ANTES QUE O MAL CRESÇA, CORTA-SE A CABEÇA.
O italiano Antonio Meucci criou o "telettrofono" em 1856 — vinte anos antes do britânico Alexander Graham Bell patentear o telefone. Mais adiante, o Congresso dos EUA reconheceu a contribuição de Meucci, mas Bell continua sendo considerado o "pai do telefone".
O Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefone. A primeira linha, instalada em 1877 por ordem de D. Pedro II, ligava a residência imperial ao Palácio de São Cristóvão e às casas dos seus ministros.
Em 1998, o então presidente Fernando Henrique privatizou as Teles, pondo fim ao abominável Sistema Telebras, implantado em 1972, durante o governo Médici. Com a privatização, as linhas fixas — que custavam os olhos da cara e demoravam décadas para serem instaladas — deixaram de ser consideradas um "bem" declarado ao fisco e negociadas a peso de ouro no mercado negro (em algumas regiões da capital paulista, um terminal chegava a custar tanto quanto um veículo popular 0 km).
A privatização também "democratizou" os celulares: até então, habilitar uma linha móvel era um processo caro e burocrático, a insuficiência de células (antenas) restringia o sinal às capitais e grandes centros urbanos, a profusão de "áreas de sombra" limitava ainda mais o uso dos aparelhos, o preço do minuto de ligação era exorbitante e até as chamadas recebidas eram tarifadas.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Lula deveria mandar flores para o domicílio prisional de Jair Bolsonaro, um cartão postal para o filho Eduardo e bombons para os tecelões do Centrão. Há quatro meses, com a impopularidade a pino, o macróbio fazia de tudo para melhorar sua imagem, mas tudo parecia não querer nada com ele. Hoje, as pesquisas lhe sorriem. A distância entre os que reprovam e os que aprovam seu governo, que já foi de 17 pontos, caiu para um ponto.
Lula sobe a montanha empurrado pelas maluquices dos opositores. O estreitamento da inimizade com Trump lhe deu uma cara de solução para as encrencas que o clã Bolsonaro criou. A aversão das ruas ao combo blindagem-anistia, empinado pelo consórcio centrão-bolsonarista, presenteou-o com o avanço do projeto que isenta Imposto de Renda quem ganha até 5 mil reais — que conta com a aprovação de oito em cada dez eleitores (79%). Além de solidificar a recuperação de eleitores perdidos, Lula colocou um pé fora do quintal petista: sua aprovação junto aos eleitores com renda acima de cinco salários mínimos deu um salto de oito pontos.
Ironicamente, as últimas novidades produzidas pelos rivais reforçam a opção preferencial pelo erro: na terça-feira, produziu-se na Esplanada um ato chocho pró-anistia; na quinta, Ciro Nogueira visitou Bolsonaro. Quer dizer: a facção bolsonarista permanece acorrentada a uma pauta gasta e o centrão continua agarrado à barra da calça do "mito".
A dívida do molusco com os rivais vai se tornando impagável.
Andar com um celular no cinto, no bolso ou na bolsa nos anos 1990 era mais símbolo de status do que real necessidade. Isso mudou com a virada do século (detalhes no capítulo de abertura), sobretudo depois que os telefoninhos móveis de longo alcance se transformaram em microcomputadores ultraportáteis.
Buscando fidelizar a clientela, as operadoras passaram a oferecer planos pré-pagos com ligações ilimitadas, franquias de dados e acesso grátis ao WhatsApp e às principais redes sociais. Em 2024, segundo dados da ANATEL, havia 263,4 milhões de celulares ativos no Brasil — cerca de 1,22 por habitante. Samsung, Motorola, Apple e Xiaomi abocanham 36%, 19%, 17% e 16% desse mercado, respectivamente.
Os produtos da Apple sempre foram um sonho de consumo que poucos conseguem realizar, sobretudo num país com uma das maiores cargas tributárias do mundo. Mas isso não significa que os modelos top de linha concorrentes sejam baratos: no final do ano passado, o Galaxy S24 Ultra — principal aposta da Samsung para fazer frente aos iPhones Pro e Pro Max — partia de R$ 9.499, e o Motorola Razr 50 Ultra 5G, de R$ 7.999 — preço equivalente ao do iPhone 16 básico no site oficial da Apple.
Os smartphones aposentaram os "orelhões" — os poucos que restaram ficam em aeroportos, rodoviárias, shoppings e hipermercados —, reduziram consideravelmente as linhas residenciais fixas — ainda que a instalação seja praticamente imediata e a assinatura mensal gire em torno de R$ 30 — e restringiram o uso do desktop ou do notebook a tarefas que exigem tela de grandes dimensões, teclado físico e mais processamento, armazenamento e memória do que a maioria dos smartphones oferece.
Como a versatilidade leva ao uso constante, a autonomia se tornou fundamental na escolha do aparelho, ainda que nem as baterias de 5.000 mAh livram os heavy users de um "pit stop" entre duas recargas completas e os usuários comuns de recorrerem à tomada dia sim, dia não (isso na melhor das hipóteses).
Continua...