quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O IMPEACHMENT QUE NÃO HOUVE (PARTE 3)



A operação de busca e apreensão realizada pela PF contra empresários bolsonaristas que supostamente defenderam um golpe de Estado em conversas pelo WhatsApp desagradou o procurador-geral. Aras disse que não foi avisado da operação, mas Alexandre de Moraes garante que a PGR foi intimada pessoalmenteNa entrevista que concedeu ao JN, Bolsonaro disse que seus desentendimentos com o magistrado (que ele chamou de "canalha" no vitupério de 7 de setembro do ano passado) eram "página virada", estavam pacificados. "Precisei provocar para chegar a esse ponto", jactou-se o presidente. 

Na manhã seguinte, sua alteza foi surpreendido pela notícia das diligências da PF. Moraes parece ter mesmo virado a página, só que para trás. Num instante em que o comitê da reeleição celebrava o fato de o "mito" ter passado pelo JN sem explodir, o atual presidente do TSE jogou veneno no chope da moçada. A pacificação ainda nem aconteceu e já está com o prazo de validade vencido.

Bolsonaro evitou criticar publicamente à operação contra os empresários, mas, nos bastidores incentivou-os a se mobilizarem, com receio de que o efeito colateral desse imbróglio seja a trava nas doações eleitorais. 

ObservaçãoDe acordo com o site Jota, fontes do MPF, PF e STF confirmam que foram encontradas nos celulares apreendidos pela PF com empresários bolsonaristas mensagens trocadas com o procurador-geral da República e com o procurador-geral eleitoral, com críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes e comentários sobre a candidatura de Bolsonaro.  Isso pode complicar a situação de Aras, que, além de PGR, é também o procurador-geral eleitoral. Especialmente porque o que levou à deflagração da operação foram mensagens desses empresários com defesa de Bolsonaro e críticas à eleição de Lula. Ainda segundo o site, a despeito de Aras dizer que Moraes autorizou as buscas e só comunicou a PGR depois de iniciada a operação da PF na manhã desta terça-feira, fontes ligadas ao ministros afirmam que a PGR foi informada da operação na segunda-feira. Um dos amigos de Aras é o empresário Meyer Nigri, da construtora Tecnisa, que foi citado nominalmente no discurso de posse de Aras como PGR. De acordo com assessores, o procurador tem conhecidos e amigos no mundo empresarial e, portanto, há conversas entre eles, e que as mensagens enviadas por Aras a um dos empresários, agora alvo da investigação, são comentários apenas “superficiais”.

Enquanto Arthur Lira presidir a Câmara e Ciro Nogueira for dono e senhor da chave do cofre, as chances de um pedido de impeachment seguir adiante são tantas quantas as de o inferno congelar. Augusto Aras, por razões que a razão desconhece, continuará matando no peito as denúncias contra o presidente por crimes comuns. Isso significa que Bolsonaro não sofrerá as consequências de seus atos espúrios enquanto estiver presidente. Sem o aparato de blindagem de que hoje dispõe, porém, suas chances de prosperar na Justiça comum tendem a zero


O Centrão bolsonarista e o PT vêm urdindo uma tramoia visando criar o cargo de senador vitalício para blindar ex-presidentes. Não há tempo para aprovar essa excrescência até o final do ano, mas o simples fato de esse plano existir deixa claro que o Centrão leva em consideração a possibilidade de Bolsonaro ser derrotado nas urnas e acabar na cadeia.