quarta-feira, 9 de julho de 2025

SALVE-SE QUEM PUDAR (CONTINUAÇÃO)

VOCÊ NUNCA VAI CHEGAR A SEU DESTINO SE PARAR PARA ATIRAR PEDRAS EM CADA CÃO QUE LATE.

 

No post do último sábado, vimos que Lula se casou em primeiras núpcias em 1969, mas Maria de Lurdes da Silva contraiu hepatite no oitavo mês de gravidez, e ela e o bebê morreram na mesa de parto, em meio a uma cesariana de emergência. Três anos depois, o viúvo teve um caso — e uma filha — com Míriam Cordeiro e se casou com Maria Letícia da Silva, com quem teve os filhos Fábio Luiz, Sandro Luiz e Luiz Cláudio — além de Marcos Cláudio, do primeiro casamento dela, que ele adotou formalmente. 


Marisa morreu em fevereiro de 2017, cinco meses antes de o marido ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. No velório, o viúvo inconsolável proferiu um discurso lacrimoso; nas redes sociais, mensagens de solidariedade se misturaram a posts que oscilavam entre o mau gosto e o grotesco. Militantes e puxa-sacos relembraram a infância pobre da finada — que começou a trabalhar aos nove anos e ficou viúva do primeiro marido aos vinte, mas ninguém mencionou que ela mandou plantar, no gramado do Alvorada, um canteiro de flores vermelhas formando a estrela símbolo do PT (evidenciando a notória incapacidade petista de separar o público do privado), nem que "fechava os olhos" (metaforicamente falando) para o affair que o marido iniciou com Rosemary Noronha nos anos 1990, mas que só veio a público em 2012, quando a PF deflagrou a Operação Porto Seguro

A "segunda-dama" — como Rose era chamada informalmente — acompanhou Lula (a quem ela se referia como "Deus") em nada menos que 32 viagens oficiais. Seu nome não constava do manifesto de voo nem ela se hospedava na mesma suíte do chefe, mas sempre ficava nos melhores hotéis, frequentava restaurantes estrelados e recebia uma mesada de R$ 50 mil da OAS, segundo a delação de Leo Pinheiro. Quando o escândalo ganhou notoriedade, o repórter Thiago Herdy e o jornal O Globo entraram na Justiça para obter a quebra do sigilo dos gastos de Rose nos cartões corporativos da Presidência, mas o STJ varreu o imbróglio para debaixo do tapete. 

Em 2014, quando o movimento "Volta, Lula" começou a ganhar tração, Dilma — fiel à promessa de "fazer o diabo para se reeleger" — ameaçou divulgar as despesas da concubina real, forçando seu criador e mentor a sair do caminho. Segundo o blog Diário do Poder, os gastos com cartões corporativos durante os governos petistas giraram em torno de R$ 50 milhões por ano, em média, contra R$ 3 milhões no último ano de FHC. Em setembro de 2013, Augusto Nunes escreveu em sua coluna na revista Veja que Lula completava 288 dias de silêncio sobre o escândalo que transformou o escritório da Presidência da República em São Paulo em esconderijo de quadrilheiros chefiados pela amante. 

Na mesma edição de Veja, Felipe Moura Brasil revelou que, além da reforma do sítio de Lula e da conclusão de seu triplex à beira-mar, Leo Pinheiro concedera um terceiro "favor" a Lula: calar sua amásia, que ameaçava abrir o bico ao se sentir abandonada — pouco tempo depois, o marido de Rose passou a constar na folha de pagamento da empreiteira. Nunca se soube quem pagou os honorários dos 38 advogados que defenderam madame quando a PF desmantelou a quadrilha que aproximava autoridades de empresários em troca de propinas. Segundo a investigação, Rose ocupava posição de destaque na organização e jamais conseguiu explicar como comprou tanto com o pouco que ganhava.

 

Em nome da intimidade com o "chefe", a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes fazia valer suas vontades, mesmo que afrontasse superiores ou humilhasse subordinados. Nos eventos palacianos, ela colecionou tantos desafetos (começando pela primeira-da­ma, que a detestava) que acabou sendo transferida para São Paulo, onde viveu dias de soberana até a PF acabar com a festa. Demitida, banida do serviço público e indiciada por formação de quadrilha e corrupção, chegou a ameaçar envolver Lula no escândalo.

 

Voltando ao velório: Lula trombeteou que a esposa morreu "triste com a maldade que fizeram com ela". Que foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; que eles nunca brigaram; que ela jamais pediu um vestido, um anel. E concluiu, emocionado, que continuaria grato a ela até o dia da própria morte, quando voltaria a encontrá-la usando o mesmo traje vermelho escolhido para o enterro: "A gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e a gente não tem medo do vermelho quando morre".

 

Em um vídeo de 6 minutos, Joice Hasselmann sintetizou a desfaçatez do viúvo que transformou o esquife da mulher em palanque e foi aplaudido pelos micos amestrados de sempre, embora muitos tenham lido nas entrelinhas a monstruosidade moral de um safardana nauseabundo, capaz de usar a morte da esposa como palanque para proselitismo político.

 

Lula e Rosângela da Silva (hoje Rosângela Lula da Silva) se conheceram nos anos 1990. Filiada ao PT desde os 17 anos, ela trabalhou na Itaipu Binacional e na Eletrobras. O namoro começou em dezembro de 2017, durante a inauguração do campo de futebol "Dr. Sócrates Brasileiro", em Guararema (SP). Quando Lula foi preso, ela se tornou uma figura constante nas vigílias em frente da Superintendência da PF em Curitiba. Foi ela quem puxou o "Parabéns para Você" no microfone e soprou as velinhas de 74 anos do petista, e era dela a casa que ele usou como QG provisório para entrevistas quando saiu da prisão. Eles se casaram em maio de 2022, durante a pré-campanha presidencial do petista, e a união repercutiu internacionalmente.

 

Conclui no próximo capítulo.