domingo, 30 de junho de 2024

GORGONZOLA CASEIRO

DEMOCRACIA SÃO DOIS LOBOS E UMA OVELHA DECIDINDO O QUE COMER NO JANTAR.

Na postagem de 5 de maio eu comentei que o Gorgonzola e o Roquefort são chamados de "queijos de mofo azul" por causa do veio azul-esverdeado resultante da adição do mofo penicillium roqueforti ao leite ou à coalhada durante o processo de produção. 

Por serem parecidos, esses dois tipos de queijo são tidos e havidos como "pinga da mesma pipa" pelo menos iniciados, mas o Gorgonzola é italiano e feito com leite de vaca, enquanto o Roquefort é francês e feito com leite de ovelha. Ambos ornam com tábuas de queijo e são usados para rechear massas e fazer molhos, inclusive para carnes vermelhas, além de harmonizarem com os mesmos vinhos (Porto, Sauterne, Riesling e alguns Chenin Blanc). 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Mal tomou posse, Lula se zangou com "esse cidadão" que preside o Banco Central. Mais adiante, estendeu seus maus bofes aos "dinossauros" do mercado e, nesta semana,, aos jornalistas — chamando de "cretinos" os que vincularam a alta do dólar a sua fala desastrosa na última quarta-feira, em entrevista ao UOL. 
Na véspera, o dólar fechara cotado a R$ 5,45. Na manhã de quarta, quando o presidente começou a falar ao vivo, roçava os R$ 5,48. Ao final da entrevista, o estava em R$ 5,52 — alta de 1,20% sobre a cotação do dia anterior.
Quem gosta de falar precisa aprender a ouvir. Lula atribui os sobressaltos do mercado à ação de especuladores. Demora a perceber que a artilharia contra o BC — hoje ornamentado com quatro diretores saídos de sua caneta — e a dubiedade da política econômica financiam ajudam os fogos de quem lucra com a alta do dólar. 
Na metade do seu terceiro mandato, o ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário, ex-corrupto) conhece esse jogo como poucos, e sabe que chamar de "cretino" quem expõe o efeito bumerangue de suas falas é apenas uma cretinice inútil.

Faltou dizer que o Gorgonzola começou a ser produzido na região de Gorgonzola, próxima a Milão, no século X. Reza a lenda que um queijeiro misturou com massa nova um resto de massa que sobrou do dia anterior, donde o surgimento do bolor. Outra versão sustenta que a mistura foi de leite azedo com leite fresco, mas o fato é que coalhada resultante foi tomada por um fungo azul-esverdeado (Penicillium Roqueforti) que agregou novo sabor ao queijo — que recebeu nome de sua cidade de origem, como era costume naquela época.
 
Da feita que a aparência e o cheiro "duvidosos" do Gorgonzola não agradavam à aristocracia, o queijo foi comercializado localmente durante séculos, até ser levado por mercadores à Lombardia e a Piemonte. Nos anos 1930, dois "gourmets" provaram o queijo e o mencionaram em seu livro de gastronomia, mas o Gorgonzola só ficou famoso durante a 2ª Guerra Mundial, quando Sir Winston Churchill, que era um glutão de marca maior, recomendou expressamente aos aliados que não bombardeassem a região em que a delícia era produzida (que passou a ser o queijo mais consumido no restaurante do Parlamento inglês).
 
Considerando que os laticínios estão pela hora da morte, produzir Gorgonzola artesanalmente pode ser uma alternativa interessante. Para 1kg do queijo, você vai precisar de 10 litros de leite integral não pasteurizado, ¼ de colher de chá de fermento lácteo mesofílico, ¼ de colher de chá de penicillium roqueforti, ¼ de colher de chá de coalho líquido e 2 colheres de sopa de sal refinado não iodado. O preparo é trabalhoso, mas o resultado é compensador.
 
1 — Aqueça o leite a 30°C (use um termômetro culinário), adicione o fermento lácteo e o penicillium, misture bem, deixe descansar por 30 minutos, acrescente o coalho líquido, torne a misturar e deixe descansar por mais 45 minutos (até que o leite coagule);
 
2 — Corte a coalhada em cubinhos (cerca de 1,5cm) com uma faca esterilizada, deixe descansar por 5 minutos (para que o soro comece a separar) e então aqueça a 35°C por 30 minutos, mexendo ocasionalmente para o leite não queimar no fundo da panela. 
 
3 — Transfira a coalhada para um escorredor de queijo e deixe drenar. Ao final, misture o sal (não iodado), coloque a coalhada numa forma de queijos (pressionando levemente para moldar) e deixe descansar por 24 horas. 
 
4 — Fure o queijo várias vezes com uma agulha de tricô esterilizada (a entrada de ar é fundamental para o desenvolvimento do mofo) e coloque-o num recipiente para maturação com umidade controlada (cerca de 85%) e temperatura entre 10-12°C. Vire o queijo a cada dois dias nas duas primeiras semanas e continue o processo de maturação por mais 3 ou 4 semanas (a maturação é essencial para o queijo adquirir seu sabor característico). 
 
5 — Quando o queijo estiver pronto, coloque-o num recipiente hermético, guarde na geladeira e consuma em até um mês.
 
Dica: Se preferir um sabor mais intenso, deixe maturar por mais uma ou duas semanas.