Não importa quão fundo se desça no poço Brasil, sempre haverá um alçapão levando para mais perto do quinto dos infernos. Mesmo assim, Lula tem de se esforçar muito para superar (em mediocridade) os discursos ideológicos aloprados do ex-verdugo do Planalto na Assembleia Geral da ONU. Por mais que ele capriche na bajulação a ditadores e ditaduras, o papel institucional da diplomacia tupiniquim não sairá tão chamuscado quanto nos quatro anos anteriores.
Mas isso não muda o fato de que nosso país fracassou como nação que se pretende desenvolvida. O Brasil de hoje é governado como uma usina de processamento de esgoto, onde entra merda por um lado e sai merda pelo outro. E o que mais poderia sair? Entre a porta de entrada, que é aberta nas eleições, e a de saída, quando se muda de governo, a merda muda de aparência, troca de nome, recebe nova embalagem ― mas continua sendo merda.
Embora não seja oficial reformado da Marinha, o general Mauro Lourena Cid — o Cidão — submergiu por completo depois que o filho Cidinho firmou acordo de delação com a Polícia Federal. Segundo a coluna de Bela Megale, Cid pai trocou o número do celular e não passou o novo contato para amigos fardados que integraram o governo Bolsonaro, embora tenha garantido a alguns ex-ministros que eles não foram mencionados na delação de Cidinho.
Cid Filho revelou que Bolsonaro recebeu do ex-assessor Filipe Martins a minuta de um decreto golpista propondo a realização de novas eleições e a prisão de autoridades, e que o capetão pediu para alterar, mantendo a convocação de novas eleições e restringindo a ordem de prisão ao ministro que ele tratava por "canalha". Cidinho só tomou conhecimento dessa minuta quando Martins lhe apresentou uma versão em formato digital, para que fossem feitas as mudanças suscitadas pelo chefe.
Depois que o assessor retornou com o texto alterado, Bolsonaro convocou os comandantes das Forças Armadas para discutir as medidas a serem adotadas. O almirante Almir Garnier Santos garantiu que a Marinha estava pronta para aderir a um chamamento, mas o general Freire Gomes afirmou que o Exército não embarcaria num eventual plano golpista.
Observação: Procurados pela coluna, Garnier não foi localizado e a Marinha reiterou em nota que "eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força". O ministro José Múcio defende que os militares envolvidos na trama sejam punidos, mas reitera que as FAA não endossaram a ofensiva golpista.
O documento encontrado no celular de Cidinho aponta que decisões ilegítimas e inconstitucionais do STF evidenciam a necessidade de restaurar a segurança jurídica e a defesa das liberdades, o que justificaria a decretação de um Estado de Sítio para "restaurar" o Estado Democrático de Direito. Segundo a PF, a súcia golpista pretendia contornar a resistência do Comandante do Exército e convencer o Comando de Operações Especiais de Goiânia, formado pela tropa de elite da caserna, a tomar alguma medida para evitar a troca de governo.
Mas nem tudo são flores. O movimento que ganhou corpo para limitar os poderes do STF entusiasmou Bolsonaro, que conseguiu eleger um número significativo de senadores alIados — entre os quais o filho Flávio — e pretende usá-los atingir as togas. Nos últimos dias, o Senado avançou no debate do projeto que estabelece mandato fixo e limita decisões monocráticas dos ministros. A ver que bicho dá.
Com Ricardo Kertzman e Bela Megale.
Observação: Procurados pela coluna, Garnier não foi localizado e a Marinha reiterou em nota que "eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força". O ministro José Múcio defende que os militares envolvidos na trama sejam punidos, mas reitera que as FAA não endossaram a ofensiva golpista.
O documento encontrado no celular de Cidinho aponta que decisões ilegítimas e inconstitucionais do STF evidenciam a necessidade de restaurar a segurança jurídica e a defesa das liberdades, o que justificaria a decretação de um Estado de Sítio para "restaurar" o Estado Democrático de Direito. Segundo a PF, a súcia golpista pretendia contornar a resistência do Comandante do Exército e convencer o Comando de Operações Especiais de Goiânia, formado pela tropa de elite da caserna, a tomar alguma medida para evitar a troca de governo.
Mas nem tudo são flores. O movimento que ganhou corpo para limitar os poderes do STF entusiasmou Bolsonaro, que conseguiu eleger um número significativo de senadores alIados — entre os quais o filho Flávio — e pretende usá-los atingir as togas. Nos últimos dias, o Senado avançou no debate do projeto que estabelece mandato fixo e limita decisões monocráticas dos ministros. A ver que bicho dá.
Com Ricardo Kertzman e Bela Megale.