O juiz federal Marcelo Bretas, conhecido como "Moro de Rio", foi afastado pelo Conselho Nacional de Justiça. Na avaliação do deputado Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava-Jato no Paraná, o magistrado cumpriu seu trabalho de forma corajosa e suas sentenças nos processos de Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Eike Batista e Jacob Barata Filho, entre outros, foram baseadas em provas consistentes. Os réus só foram soltos porque o STF mudou sua jurisprudência em 2019, determinando que a prisão só pode acontecer depois que o último recurso for julgado na última instância.
"Bretas condenou gente graúda, e reiteradamente, com mais de 300 prisões", escreveu Dallagnol em sua coluna na Gazeta do Povo. "As armas usadas contra os agentes da lei variam conforme a organização criminosa", prossegue o deputado. "No caso de Bretas, em vez de pistolas e fuzis, há canetas, tinta no papel, caros advogados e aliados políticos que influenciam a seleção dos conselheiros do CNJ e do Conselho Nacional do Ministério Público".
No Sermão do Bom Ladrão, o padre Antonio Vieira comparou o tratamento dado aos ladrões de galinhas e aos governantes ladrões: "Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem; esses roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: esses, sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; esses furtam e enforcam".
Parece que nada por aqui desde 1655.