QUEM NÃO ACREDITA EM VIDA APÓS MORTE NÃO TEM POR QUE TEMER AS TORTURAS DO INFERNO NEM AS CHATURAS DO CÉU.
Winston Leonard Spencer Churchill (1874-1965) ingressou na política em 1900, serviu como Primeiro-Ministro do Reino Unido de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955 e se tornou o político britânico de maior destaque no século XX.
Em 1946, num de seus discursos, cunhou o termo "cortina de ferro", que foi largamente utilizado, durante a "Guerra Fria", como sinônimo da linha imaginária que separava os países capitalistas do bloco comunista comandado pela URSS. Embora não fosse o primogênito dos duques de Marlborough, sempre manteve um estilo de vida refinado: "Não sou exigente: contento-me com o que há de melhor", disse, numa de suas muitas tiradas espirituosas.
Como cadete, o jovem Winston ganhava apenas £ 120 por ano, o que não o impediu de comprar cavalos de polo, manter uma conta no alfaiate (que levaria 6 anos para ser paga) e jantar regularmente no luxuoso Hotel Coburg. Aos 20 anos, descobriu que sabia escrever bem, e que esse talento lhe permitiria custear suas crescentes extravagâncias.
Observação: Conforme eu mencionei nesta postagem, WC escreveu o ensaio Estamos sozinhos no Universo? — jamais publicado —, que versa sobre a vastidão do espaço, a existência de milhões de estrelas e a possiblidade de existir vida nos planetas que as orbitam.
Antes de ingressar na política, Churchill foi correspondente de guerra em Cuba, onde adquiriu o gosto por charutos. Consta que sua média diária era de 10 habanos, que ele acendia o primeiro ao acordar e dormia com o último no cinzeiro, e que teria fumado 250 mil unidades, de várias marcas, entre 1895 e 1965. A cubana Habanos deu seu nome o formato conhecido conhecido como Julieta Nº 2 — um portentoso cilindro de tabaco de 178 mm de comprimento por 18,7 mm de diâmetro que proporciona mais de um hora de baforadas.
Antes de ingressar na política, Churchill foi correspondente de guerra em Cuba, onde adquiriu o gosto por charutos. Consta que sua média diária era de 10 habanos, que ele acendia o primeiro ao acordar e dormia com o último no cinzeiro, e que teria fumado 250 mil unidades, de várias marcas, entre 1895 e 1965. A cubana Habanos deu seu nome o formato conhecido conhecido como Julieta Nº 2 — um portentoso cilindro de tabaco de 178 mm de comprimento por 18,7 mm de diâmetro que proporciona mais de um hora de baforadas.
Reza a lenda que, após um bombardeio alemão destruir a Dunhill da Jermyn Street, um funcionário telefonou ao premiê às 4h da manhã para garantir que seus charutos estavam intactos. O MI6 receava que os habanos que lhe eram presenteados pudessem estar envenenados — temor compartilhado pelo ditador cubano Fidel Castro, que tinha provadores para testar os charutos que ele fumava.
Churchill era bom de copo. Diz-se que tomou gosto pelo scotch na Índia — onde, segundo ele, havia apenas duas opções: água suja com chá ou água suja com uísque —, mas foi o champanhe que se tornou seu amigo inseparável (ele tomava 2 garrafas por dia e que entornou mais de 40 mil entre 1908 e 1965). Uma nota de compras na Randolph Payne & Sons da St. James’s Street lista 6 garrafas de vinho d’Ay seco (leia-se champanhe), 18 de Bordeaux, 6 de Porto leve e outras tantas de vermute, 18 de scotch 10 anos, 6 de brandy 1866 e 12 de licor de lima. (A Payne & Sons viria a ser, por mais de 40 anos, sua principais fornecedora de iguarias).
O premiê começava o dia com um cálice de vinho branco alemão, que tomava no café da manhã. Entre as refeições, bebia uísque. No almoço e no jantar, champanhe, Bordeaux e Vinho do Porto. Seu espumante favorito era o Pol Roger — a vinícola batizou seu champanhe top de linha como Cuvée Sir Winston Churchill, que só lançava nas melhores safras.
A despeito de seu porte avantajado, Churchill se vestia com apuro. Já como jovem membro do Parlamento, escolhia costumes e sobretudos na Bernau & Sons ou na Henry Poole, bengalas e guarda-chuvas na Thomas Brigg, chapéus na Chapman & Moore e as inevitáveis gravatas-borboleta (estampadas com bolinhas) na Turnbull & Asser. Clementine Churchill, com quem foi casado por quase 60 anos — reclamava da extravagância de suas roupas íntimas de seda, que custavam "os olhos da cara", mas ele se defendia dizendo que tinha pele delicada.
Além de bom copo e bom garfo, Churchill adorava receber. Ele escolhia pessoalmente os pratos, as bebidas, a música e a disposição dos convidados à mesa. O cardápio incluía caldos, ostras ou caviar, lagosta, siri, linguado ou truta, rosbife, paleta de cordeiro, foie gras e queijo gruyère — que o anfitrião arrematava com Dundee Cake (bolo escocês com frutas secas, rum e amêndoas), Yorkshire pudding e bombas de chocolate. Pratos da alta cozinha francesa também eram bem-vindos, assim como licor Benedictine. A cozinheira Georgina Landemare, que o serviu de 1939 até se aposentar, aos 72 anos, publicou em 1958 o livro Recipes from No. 10, com 360 receitas preparadas em Downing Street.
Apesar dos abusos etílicos e gastronômicos, Churchill foi um fenômeno como soldado, jornalista, político, orador, historiador, frasista e escritor — o que lhe valeu o Nobel de literatura —, viveu até os 90 anos e teve o nome perpetuado sob a forma de um charuto e um champanhe. E por falar (de novo) em bebidas, sua mãe (a norte-americana Jenny Jerome, que colecionou centenas de amantes, incluindo o rei Eduardo VII) teria inspirado a criação do famoso Manhattan.
Consta que o coquetel foi preparado, pela primeira, durante um evento da campanha presidencial de Samuel Jones Tilden (que acabou derrotado por Rutherford B. Hayes), especialmente para Lady C, mas, de acordo com o historiador David Wondrich, no dia do rega-bofe, ela estava na Inglaterra dando à luz o futuro premiê, e que a bebida foi criada em 1860 por alguém de nome Black. Mas há quem atribua a paternidade (do drinque) a um certo Coronel Joe Walker, que misturou vermute com uísque durante um passeio de iate com amigos no Rio Hudson.
Observação: Segundo o Bartenders' Manual, para preparar um Manhattan comme il faut deve-se encher um copo grande com gelo, acrescentar 1 ou dois traços de xarope de goma, o mesmo tanto de bitter de laranja, 1 pitada de curaçao ou absinto, ½ taça (vinho) de rye ou bourbon, o mesmo tanto de vermute italiano, mexer bem (ou bater), coar em um copo de coquetel elegante (Martini ou Old Fashioned) e borrifar o sumo de uma casquinha de limão. Com o passar do tempo, a goma e o absinto saíram de cena, o marasquino virou guarnição e o Angostura bitter substituiu o bitter de laranja.
Em 2002, uma enquete promovida pela BBC elegeu o Leão de Westminster o maior britânico de todos os tempos, ainda que, como muitos de sua geração, ele fosse antissemita, simpatizasse com a "supremacia branca" e considerasse os indianos uma "raça inferior". Por outro lado, a despeito do que pensam os defensores do "politicamente correto", julgar alguém que cresceu na era eduardiana à luz dos padrões atuais e idiotice. Em que pesem suas falhas, Churchill foi um grande homem.
Entre as muitas tiradas espirituosas do estadista britânico, destaco as seguintes:
"Amanhã estarei sóbrio, mas a senhora continuará feia" (resposta a Bessie Braddock (política do Partido Trabalhista), que o acusou de estar bêbado.
Nancy Astor (primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns), disse a ele que, se fosse sua mulher, envenenaria seu café. A resposta: "Se eu fosse seu marido, tomaria esse café."
Bilhete do dramaturgo Bernard Shaw acompanhado de dois ingressos: "Venha à estreia e traga um amigo, se você tiver algum." Bilhete de resposta: "Estou demasiado ocupado para ir à estreia, mas irei à segunda representação, se houver."
Bernard Montgomery (general britânico): "Não fumo, não bebo, durmo cedo, estou 100% em forma." A resposta: "Bebo muito, durmo pouco, fumo um charuto atrás do outro, estou 200% em forma." (outra versão dá conta de que o general disse: "Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói de guerra.", e que o premier comentou com um colega: "Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."
Em seu 80º aniversário, disse um repórter: "Espero voltar a fotografá-lo na festa de seus 90 anos." Churchill retrucou: "E por que não, meu jovem? Você me parece bastante saudável." E quando completou 90 anos, perguntado por um repórter qual era o segredo de sua longevidade, ele respondeu: "O esporte, meu caro… eu nunca pratiquei".
Pergunta (feita por um garotinho): "É verdade que você é o homem mais famoso do mundo?" Resposta: "É, sim. Agora, cai fora."
Para fechar com chave de ouro: "A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos". Tempos depois, WC teria acrescentado: "O melhor argumento contra a democracia é uma conversa de cinco minutos com um eleitor mediano."