terça-feira, 17 de setembro de 2024

MITOS, MICOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

ALGUMAS PESSOAS SÃO COMO PÁSSAROS: VOCÊ AS AJUDA A VOAR E, ASSIM QUE CONSEGUEM, ELAS GAGAM EM VOCÊ.

Mitos são fatos históricos "não verdadeiros", e teorias da conspiração, narrativas que carecem de provas e/ou embasamento científico. Um exemplo de mito é a lenda segundo a qual Prometeu roubou o fogo de Héstia e o deu aos mortais, e um exemplo de teoria da conspiração, a alegada forjadura da alunissagem da Apollo 11.

A despeito de Pitágoras ter refutado o terraplanismo 500 anos antes do início da era cristã e de mais de 4 milhões de fotos tiradas do espaço comprovarem que a Terra é um globo, 10% dos brasileiros se declaram terraplanistas (e o pior é que essa gente vota!)  

Quando afirmou que o Universo e a estupidez humana são infinitos, Einstein ressaltou que, quanto ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Em Ensaio sobre a cegueira, o Nobel de Literatura José Saramago borrifou frases que descrevem com perfeição a conjuntura surreal que vivenciamos, entre as quais "a pior cegueira é a mental, pois faz com que não reconheçamos o que temos pela frente".

Inúmeros mitos ensejaram teorias que ainda movimentam o moinho dos conspiracionistas, mesmo depois de terem sido desbancados pelos fatos. Na visão míope dos desprovidos de neurônios, Paul McCartney morreu num acidente de carro em 1966, Michael Jackson forjou a própria morte, a princesa Diana foi assassinada a mando da Família Real Britânica, o tsunami do Oceano Índico foi causado por testes nucleares dos EUA e de Israel, e por aí vai.
 
Entre diversos mitos desmitificados que continuam posando de verdades absolutas figura o do Cavalo de Troia (a cidade existiu e a guerra contra os gregos aconteceu, mas o mesmo não se aplica ao cavalo de madeira). Também não há evidências de que a rainha-consorte Maria Antonieta seja a autora da célebre frase "se não têm pão, que comam brioches" (até que ela tinha 9 anos e vivia na Áustria quando o epigrama foi registrado pela primeira vez).
 
Reza a lenda que, quando partiam em suas cruzadas, os cavaleiros medievais trancafiavam as partes íntimas das esposas em cintos de castidade, mas isso não passa de uma narrativa criada pelos renascentistas para exemplificar o obscurantismo da Idade Média (quando mais não seja porque alguém que usasse o tal acessório por períodos tão prolongados fatalmente morreria de septicemia).  
 
Em A Conquista de Marte de Edison, o astrônomo americano Garret P. Serviss anotou que "alguém de fora da Terra" teria visitado o Egito e construído as Pirâmides e a Esfinge; 70 anos depois, Erich von Däniken publicou Eram os Deuses Astronautas? O livro de Serviss é pura ficção científica, e o de Däniken foi tachado de pseudociência. Mas isso não muda o fato de que a obra do pesquisador suíço foi traduzida para mais de 30 idiomas, vendeu dezenas de milhões de cópias e inspirou a bem-sucedida série Alienígenas do Passado, produzida pelo History Channel. 

Pseudociência ou não, causa espécie que os antigos egípcios tivessem conhecimentos avançados de matemática e geometria, usassem um sistema decimal, dominassem a escrita e dispusessem de um calendário baseado na estrela Sirius — que só era avistada durante o inicio da enchente do Nilo, que não acontecia todos os anos e, quando acontecia, não começava sempre no mesmo dia (não seria mais fácil e lógico fazer as projeções a partir do Sol e da Lua?)
 
A teoria segundo a qual soldados de Napoleão destruíram a tiros o nariz da célebre Esfinge de Gizé não se sustenta diante dos indícios robustos de que escultura foi mutilada pelo sufi Muhammad Sa’im al-Dahr, que viveu no Egito no século XIV, por considerar que o culto àquele monumento afrontava os preceitos muçulmanos. Aliás, a destruição de artefatos históricos por fanáticos religiosos foi uma prática recorrente ao longo de toda a história, haja vista o que fez o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. 

As perguntas estão aí. Responda quem souber.