sexta-feira, 20 de outubro de 2023

A VOLTA DO ANÃO DIPLOMÁTICO


Israel afirmou que vai desarmar e destruir o Hamas — grupo terrorista islâmico que assumiu o controle da Faixa de Gaza em 2007 e sobreviveu a quatro confrontos, alternando ciclos de violência e relativa calmaria. Mas um ataque por terra em áreas densamente povoadas terá consequências dramáticas. E mais: O que o governo israelense pretende fazer com o enclave arrasado? Reocupar e voltar a administrar o território, que é o lar de mais de 2 milhões de palestinos, seria considerado um retrocesso; permanecer em Gaza por tempo indeterminado sairia muito caro; entregar o controle do território à inoperante Autoridade Palestina (como ocorreu entre 1994 e 2006) é inviável e carece de apoio da população local.

 

Observação: Em 2015, o Hamas sequestrou 3 adolescentes e lançou milhares de foguetes contra Israel, que respondeu com bombardeios e uma operação por terra na Faixa de Gaza. O Itamaraty, então sob a batuta de Dilma, condenou energicamente o "uso desproporcional da força". A reação indignada diante da pequenez da diplomacia brasileiro, somada a uma tirada sarcástica ("desproporcional é perder de 7 a 1"), custou o cargo do porta voz da chancelaria israelense, mas cunhou a expressão "anão diplomático". 

 

Diante do maior massacre de judeus desde o Holocausto, o anão diplomático rises again, ora sob o "ex-tudo" (ex-retirante, ex-sindicalista, ex-presidiário, ex-condenado, etcetera e tal), cuja primeira manifestação oficial falou em terrorismo mas não citou o Hamas, além de deixar implícito que a culpa seria da ineficiência diplomática ou do subdesenvolvimento de Gaza, quando o verdadeiro culpado é o grupo terrorista. 

 

Qualquer tentativa de justificar ou de contextualizar um ato de violência soa como um expediente para culpar a vítima e/ou inocentar o agressor. A dificuldade de Lula em juntar "terrorista" e "Hamas" na mesma frase e suas tentativas de contextualização foram ecoadas pela esquerda despudorada. Um assessor parlamentar do PCdoB chegou a zombar de uma mulher sequestrada, e Guilherme Boulos, do Psol, publicou uma "em defesa dos direitos do povo palestino", mas sem falar em terrorismo, e também equiparou o Estado de Israel ao grupo terrorista. 

 

Quando se trata de terrorismo, o PT e as esquerdas assumem uma postura sui generis. Do alto da presidência de turno do Conselho de Segurança da ONU, Lula — que tem feito o possível para não culpar a Rússia pela invasão da Ucrânia, seguindo o mesmo padrão de inocentar o perpetrador da violência e responsabilizar a vítima — apresentou uma proposta que teve 12 votos a favor e duas abstenções, mas foi rejeitada pelos EUA. Segundo a embaixadora norte-americana, o presidente Biden já estava na região do conflito, e era preciso "deixar essa diplomacia acontecer" (mas também pesou o fato de a moção tupiniquim não reconhecer o direito de autodefesa de Israel).

 
O Brasil tem apoiado o Irã, que em breve se juntará ao Brics. Sob influência da China, o grupo se tornou uma patota de ditaduras que se opõem às democracias ocidentais 
 dos cinco membros (Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul), somente a Índia falou em terrorismo em seu comunicado oficial. 
No espírito de que "o Brasil voltou", Lula vem se arvorando em "solucionador" dos grandes problemas mundiais, mas sua relutância em condenar os agressores nos principais conflitos e a tentativa de culpar as vítimas impedem o país de conquistar a autoridade necessária ao exercício da liderança. 

Sem envergadura moral, o anão diplomático está longe de cumprir a missão que ele mesmo se impôs.
 
Com Crusoé