NÃO ANTECIPE PROBLEMAS NEM SE PREOCUPE COM O QUE TALVEZ NUNCA ACONTEÇA.
Um conjunto de fórmulas matemáticas conhecido como Transformações de Lorentz descreve como o tempo e o espaço se comportam quando algo se move em velocidades próximas à da luz (lembrando que a velocidade da luz é designada pela letra "c" e equivale a cerca de 1,08 bilhão de km/h).
Se alguém viajar a 90% de "c", o relógio desse alguém parecerá avançar mais devagar, sua nave parecerá "encolher" no sentido do movimento, e dois eventos simultâneos parecerão acontecer em momentos diferentes para quem ficou na Terra. No entanto, embora nossa percepção de tempo e espaço se altere, "c" permanece constante, atuando como um limite universal e garantindo que a causalidade seja sempre respeitada.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
O candidato que prometeu pendurar as chuteiras no final do terceiro mandato jamais desceu do palanque. Agora, faltando 18 meses para as eleições, ele amarga os maiores índices de rejeição de toda sua trajetória política, e aposta num governo minoritário, sem ideias novas ou grandes planos, para buscar a qualquer custo a popularidade perdida.
Semana passada, visando estimular o consumo, Lula editou uma medida provisória que vai injetar bilhões na economia via crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada. Na equipe econômica, nota-se a preocupação com esse incentivo à demanda no momento em que a inflação morde o bolso do consumidor e a popularidade do (des)governante, para quem eleição se ganha com gastança.
Assim como Bolsonaro negava a eficácia das vacinas, Lula nega que o desequilíbrio das contas públicas seja o maior responsável pela inflação e, consequentemente, pela alta dos juros. Pressionado pela popularidade em baixa, ele busca encontrar programas que facilitem o consumo das famílias. Sua excelência ainda não percebeu que, quanto mais esbraveja, maior é a desconfiança do mercado financeiro.
Ao guindar Gleisi e Padilha a ministérios palacianos, Lula espera que ela contenha o ímpeto de fuga do Centrão e amarre alianças para 2026, e que ele dê brilho na vitrine da Saúde para atender à incessante busca do governo por marca forte. Gleisi precisa convencer Deus e o mundo a esquecer que ela própria classificou de "austericídio fiscal" a política de equilíbrio de contas defendida por Haddad, além de levar o Centrão a fazer de conta que não a ouviu atribuir o mau desempenho do partido, nas eleições municipais de 2024, ao uso de emendas por parte desse grupo.
Num barco desgovernado e que pode ir a pique antes da troca de comandante, o racha interno do partido presidido por Gleisi até algumas semanas atrás não lhe confere a melhor credencial no quesito atenuação de conflitos. Se ela não foi capaz de pacificar a própria casa, dificilmente conseguirá apaziguar os ânimos nas casas partidárias de vizinhos ariscos.
Em 1910, Vladimir Ignatowski demonstrou que as Transformações de Lorentz podem ser derivadas a partir do princípio da relatividade de Galileu e da isotropia do espaço, sem a necessidade de assumir a constância da velocidade da luz. Dessa forma, velocidades superluminais que não envolvam transmissão de informações não violam a relatividade nem geram paradoxos temporais.
Dentro do vasto e intrincado tecido da relatividade geral, as curvas temporais fechadas emergem como uma das mais fascinantes e paradoxais implicações teóricas. Elas representam trajetórias no espaço-tempo que, em essência, conectam um ponto no passado de um observador ao futuro desse observador, criando um ciclo temporal fechado que levanta questões profundas sobre a natureza do tempo e a causalidade no universo.
Uma das soluções mais notórias que incorpora as CTCs é a métrica de Gödel, que descreve um universo onde as curvas temporais ocorrem naturalmente devido à estrutura rotacional do espaço-tempo. Por outro lado, embora seja matematicamente consistente com a relatividade geral, essa solução requer uma constante cosmológica negativa que não é observada no nosso universo, e a presença de CTCs desafia a lógica tradicional de causalidade, pois eventos poderiam influenciar a si mesmos, gerando dilemas como o célebre "paradoxo do avô".
Segundo a física Sabine Hossenfelder, a presença de CTCs em soluções teóricas não implica necessariamente realização física. A hipótese da censura cósmica de Roger Penrose, por exemplo, sugere que as leis da física podem ser autocensuradas para evitar paradoxos e manter a causalidade intacta no universo observável. Ainda que ofereçam um campo fértil para a exploração teórica e filosófica, as CTCs continuam sendo uma questão especulativa no universo real — e um lembrete das surpresas com que a relatividade ainda desafiará nossos conceitos intuitivos de tempo e espaço.
Por falar na relatividade, as Equações de Campo de Einstein descrevem como a matéria e a energia moldam o espaço-tempo, mas não determinam a geometria do universo de forma única. Essas soluções dependem das condições de contorno — informações adicionais que precisam ser inseridas para que os cálculos façam sentido físico —, e nem todas são realistas: a solução de Gödel, que permite viagens no tempo através de CTCs, é matematicamente possível mas fisicamente improvável devido a paradoxos.
Devido à complexidade das equações de Einstein, muitas soluções precisam ser obtidas por simulações computacionais e demandam cautela na interpretação dos resultados — a questão dos táquions, por exemplo, gera discussões interessantes sobre a natureza do espaço-tempo. De acordo com Sabine, os mundos subluminal e superluminal não são separados por um limite absoluto de velocidade, mas por um "barreira de possibilidades".
Essa ideia orna com o fluxo de Hubble, que explica como galáxias se afastam a velocidades superluminais sem violar as leis da física. Para entender melhor, imagine o Universo como uma bexiga de borracha e as galáxias como a inscrição "Feliz Aniversário". Conforme a bexiga infla, a distância entre as letras aumenta, mas não porque elas mudam de lugar, e sim porque acompanham expansão resultante da pressão do ar no interior do bexiga.
Continua...