segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

OS TRÊS HOMENS IGUAIS — CONTO DE MALBA TAHAN

quando vires um, desconfia de três; quando vires três, desconfia de um.
 
A notícia de que um misterioso mago persa, acompanhado de três homens rigorosamente iguais, estava de passagem pela cidade de El-Katif atiçou a curiosidade do rei Fahad. 

Depois que o monarca e sua comitiva se acomodaram na luxuosa tenda do mago, este bateu palmas e uma pesada cortina se ergueu, exibindo um homem vestido à maneira dos mercadores persas.

— Eis, aí, ó rei magnânimo, o primeiro dos três homens iguais — disse o bruxo.


Assim que o homem desapareceu por detrás da pesada cortina, o mago tornou a bater palmas, e um homem idêntico ao primeiro surgiu do mesmo lugar.

— Eis aí, ó rei magnânimo, o segundo dos três homens iguais — disse novamente o feiticeiro. Os nobres olharam-se desconfiados. A um novo sinal, o segundo homem se afastou e desapareceu como o anterior. O mago bateu palmas pela terceira vez, e um terceiro homem, idêntico aos outros dois, surgiu imediatamente no palco.

— Eis aí, ó rei magnânimo, o terceiro dos três homens iguais.

— Não creio nesta farsa ridícula — vociferou o rei, irritado. — Pensa que não percebi que se trata do mesmo homem apresentado por três vezes?

— Acreditará em mim se vir os três homens juntos? — questionou o mago. Antes que o rei pudesse responder, a cortina se ergueu novamente, e todos puderam ver três homens perfeitamente iguais no meio do tablado.

— Agora, sim — disse o califa. — Agora acredito que os três homens são realmente iguais. Aproximando-se do rei, o mágico sussurrou:

— Perdoe minha ousadia, mas Vossa Majestade não deve acreditar no que vê. Sobre o tablado está um homem só. As outras figuras que aparecem a seu lado são imagens obtidas com o auxílio de espelhos combinados. No início, porém, era verdade.

Ante a expressão confusa do monarca, o mago explicou: 

— Apresentei três homens idênticos, um de cada vez. Como as aparências eram-me desfavoráveis, Vossa Majestade não me deu crédito. Agora, usando apenas um dos homens e um truque de espelhos, Vossa Majestade acreditou em mim, porque as aparências estão a meu favor.

Para evitar dúvidas, o feiticeiro ordenou aos três homens iguais que passassem juntos diante do rei, que o recompensou com uma bolsa repleta de pedras preciosas.

Assim também é a vida: iludidos por aparências enganadoras, deixamos de enxergar a verdade. As respostas mais simples da vida costumam ser também as mais difíceis de enxergar.  

Moral da história: Jamais menospreze o poder das palavras melífluas de um bom enganador.