 

Para não dizer que não falei das flores, o SIM Card está com os dias contados — SIM é a sigla para Subscriber Identity Module (módulo de identidade do assinante, em português); o “e” de “eSIM” vem da palavra “embedded” (embutido, em português).  Modelos top de linha da Apple e da Samsung já suportam o eSIM, que dispensa o chip; a ativação do serviço é feita digitalmente mediante login em um aplicativo ou digitalização de um código QR.

 

Com o espaço resultante da eliminação do chip e da respectiva gavetinha, o aparelho poderá abrigar uma bateria mais parruda, por exemplo. Outro ponto importante é a segurança, já que a “troca de SIM”, (ou Sim Swap) é largamente utilizada por cibercriminosos. 


Por enquanto, apenas Claro, Vivo e TIM oferecem esse serviço no Brasil.