TO REMIND THE PAST IS TO LIVE TWICE
O que conhecemos hoje por Internet surgiu no auge da guerra fria, quando o Departamento de Defesa norte-americano criou o projeto ARPA com o objetivo de implementar um sistema de comunicação mais eficiente e confiável. Visando blindar sua estrutura contra possíveis investidas dos soviéticos, pesquisadores da Universidade da Califórnia criaram um centro de teste de protocolos de comunicação e interligaram os computadores numa rede que ficaria conhecida como ARPANET.
Muita água rolou até a população em geral ter acesso à Internet. A banda larga só se popularizou no início deste século. Antes, era preciso recorrer ao famigerado acesso discado ("rede dial up"), que era provido por uma placa de fax-modem instalada no PC, combinada com um aplicativo que discava (literalmente) para o provedor (clique aqui para ouvir o som que antecedia a conexão).
Observação: Uma matéria que eu publiquei no saudoso Curso Dinâmico de Hardware (vide ilustração) explicava como configurar adequadamente o modem, mas salientava que navegar entre 48Kbps e 52Kbps já estaria de bom tamanho, pois a má qualidade das linhas telefônicas, as condições nem sempre adequadas dos cabeamentos dos imóveis e a distância entre a central e o ponto de acesso impediam que o modem alcançasse sua velocidade máxima teórica.
Além de ser lento e instável, o serviço custava caro: as operadoras cobravam um pulso quando a ligação era completada e pulsos adicionais a cada 6 segundos — como nas chamadas telefônicas convencionais. Durante as madrugadas e em feriados e finais de semana (das 14h de sábado até as 6h da manha da segunda-feira subsequente), eram cobrados apenas dois pulsos, independentemente do tempo de ligação (ou de navegação).
Num primeiro momento, os planos de banda larga acessíveis ao cidadão comum eram limitados a 128/256Kbps — o que representava uma evolução em relação à conexão discada. Em meados de 2009, havia cerca de 11 milhões de usuários de banda larga no Brasil; dois anos depois, o número praticamente quadruplicou.
Uma matéria publicada em junho de 2011 pela saudosa revista Info (que deixou de ser impressa em 2015) dava conta de que o Brasil ocupava a 70ª posição no ranking mundial de largura de banda, com velocidade média de 4.79Mbps (Coréia do Sul, Lituânia e Suécia encabeçam a lista, com 32.40, 29.41 e 26.32Mbps, respectivamente); que menos de 40% da população tupiniquim tinha acesso à Internet; e que apenas 5% dos usuários de banda larga dispunham de velocidade nominal igual ou superior a 8Mbps.
Observação: Ainda me lembro do dia em que contratei o Speedy Turbo, de 1 Mbps, pondo fim a um pesadelos chamado Neovia, campeão em baixa velocidade e problemas de intermitência de sinal. A gota d´água foi quando a conexão caiu numa quinta-feira e foi restabelecida somente na terça da semana seguinte. Os atendentes diziam que a equipe estava realizando reconfigurações de software, que o retorno do serviço se daria dali a algumas horas, e assim foi durante cinco dias, até que finalmente um técnico veio até o condomínio e mudou um cabo lógico de porta, pondo fim ao problema.
Esses são apenas alguns exemplos dos muitos entraves que meus contemporâneos enfrentavam nos primórdios da Internet em terra brasilis. Quem não vivenciou essas agruras está convidado a me acompanhar em outra incursão pelo passado no próximo post.
Até lá.