A aprovação do Orçamento de 2024 não só provou que Papai Noel existe como mostrou que ele é político e corporativista: às vésperas do Natal, o bom velhinho presenteou os parlamentares com R$ 53 bilhões em emendas e um fundão eleitoral de quase R$ 5 bilhões.
Já o povo, que vai pagar a fatura, ganhou uma facada de R$ 6,3 bilhões no PAC, uma tesourada de R$ 4,1 bilhões no Minha Casa, Minha Vida e uma lipoaspiração de R$ 4,9 bilhões no orçamento dos ministérios.
Sumiram R$ 851 milhões da Saúde, R$ 320 milhões da Educação, R$ 336 milhões da pasta das Cidades e R$ 482 milhões do Ministério dos Transportes. O Vale Gás perdeu R$ 44,3 milhões e o salário-mínimo baixou de R$ 1.421 para R$ 1.412 — como se R$ 9 não fizessem falta para quem convive com a sobra do mês no fim do salário.
Reunidos numa frente ampla que vai do PT de Lula ao PL de Bolsonaro, os parlamentares puseram de lado suas diferenças ideológicas para rechear o Orçamento do ano que vem com o dobro do valor aprovado para bancar as eleições municipais de 2020.
Dando de ombros para o drama social que caracteriza a desigualdade brasileira, suas excelências cantaram afinadas como anjos num coral do infernal, produzindo um recital tão repugnante quanto revelador. Repugnante porque transformou o país do jeitinho num país que não tem jeito; constrangeu porque deixou claro está na hora de votar nas putas, visto que eleger os filhos delas não deu certo!