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domingo, 22 de janeiro de 2017

A MORTE DE ZAVASCKI, O ENIGMA TRUMP E OUTRAS CONSIDERAÇÕES

A trágica morte do ministro Teori Zavascki pegou todo mundo de surpresa (com a possível exceção dos mandantes do crime, se dermos ouvido às teorias da conspiração que, não sem razão, vem campeando soltas desde a última quinta-feira), mas não significa o “fim da Lava-Jato”, diferentemente do que alguns parecem pensar ou querem levar a crer. As investigações vão prosseguir, como também deverão ter sequência a homologação da Delação do Fim do Mundo (leia-se Odebrecht) e as tratativas da Nova Delação do Fim do Mundo (leia-se Camargo Corrêa).

Resta saber quem ficará encarregado da relatoria dos processos da Lava-Jato no Supremo, quem ocupará o lugar de Zavascki ― indiscutivelmente um dos mais brilhantes magistrados que passaram por aquela Corte nos últimos anos ― e, principalmente, o que causou a queda da aeronave e resultou na morte de seus cinco ocupantes.

Como desgraça pouca é bobagem, deu-se ontem a posse 45º presidente da maior potência do mundo ― tema de subida relevância não só nos EUA, mas em todo o planeta, a despeito de alguns políticos norte-americanos parecerem mais preocupados em criticar o juiz Sergio Moro e defender o imprestável e corrupto ex-presidente petralha (veja detalhes neste artigo) em vez de cuidar do seu próprio quintal. Aliás, essa seleta confraria já havia feito algo parecido por ocasião do impeachment da anta vermelha, de modo que a notícia não causa espécie. Mas convém ao sapateiro não ir além das chinelas, pois, Banânia ou não, isto aqui é um país soberano e democrata, onde as instituições continuam funcionado, ainda que aos trancos e barrancos.

Para quem quer entender melhor o que representa a vitória de Trump ― numa das eleições mais vis, conturbadas e rasteiras da história recente dos EUA, onde restaria ao eleitor escolher o candidato menos impopular, mas que resultou na vitória do bilionário parlapatão, não por ter sido o votado pelo povo, mas por ter conseguido maioria entre os delegados. A democrata Hillary Clinton restou derrotada, a despeito de contar com o apoio de Obama e de prometer dar continuidade a sua política de governo ― um governo apenas mediano, que dificilmente poderia ser considerado brilhante, mas isso já é outra história.

Também nesse caso, resta saber o que vem pela frente e rezar para que a mordida de DT seja menos doída do que seu latido (leia-se suas propostas de campanha e seu discurso de posse ― que seguiu mais ou menos na mesma linha). O que o novo comandante em chefe da maior potência mundial vai fazer nos próximos 4 anos (se não for morto ou deposto antes do término do mandato), só o tempo dirá. Aliás, manifestações populares em repúdio a esse xenófobo boquirroto, com direito a depredações dignas dos melhores black-blocs tupiniquins (como as que já ocorreram no próprio dia da posse), certamente não faltarão. 

Enfim, não vou descer a detalhes sobre o cenário político norte-americano, até porque, diferentemente dos congressistas que mencionei parágrafos atrás (aqueles que apoiam Lula contra o juiz Sergio Moro), não me arrisco a meter a colher em panela alheia quando já me é difícil digerir a merda em que se transformou o cenário tupiniquim, notadamente após as lamentáveis ocorrências que coroaram os últimos dias. Ainda assim, ouso dizer que o primeiro presidente negro da história dos EUA se vai com um indiscutível sentimento de derrota, não só por seu governo ter deixado a desejar (tanto internamente quanto no âmbito global), mas pelo fato de o candidato escolhido para sucedê-lo ter sido quem foi.

Ironicamente, nada expressa tão bem o fiasco de Obama quanto a eleição de Trump, que, em outras circunstâncias, poderia ser considerada uma piada (ainda que de mau gosto). Afinal, como levar a sério um presidente americano que, dentre outros rematados absurdos, vem hostilizando empresas como Fiat, Ford e Toyota e insistindo num ridículo plano de construir um muro separando os EUA do México?

A quem interessar possa, sugiro a leitura da avaliação feita por Felipe Moura Brasil, jornalista e colunista de Veja, consubstanciada na entrevista concedida ao site O Antagonista. Não concordo com tudo o que ele diz, mas até aí morreu Neves. Vale a leitura.

Bom domingo e uma ótima semana a todos, apesar dos pesares.

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