A patuleia atávica tem investido pesado na divulgação dos “excelentes
resultados” obtidos por Lula nas
pesquisas de opinião pública, mas não menciona o fato de seu amado líder ser o
candidato a candidato com maior índice de rejeição entre os eleitores.
Como eu já comentei em diversas oportunidades, a esquerda
incorrigível parece se esquecer de que o petralha prestará depoimento na 13ª Vara Federal de Curitiba no início
do mês que vem, e que as delações da Odebrecht,
combinadas com uma caudalosa coleção de evidências, apontam para uma provável
condenação ― sentença que, se ratificada em tempo hábil na segunda instância,
fulminará essa pré-campanha quimérica que visa constranger o judiciário e
evitar que o petralha goze longas férias compulsórias na agradável companhia de
“cumpanhêros” como Dirceu, Vaccari, Cunha e tantos outros apenados no âmbito da Lava-Jato.
Há quem defenda que a candidatura de Lula ― lançada em março por meio de um manifesto encomendado aos “intelectuais
de esquerda de sempre” ―, por motivos que vão de assegurar a soberania do
Brasil sobre o pré-sal a “devolver ao país um papel de protagonista no cenário
internacional”. Todavia, em sua visão míope, deturpada, ou ambas as coisas, os
defensores incondicionais do molusco abjeto não levam em conta que a proverbial
“inclusão social” promovida pelo governo petista não passou de mero estímulo ao
consumo privado, calcado no aumento do salário mínimo e das aposentadorias em
percentuais acima dos da inflação, transferências estatais de renda e expansão irresponsável
do crédito.
Em O GLOBO, o sociólogo Demétrio
Magnoli pondera que a esquerda entrincheirada nessas políticas sociais
desistiu de suas utopias desastrosas (socialismo), mas não aderiu à utopia
possível da inclusão por meio do desenvolvimento econômico (produtividade) e da
qualificação dos direitos sociais (educação, transportes, reforma urbana).
Lembra ainda que a “idade de ouro” do lulopetismo apoiou-se numa singular
conjuntura internacional que não se repetirá, e argumenta que o Brasil precisa da candidatura de Lula para
derrotar, pelo voto, a fé anacrônica no paternalismo estatal, no capitalismo de compadrio.
Sob Lula e Dilma, prossegue o colunista, a
“soberania sobre o pré-sal, suas terras, sua água, suas riquezas” significou a
montagem de um capitalismo de Estado organizado como aliança das empresas
estatais com conglomerados privados de “amigos do rei”, que resultou no maior escândalo de corrupção registrado na
história brasileira. Nos governos lulistas, o “papel ativo” do Brasil no
cenário internacional materializou-se, principalmente, na fracassada obsessão por uma cadeira de membro permanente no Conselho
de Segurança da ONU e na aliança com o castrismo, o chavismo e o
kirchnerismo. A esquerda que clama pela volta do ex-presidente abdicou do
sistema econômico socialista, mas continua seduzida pelo monopólio do poder por
um “partido dirigente”. A catástrofe venezuelana não merece uma linha de
protesto dos fabricantes de manifestos.
Lula é um
pragmático, não um ideólogo. A utopia política de Lula resume-se ao poder de Lula
— como sabem perfeitamente os quadros petistas e até mesmo os signatários do
manifesto pela sua candidatura. Contudo, as circunstâncias e os acidentes
históricos preencheram o seu pragmatismo com uma série de marcadores ideológicos.
Lula converteu-se em representação
de um Brasil que se recusa a romper com o passado e de uma esquerda hipnotizada
por utopias regressivas de segunda mão. O ciclo lulista começou com um
maiúsculo triunfo eleitoral que parecia, aos olhos da maioria, inaugurar uma
era redentora. A curva de declínio, nos mandatos de Dilma, consubstanciada no impeachment, atestou uma falência
política de fundo, uma depressão econômica de proporções inéditas e total desmoralização
das instituições públicas, envenenadas pela corrupção. Contudo, como revelam as
sondagens eleitorais, a queda drenou apenas parcialmente o pântano das ilusões.
O Brasil, reafirma Magnoli, não se
livrará delas enquanto não tiver a oportunidade de confrontá-las na arena do
voto.
Ninguém tem o privilégio de pairar acima da lei. Lula não deve ter prerrogativas negadas
a Marcelo Odebrecht, Sérgio Cabral ou Eduardo Cunha. O papel desempenhado por ele nas teias de corrupção
do “Estado-Odebrecht” precisa ser examinado pelos tribunais. Os juízes,
espera-se, terão a coragem de ignorar a programada intimidação de hordas de
militantes, julgando o ex-presidente segundo os códigos legais. Mas apressar os
ritos processuais e fazer de Lula um
“ficha-suja” ofereceria ao lulopetismo um santuário inexpugnável. O Brasil
precisa, enfim, mirar-se no espelho. Inexiste saída fora da política: aquilo
que começou numa eleição só terminará em outra.
EM TEMPO: O molusco abominável e seu malfadado
lulopetismo assombram a nação brasileira como um egun mal despachado, e precisam ser exorcizados o quanto antes. É como na história do sujeito que, ao saber do falecimento da
sogra e ser consultado sobre o que seria melhor fazer ― sepultá-la ou cremá-la ―,
respondeu prontamente: “vamos cremar e
depois enterrar as cinzas; afinal, com essa velha não se brinca”. Torçamos, pois, pela tão esperada sentença
condenatória e consequente prisão dessa calamidade o quanto antes. Considerando
a “qualidade” do eleitorado tupiniquim, seria temerário arriscar!
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