quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

É, MAS NÃO É MUITO

 



Segundo o Portal da Transparência, os gastos de Bolsonaro no cartão corporativo da Presidência ultrapassaram R$ 75 milhões, e que o mito do Pateta torrou dinheiro em padarias (sem trocadilho), sorveterias e hotéis, além de abastecer sua mesa com picanha, caviar e remédios. 
 
Na avaliação de Josias de Souza, é preciso invadir o cartão corporativo do ex-presidente como a escumalha que o apoia invadiu as sedes dos Três Poderes, mas por razões republicanas, já que é público e notório que o "mito" dos aluados cometeu crimes, e, pior, que esses crimes têm cúmplices
Para Felipe Moura Brasil, o cartão escancara as duas caras de Bolsonaro.

"Apesar de toda a falta de refinamento que ex-presidente e seus filhos tentavam usar como marketing a seu favor, os gastos pagos com o cartão evidenciam que a refeição do ex-presidente no escurinho, quando as câmeras não estavam ligadas, era muito mais sofisticada do que ele mostrava em público para posar de homem simples e cidadão comum.. Lula e a Dilma também torraram dinheiro com o cartão corporativo (o petista gastou até mais em quantidade). É claro que precisa haver uma comparação em termos de quais foram os gastos e em que. Agora, como um se limpa na sujeira do outro — e é por isso que os dois adoram ser antagonistas um do outro — pode ser que isso fique para trás. Mas é preciso estabelecer limites, critérios, responsabilizar e punir quem abusa desse poder econômico".

 
Em meio à pandemia, Carlos Bolsonaro "trabalhou" em sistema home office na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e teve R$ 2,3 mil em diárias de hotel em Brasília pagas com o cartão corporativo da Presidência da República. Uma semana antes do pai se homiziar na Flórida, o filho se refugiou na Geórgia e, a exemplo do pai, não tem data de retorno prevista, embora tenha mais dois anos de mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro (aliás, no que tange a eleger políticos da pior qualidade, cariocas e fluminenses são imbatíveis).

Observação: No dia 18 de março, quando participou de duas sessões da Câmara em sistema home office no quarto do hotel, zero dois divulgou um vídeo do pai atacando o isolamento social. Ele participou remotamente de outras três sessões durante sua hospedagem em Brasília, sempre com a câmera fechada e quase sempre sem fazer nenhuma intervenção. Isso fez com que a Câmara do Rio determinasse aos vereadores que ligassem o vídeo. Para ironizar a medida, Carluxo participou da sessão de 23 de março com a câmera ligada, mas direcionada a um banner com sua foto.
 
Em conflito com a madrasta, Carlos não foi ter com o pai, mas continua alimentando o gabinete o ódio — quando o PSOL pediu a prisão preventiva de Jair, o pimpolho postou uma foto dele no hospital, tirada por ocasião do atentado em Juiz de Fora (MG). A estratégia rendeu mais de 9 milhões de curtidas — de acordo com o portal Metrópoles, essa foi a postagem mais acessada, no perfil do "mito", desde 2021.
 
Mudando de mosca mas continuando a sobrevoar a mesma merda, o STF já abriu meia dúzia de inquéritos e incluiu neles o ex-presidente e três parlamentares acusados de incitação ao crime. Mas não há vestígios de fardados presos. 
O que existe é uma notável discrepância entre o tratamento dispensado a civis e militares suspeitos de envolvimento na versão brasiliense do Capitólio. O Ministério Público Militar abriu seis "notícias de fato", que correm em segredo (o total de investigados é uma incógnita), mas demoram a chegar à fase dos inquéritos. 
 
Consolida-se entre as supremas togas a percepção de que será inevitável unificar procedimentos, acomodando todos os casos sobre a mesa do ministro Alexandre de Moraes — que já mandou para a cadeia quase 1.000 civis, entre os quais o ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. Responsável pelos paisanos, a PGR (ainda sob o inigualável Augusto Aras) já protocolou 3 ações penais contra 98 pessoas (que podem passar à condição de réu), mas não há militar em posição semelhante — contra os fardados, existem apenas pré-apurações.
 
Ao permitir que golpistas se entrincheirassem defronte a seu QG, o Exército espalhou a pólvora; ao manter o acampamento, mesmo depois que saíram dele os terroristas que tentaram explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília, ajeitou o pavio; ao permitir que 130 ônibus despejassem no acampamento falanges de bolsonaristas à vésperas do 8 de janeiro, riscou o fósforo; ao se omitir na proteção das sedes dos Poderes, imprimiu suas digitais na fuzarca; e ao retardar a prisão de criminosos que retornaram ao acampamento após o quebra-quebra, consolidou-se como estorvo antidemocrático.
 
Contra esse pano de fundo, não faz o menor sentido que paisanos sejam tratados com rigor enquanto o Ministério Público Militar serve refresco aos fardados.
 
Com Josias de Souza