Certos silêncios merecem um minuto de barulho. Militares com um mínimo de respeito à farda já teriam levado a mão à consciência e os lábios ao trombone, mas parece que o aparato miliciano que o ex-presidente chamava de "minhas Forças Armadas" ainda não foi desmobilizado.
José Múcio, o civil que Lula nomeou para chefiar a Defesa, disse que solicitou à PF os nomes dos militares que se reuniram com o desqualificado que o ex-presidente qualificou. Num mundo ideal, o ministério se apressaria em fornecer os nomes aos investigadores, não o contrário. O general Tomás Paiva, comandante do Exército, enviou ordem aos integrantes da Força pedindo “o fortalecimento da coesão interna”.
Costuma-se dizer que o compromisso das FFAA com a Constituição é inquestionável. Prova disso é o golpe de Bolsonaro ter falhado. Em algum momento, esse desapreço presumido ao golpismo precisa ser traduzido em palavras e gestos explícitos, e o melhor momento para uma tomada de atitude é três décadas atrás, quando o general Ernesto Geisel qualificou de "mau militar" o ex-capitão abrigado na política. O segundo melhor momento é agora. De preferência, ontem.
Pelo andar da carruagem, basta um fardado ficar agachado nas reuniões do alto comando para ser considerado um oficial de enorme altivez.
Com Josias de Souza