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domingo, 29 de janeiro de 2017

CARMEN LUCIA DEVE HOMOLOGAR DELAÇÃO DA ODEBRECHT

Os juízes auxiliares da equipe do ministro Teori Zavascki, morto no último dia 19, encerraram na última sexta-feira as audiências com os 77 delatores da Odebrecht, e agora a expectativa é de que as delações sejam homologadas pela presidente do STF, Cármen Lúcia, entre amanhã e depois.

Isso não resolve a questão da relatoria dos processos da Lava-Jato, naturalmente, mas adianta o expediente, pois, na condição de “plantonista” durante o recesso do Judiciário (que termina na próxima quarta-feira), Cármen tem legitimidade para deliberar sobre casos urgentes ― prerrogativa reforçada com o pedido de urgência protocolado dias atrás por Rodrigo Janot.

Integrantes do Supremo e da PGR avaliam que a autorização dada por Carmen Lúcia para a equipe de Teori continuar com os trabalhos já sugeria sua intenção de dar andamento à homologação para garantir que não haja atrasos no processo e passar à opinião pública a mensagem de que não há qualquer mudança no ritmo e na disposição do tribunal quanto às investigações. Volto a salientar que, se a homologação ficar para depois do dia 1º, será preciso esperar a definição do novo relator; se for feita pela ministra antes de quarta-feira, haverá tempo e clima para articular com os demais ministros a construção do caminho que levará à escolha do substituto de Teori.

Pelo regimento, a solução mais provável é a realização de sorteio entre os integrantes de todo o STF ou apenas dos membros da Segunda Turma da Corte, da qual o falecido fazia parte. Também é apontada a possibilidade de uma solução “consensual”, que consistiria em mover um integrante da primeira turma ― provavelmente Edson Fachin ― para o lugar deixado por Zavascki na segunda, e encarrega-lo da relatoria dos processos da Lava-Jato. Até o momento, Carmem Lucia tem mantido reserva sobre o assunto, mas especula-se que o sorteio envolvendo todo o plenário demonstrará que qualquer ministro está apto a assumir a tarefa. O Palácio do Planalto também trabalha com essa previsão, e Temer já reiterou que só indicará o nome do jurista que preencherá a vaga aberta com a morte de Teori depois que a questão da relatoria for definida. 

A propósito: Amanhã, 30, o juiz Sergio Moro retorna ao trabalho depois das merecidas férias de final de ano. Vamos aguardar as novidades.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

CHAVE DE OURO

QUEM DIZ QUE FUTEBOL NÃO TEM LÓGICA OU NÃO ENTENDE DE FUTEBOL OU NÃO SABE O QUE É LÓGICA.

Lembra do tempo em que você fazia uma cópia da chave do carro por 2 mirréis? Então esquece! Com a popularização das chaves codificadas eletronicamente, todo o cuidado é pouco, já que uma cópia pode custar os olhos da cara, tanto nas concessionárias quanto nos chaveiros independentes.

O preço varia conforme o tipo de chave. As mais comuns saem mais em conta, naturalmente, mas as do tipo “canivete” ― que geralmente ativam/desativam o alarme, travam/destravam as portas, etc. ― e, pior, as “presenciais” ― que o usuário nem precisa tirar do bolso ou da bolsa para abrir o carro e dar a partida no motor ― custam pequenas fortunas.

Um levantamento publicado pela revista Quatro Rodas deste mês dá conta de que, em 3 concessionárias pesquisadas (duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro), uma cópia da chave do Cruze LTZ, que é presencial e capaz de ligar o motor a distância, varia de R$ 860 a R$ 1.529, e o prazo para entrega pode chegar a 10 dias úteis (esses valores englobam a peça e a mão de obra para codificação). Mesmo fora da rede Chevrolet o preço assusta e a variação, idem: de R$ 780 a R$ 2.000. A vantagem é que, nesse caso, o serviço é feito na hora.

Note que os preços não são muito diferentes para veículos de outras marcas, inclusive modelos ditos “populares”, embora paulada costume ser maior nos de topo de linha. Por uma cópia da chave de uma Audi A3, por exemplo, as concessionárias consultadas (uma em Brasília, outra em Ribeirão Preto e uma terceira no ABC paulista) pediram de R$ 3.000 a R$ 3.900, e o prazo de entrega chegou a ― pasmem! ― 30 dias úteis! Já o chaveiro independente consultado pela reportagem fornecia a chave pronta para uso por “módicos” R$ 2.700 (menos do que as autorizadas pediram somente pela peça, sem o serviço de codificação).

É mole?

AINDA SOBRE A MORTE DE ZAVASCKI E A RELATORIA DA LAVA-JATO

Diz um velho ditado que “a incerteza que esvoaça desgraça mais que a própria desgraça”. E incerteza é o que não falta no cenário político tupiniquim, notadamente de quinta-feira para cá, depois que o Beechcraft C90GT King Air prefixo PR-SOM, da Emiliano Empreendimentos e Participações Hoteleiras, caiu na costa verde fluminense, a apenas 2 km do campo de pouso de destino, em Paraty, causando a morte dos 5 ocupantes, dentre os quais o ministro Teori Zavascki.

Muito se vem especulando sobre esse “pavoroso acidente” e sua repercussão no futuro da Lava-Jato, mas pouco do que se diz reflete os fatos. As informações são desencontradas, o que é dito passa a não dito em questão de horas e, como que para adensar ainda mais essa bruma, o juiz Raffaele Felice Pirro, da Justiça Federal no Rio, colocou as investigações sob sigilo, jogando mais lenha na fogueira das teorias conspiratórias, já fartamente alimentada pela denúncia de Francisco Zavascki, filho do ministro, de supostos “movimentos para frear a Lava-Jato” e ameaças contra seu pai e sua família (que a PF teria investigado e descartado); por relatos que dão conta de um rastro de fumaça branca durante a queda do avião ― que estava com as revisões em dia e era pilotado por um comandante com larga experiência em pousos na pista de Paraty, inclusive sob condições meteorológicas adversas; do aumento inusitado nos acessos a informações sobre a aeronave no site Jet Photos ― quase 2.000 no último dia 3, quando a média dos dias anteriores era quase zero ―, e por aí segue a procissão.

No que concerne à Delação do Fim do Mundo, o ministro Zavascki não interrompeu totalmente os trabalhos durante o recesso, já que encarregou juízes auxiliares de analisar os mais de 800 depoimentos dos 77 ex-funcionários do alto escalão da Odebrecht, inclusive o próprio Emílio e seu filho Marcelo. Até a tarde da última quinta-feira, tudo indicava que as delações seriam homologadas já no início de fevereiro, e a partir daí seu conteúdo seria divulgado ― e isso vinha tirando o sono de gente graúda, como Lula, Dilma, políticos dos mais diversos partidos, governadores, ministros de Estado e o próprio Michel Temer, cujo nome teria sido suscitado dezenas de vezes pelos delatores (confira mais detalhes neste vídeo).

O que se tem de concreto até agora é que o sucessor de Zavascki não herdará a relatoria da Lava-Jato, pois Temer já decidiu que só fará a indicação depois que a Corte resolver internamente essa questão, dando um recado de confiabilidade, firmeza e compromisso com a justiça, e, ao mesmo tempo, evitando afrontar o Supremo (nem é preciso dizer que o vácuo criado na relatoria dos processos da Lava-Jato coloca o governo à beira de mais uma crise institucional, inclusive porque o novo ministro será indicado por um presidente cujo nome foi suscitado por delatores, e chancelado pelo plenário do Senado, composto por dezenas de parlamentares investigados/denunciados no âmbito da Operação e presidido por ninguém menos que Renan Calheiros ― pelo menos até o final deste mês, já que o Cangaceiro das Alagoas deve trocar de posto com Eunício de Oliveira a partir de fevereiro).

A ministra Carmen Lucia aventou a possibilidade de avocar para si a homologação das delações da Odebrecht, mas ainda não se sabe se ela o fará de ofício (exercendo as prerrogativas que a presidência do Supremo lhe confere), se designará o novo relator ou se determinará a realização de um sorteio ― caso em que também não se sabe se apenas os 4 ministros da 2a Turma ― que, além de Zavascki, contava com Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski ― ou se todos os integrantes da Corte participarão (com exceção da presidente Carmen Lucia, naturalmente). A boa notícia é que ela autorizou os assessores de Teori a dar andamento aos trabalhos (que estavam suspensos desde a última quinta-feira), mas a má notícia é que a janela de oportunidade que lhe permite definir de ofício o novo relator se fecha no próximo dia 31, quando termina o recesso do Judiciário.

Observação: Três juízes auxiliares que foram convocados para atuar no gabinete de Teori devem tomar depoimentos dos delatores e reiterar os termos dos acordos ―  multa a ser paga, benefícios e compromissos assumidos. Os depoimentos das delações em si, que detalham esquemas de corrupção e implicam centenas de políticos dos principais partidos, ficam para a próxima fase.

O presidente da OAB, Claudio Lamachia, elogiou a decisão da presidente do STF. Segundo ele, “a sociedade precisa de respostas e, por isso, é necessário dar celeridade aos processos da Lava-Jato, que exigem definição imediata, de modo a diminuir a insegurança e destravar o país”.

Para concluir, segue um rápido apanhado do que nos reserva a definição desse imbróglio (na minha opinião, naturalmente):

Gilmar Mendes é midiático, fala mais que locutor esportivo e não raro se estranha com o MPF. Dias Toffoli, o ministro menos preparado (do ponto de vista técnico), já foi advogado da CUT e do PT, e sua simpatia por Lula e pelos petralhas é notória (vale lembrar que seu nome foi suscitado na delação de Leo Pinheiro, que, inexplicavelmente, continua suspensa). Lewandowski dispensa apresentações, a julgar por sua atuação no processo do mensalão e, mais recentemente, no impeachment da anta vermelha, quando apoiou Renan Calheiros na criação da jabuticaba jurídica que depôs a presidanta, mas não a inabilitou ao exercício de cargos públicos (isso sem mencionar que articulou com Dilma e o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, uma tramoia para frear a Lava-Jato ― para a qual Zavascki foi chamado a participar, mas, sabiamente, declinou do convite). Edson Fachin foi indicado por Dilma, e chegou-se a dizer que para ajudar numa “operação abafa” e coisa e tal, mas deu a volta por cima com decisões que, se não foram unânimes no plenário, não tiveram contestação óbvia (demais disso, ele se deu por impedido de julgar um caso envolvendo Lula, por ser padrinho da filha de um dos advogados do petralha). Luiz Fux e Marco Aurélio são duas incógnitas (este último, aliás, é useiro e vezeiro em tomar decisões que não são seguidas por seus pares). Rosa Weber tem pouca experiência na área criminal ― e votou contra a prisão de condenados já em segunda instância. Barroso é vaidoso, mas competente, e já deu mostras de que simpatiza com a Lava-Jato. Celso de Mello, decano da Corte, é respeitado dentro e fora do tribunal, mas pesa contra ele aquela palhaçada que afastou Renan Calheiros da linha sucessória presidencial e, ao mesmo tempo, preservou-lhe o mandato e o manteve na presidência do Senado ― claro que foi um caso excepcionalíssimo, mas ainda assim...

Segundo O Antagonista, a solução ideal seria Carmen Lucia costurar um acordo com os demais ministros e entregar a relatoria da Lava-Jato a Edson Fachin. Eu assino embaixo, mas ressalvo que Celso de Mello também seria uma alternativa interessante. Enfim, a roda está girando. Façam suas apostas. 

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

WINDOWS 10 ― SOLUÇÃO DE PROBLEMAS -- MAIS SOBRE A MORTE DE TEORI ZAVASCKI E O FUTURO DA LAVA-JATO

MACROBIÓTICA É UM REGIME ALIMENTAR PARA QUEM TEM 77 ANOS E QUER CHEGAR AOS 78.

Desde que o Windows passou de interface gráfica baseada no DOS à condição de sistema operacional autônomo (com o lançamento do festejado WIN95, considerado como o “pulo do gato” da Microsoft ―, os usuários passaram a conviver com as incomodativas, mas necessárias, reinstalações periódicas. Aliás, uma anedota que correu o mundo na década de 90 dizia que, se a empresa de Bill Gates fabricasse automóveis, vez por outra o motor “morreria” sem nenhuma razão aparente, e o usuário teria simplesmente de aceitar o fato, descer do carro, trancá-lo, tornar a destrancar, entrar novamente, ligar o motor e seguir adiante.

Observação: Essa anedota, que vale a pena ser lida na íntegra nesta postagem, foi uma resposta jocosa da GM a Mr. Gates, que teria afirmado que os carros da Microsoft, se a empresa resolvesse produzi-los, custariam US$ 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina.

Enfim, usar o Windows (ou “Ruíndows”, como diziam os defensores do software livre) exigia constantes reinicializações, além reinstalações completas, de tempos em tempo ― o que, exageros à parte, não deixava de ser verdade. Isso talvez não fosse um problema mais sério para os geeks de então, mas era um sério aborrecimento para usuários iniciantes, pouco familiarizados com o hardware e o software de seus PCs, que, no mais das vezes, precisavam recorrer a algum amigo experiente ou a um Computer Gay de confiança.

Mas o fato é que o processo de instalação/reinstalação do Windows vem se tornando mais intuitivo e automático a cada nova edição do sistema. Não que tenha se tornado algo rápido ou agradável, naturalmente, até porque demanda atualizações, reconfigurações e personalizações demoradas e trabalhosas, sem mencionar a reinstalação dos aplicativos e restauração dos backups de arquivos pessoais (backups esses que, espera-se, o usuário tenha tido o cuidado de criar com antecedência).

Por outro lado, se no do Windows 9X/ME a gente se dava por feliz caso tivesse de reinstalar o sistema a cada 6 meses, hoje é possível usar o computador por anos a fio sem ter de se dar a esse trabalho ― desde que sejam feitas manutenções preventivo-corretivas regulares, naturalmente. E boas ferramentas isso não faltam, conforme discutimos em várias oportunidades (como na sequência de postagens que eu publiquei há poucas semanas).

Segundo um velho ditado, melhor que saber fazer é ter o telefone de quem sabe. Todavia, convém ter em mente que o Windows 10 facilita sobremaneira a vida do usuário que se vê obrigado a reinstalá-lo. Em sendo o seu caso, abra o menu Iniciar e clique em Configurações > Atualizações e segurança > Recuperação. Na tela que se abre em seguida, repare que há duas opções: Restaurar o PC e Inicialização Avançada.

Observação: No caso de você ter migrado para o Windows 10 há menos de 30 dias, uma terceira opção lhe permite retornar ao Eight ou ao Seven, conforme a edição que você utilizava originalmente, mas isso já foge aos propósitos desta abordagem.

MAIS SOBRE A MORTE DE ZAVASCKI E O FUTURO DA LAVA-JATO

Certa vez, um padre recém-ordenado foi designado para pastorar as almas num vilarejo qualquer, cujo nome me foge à memória. No dia seguinte à sua chegada, o velho e impopular prefeito da cidadezinha esticou as canelas e, durante o serviço fúnebre, o sacerdote ― que nada sabia sobre a vida pregressa do finado ― convidou os presentes a exortar suas virtudes. Mas a resposta foi um silêncio constrangedor. O pároco insistiu:
― Como é, irmãos? Ninguém se habilita?
Ninguém se habilitou.
― Então, dona Maria ― insistiu o religioso, agora dirigindo-se diretamente à viúva.
Depois de alguma hesitação, a velha sentenciou:
― O pai dele era ainda pior.

Embora seja a única certeza que temos na vida, a morte constrange, intimida, atemoriza. Até porque não se sabe o que virá depois, caso a passagem não leve a um sono eterno e sem sonhos, como muitos acreditam. Para quem fica, no entanto, a vida segue seu curso e o show tem de continuar. A propósito, vale relembrar outra passagem interessante: em 1755, após o terremoto de Lisboa, o rei Dom José perguntou ao General Pedro D’Almeida o que se havia de fazer, e a resposta foi: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.

Para muitos, falar mal dos mortos é blasfêmia, mas, hipocrisias à parte, o simples fato de alguém morrer não faz desse alguém um santo nem anula seus eventuais malfeitos. Mas deixemos de lado essa discussão e voltemos à morte trágica do ministro Teori Zavascki.

Aviões caem com frequência ― ou são derrubados, como costuma dizer quem é do ramo (a propósito, sugiro a leitura desta matéria). Mas as chances de alguém morrer num desastre aéreo são ínfimas, se comparadas com as de um acidente de transito, por exemplo. Até porque, com a possível exceção dos aeronautas, a maioria dos viventes passa muito mais tempo em terra do que no ar.

Observação: A título de ilustração, a probabilidade de um avião sofrer um acidente é de 1 em 1,2 milhão, sem mencionar que 95,7% dos passageiros que se envolvem nesse tipo de acidente sobrevivem ao episódio. Os momentos mais “perigosos” são os primeiros 3 minutos de voo que sucedem a decolagem e os oito minutos que precedem a aterrissagem (nesses dois intervalos é que acontecem 80% dos acidentes). Refinando o raciocínio à luz dessas variáveis, temos que a probabilidade de alguém morrer num acidente de avião é de 1 em 11 milhões ― contra 1 em 5 mil em acidentes terrestres (colisão de automóveis, atropelamentos, etc.); 1 para 6 em decorrência de doenças cardíacas, 1 para 7 por câncer e, pasmem, 1 para 3,7 milhões de morrer em decorrência de um ataque de tubarão. Em última análise, os mortais comuns têm mais chances de acertar a Mega-Sena do que de morrer num acidente de avião. 

Claro que é preciso haver exceções à regra ― sem as quais não haveria estatísticas ―, e uma delas foi o acidente que resultou na morte do ministro Teori Zavascki e demais ocupantes do Beechcraft que caiu a poucos quilômetros de Paraty, na tarde da última quinta-feira. Ou incidente, melhor dizendo, pois “acidente” nos leva a pensar em algo aleatório e inesperado, decorrente causas naturais, imprevisíveis ou inevitáveis; no caso em tela, diversos vetores convergentes dão margem a dúvidas ― e a indefectíveis teorias da conspiração, onde os nomes dos culpados variam, mas o objetivo é sempre o mesmo: melar a Lava-Jato.

Observação: Conspirações existem, e cada qual tem sua origem e seu propósito. As teorias conspiratórias, por seu turno, quando não são fruto de má-fé, são criadas porque nosso cérebro é vocacionado a dar sentido a situações que parecem carecer dele, e quando se apresentam como certezas incontestáveis, viram delírio. E a internet colabora, transformando-se numa máquina de fabricar e disseminar conspirações com uma competência ímpar. Uma vez que a suspeita começa a se espalhar, mais pessoas aderem, achando que ela não pode estar errada, e o viés da confirmação tende a ser estimado, e não verificado. O resultado pode ser um surto de delírio coletivo, que não deixa de ser um alento provisório para quem tem dificuldade em aceitar a existência do acaso e o fato de certas coisas na vida simplesmente não fazem sentido.  

As virtudes de Zavascki foram lembradas e exaltadas nos últimos dias, tanto por seus pares na Corte quanto por políticos do alto escalão do governo, amigos e familiares. Mesmo fora desse círculo, houve quem reagisse como se o ministro fosse um membro da família ou um amigo próximo ― sinal dos tempos e do engajamento dos brasileiros com questões relevantes da política; até pouco tempo atrás, contava-se nos dedos quem entre nós era capaz de citar de memória a composição do STF ou mesmo o nome do Ministro da Justiça ou do Procurador Geral de República.

Zavascki ascendeu ao Supremo em 2012, por indicação da anta vermelho (vade retro!), e acabou sendo o relator dos processos da Lava-Jato naquela Corte. “Sem ele, não teria havido a Lava-Jato”, disse Sergio Moro, embora, ironicamente, a primeira decisão do ministro ao assumir a relatoria do processo, em 2014, foi de encontro a uma determinação do juiz de primeira instância (Moro havia mandado prender Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava-Jato, e Teori mandou soltar). Dalí em diante, no entanto, Teori construiu a imagem de magistrado rigoroso, imparcial e célere. Autorizou a abertura de investigações contra 47 políticos de todos os matizes ideológicos, decretou a prisão do então senador Delcídio do Amaral e determinou o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara Federal, para citar apenas algumas de suas decisões mais relevantes. Quando o PT e o PMDB ainda eram parceiros no governo, os chefes dos 3 poderes uniram forças numa ofensiva para enterrar o petrolão, arquivar o impeachment de Dilma e preservar o mandato de Cunha. A mulher sapiens se reuniu em Portugal com o então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e ambos chamaram Zavascki para participar da maracutaia, mas o ministro declinou do convite e, com a discrição que lhe era peculiar, salvou a Lava-Jato de um dos cercos mais ousados já tramados contra ela.

Elogios (merecido) à parte, causa estranhamento ninguém ter mencionado que Zavascki ia passar o final de semana na ilha do empresário Carlos Alberto Filgueiras ― dono da luxuosa rede de hotéis Emiliano e da malsinada aeronave. O fato de estar a bordo do avião de Filgueiras não configura crime, mas tampouco favorece o magistrado ― ou, no mínimo, coloca-o na mesma e incômoda posição de um Sérgio Cabral que voava nas asas de Cavendish ou de um Lula aninhado nos ares com a Odebrecht. Ou que, em 2015, ele tenha participado do casamento do filho de um amigo ― o advogado Eduardo Ferrão ―, onde se encontrava boa parte da elite empresarial tupiniquim enrolada na Lava-Jato. Ou ainda que, numa de suas primeiras decisões no STF, Teori tenha dado o voto de desempate que absolveu Dirceu, Genoino e Delúbio do crime de formação de quadrilha. Enfim...

Teorias de conspiração também à parte, causa estranheza o fato de a aeronave cuja queda resultou na morte do ministro ser relativamente nova e estar em perfeitas condições de operação. Ou que ela tenha caído a despeito de ser pilotada justamente pelo comandante que mais se destacava entre seus pares pela experiência em pousos no campo de Paraty, num pouso sob chuva moderada e sem registro de ventos fortes. Ou ainda o depoimento de uma testemunha ocular, segundo o qual “o avião foi baixando cada vez mais, até que de repente ele soltou um bolo de fumaça branca, parecia a esquadrilha da fumaça, passou por cima de nós, depois foi perdendo altitude, veio rodando pela direita, bateu com a asa direita na água e capotou”. Somando-se a isso o fato de que Zavascki estava prestes a homologar a “Delação do Fim do Mundo” ― na qual 77 ex-executivos da Odebrecht denunciam e detalham “práticas pouco republicanas” de mais de uma centena de políticos de diversos partidos, alguns, inclusive, do mais alto escalão do governo federal, além do molusco abjeto e de sua ignóbil sucessora ―, temos todos os ingredientes para uma robusta teoria da conspiração, mas também uma conjunção de fatores que levam a desconfiar de que a morte de Zavascki tenha sido meramente acidental

Quanto ao futuro da Lava-Jato, há muita especulação, mas já se vê luz no fim do túnel da esperança: a ministra Carmem Lucia já sinalizou que pretende avocar para si a responsabilidade de homologar a Delação do Fim do Mundo ainda durante o recesso (que termina no próximo dia 31). Se, depois disso, a relatoria será sorteada entre os demais ministros da Corte ou apenas entre os quatro que restaram na segunda turma com a morte de Zavascki, ainda não se sabe. Pelo regimento interno, ressalvadas as exceções previstas nos incisos “b” e “c” do artigo 38, vale o disposto pelo inciso “a”, que determina que: “em caso de aposentadoria ou morte, o relator é substituído pelo ministro nomeado para sua vaga”. E é aí que mora o perigo, porque o candidato à vaga será indicado por Michel Temer, sabatinado pela CCJ do Senado e chancelado pelo plenário da Casa. E, convenhamos, não pegaria bem um presidente cujo nome é suscitado por diversos delatores indicar o próximo relator da Lava-Jato e, pior, o “candidato” ser avalizado por políticos investigados e denunciados no âmbito da Operação. Felizmente, no último sábado, durante o sepultamento de Teori Zavascki em Porto Alegre, Temer afirmou que só deverá fazer a indicação depois que o STF definir o novo relator dos processos da Lava-Jato.

Por hoje é só. Continuaremos na próxima postagem. 

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domingo, 22 de janeiro de 2017

A MORTE DE ZAVASCKI, O ENIGMA TRUMP E OUTRAS CONSIDERAÇÕES

A trágica morte do ministro Teori Zavascki pegou todo mundo de surpresa (com a possível exceção dos mandantes do crime, se dermos ouvido às teorias da conspiração que, não sem razão, vem campeando soltas desde a última quinta-feira), mas não significa o “fim da Lava-Jato”, diferentemente do que alguns parecem pensar ou querem levar a crer. As investigações vão prosseguir, como também deverão ter sequência a homologação da Delação do Fim do Mundo (leia-se Odebrecht) e as tratativas da Nova Delação do Fim do Mundo (leia-se Camargo Corrêa).

Resta saber quem ficará encarregado da relatoria dos processos da Lava-Jato no Supremo, quem ocupará o lugar de Zavascki ― indiscutivelmente um dos mais brilhantes magistrados que passaram por aquela Corte nos últimos anos ― e, principalmente, o que causou a queda da aeronave e resultou na morte de seus cinco ocupantes.

Como desgraça pouca é bobagem, deu-se ontem a posse 45º presidente da maior potência do mundo ― tema de subida relevância não só nos EUA, mas em todo o planeta, a despeito de alguns políticos norte-americanos parecerem mais preocupados em criticar o juiz Sergio Moro e defender o imprestável e corrupto ex-presidente petralha (veja detalhes neste artigo) em vez de cuidar do seu próprio quintal. Aliás, essa seleta confraria já havia feito algo parecido por ocasião do impeachment da anta vermelha, de modo que a notícia não causa espécie. Mas convém ao sapateiro não ir além das chinelas, pois, Banânia ou não, isto aqui é um país soberano e democrata, onde as instituições continuam funcionado, ainda que aos trancos e barrancos.

Para quem quer entender melhor o que representa a vitória de Trump ― numa das eleições mais vis, conturbadas e rasteiras da história recente dos EUA, onde restaria ao eleitor escolher o candidato menos impopular, mas que resultou na vitória do bilionário parlapatão, não por ter sido o votado pelo povo, mas por ter conseguido maioria entre os delegados. A democrata Hillary Clinton restou derrotada, a despeito de contar com o apoio de Obama e de prometer dar continuidade a sua política de governo ― um governo apenas mediano, que dificilmente poderia ser considerado brilhante, mas isso já é outra história.

Também nesse caso, resta saber o que vem pela frente e rezar para que a mordida de DT seja menos doída do que seu latido (leia-se suas propostas de campanha e seu discurso de posse ― que seguiu mais ou menos na mesma linha). O que o novo comandante em chefe da maior potência mundial vai fazer nos próximos 4 anos (se não for morto ou deposto antes do término do mandato), só o tempo dirá. Aliás, manifestações populares em repúdio a esse xenófobo boquirroto, com direito a depredações dignas dos melhores black-blocs tupiniquins (como as que já ocorreram no próprio dia da posse), certamente não faltarão. 

Enfim, não vou descer a detalhes sobre o cenário político norte-americano, até porque, diferentemente dos congressistas que mencionei parágrafos atrás (aqueles que apoiam Lula contra o juiz Sergio Moro), não me arrisco a meter a colher em panela alheia quando já me é difícil digerir a merda em que se transformou o cenário tupiniquim, notadamente após as lamentáveis ocorrências que coroaram os últimos dias. Ainda assim, ouso dizer que o primeiro presidente negro da história dos EUA se vai com um indiscutível sentimento de derrota, não só por seu governo ter deixado a desejar (tanto internamente quanto no âmbito global), mas pelo fato de o candidato escolhido para sucedê-lo ter sido quem foi.

Ironicamente, nada expressa tão bem o fiasco de Obama quanto a eleição de Trump, que, em outras circunstâncias, poderia ser considerada uma piada (ainda que de mau gosto). Afinal, como levar a sério um presidente americano que, dentre outros rematados absurdos, vem hostilizando empresas como Fiat, Ford e Toyota e insistindo num ridículo plano de construir um muro separando os EUA do México?

A quem interessar possa, sugiro a leitura da avaliação feita por Felipe Moura Brasil, jornalista e colunista de Veja, consubstanciada na entrevista concedida ao site O Antagonista. Não concordo com tudo o que ele diz, mas até aí morreu Neves. Vale a leitura.

Bom domingo e uma ótima semana a todos, apesar dos pesares.

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sábado, 21 de janeiro de 2017

BREVE: LULA LÁ ― EM CANA

Quando o assunto é salvar o próprio rabo, Lula não costuma se preocupar com os aliados (que o digam Dirceu, Delúbio, Genoíno, Bumlai, Palocci, Vaccari e a própria Dilma, entre tantos outros), e mesmo na condição de penta-réu ― e com Moro nos calcanhares ―, mantém-se fiel a seus hábitos; afinal, o lobo perde o pelo, mas não o vício. No intrincado jogo que o coloca cada vez mais perto da prisão, o molusco abjeto resolveu escalar um time de amigos igualmente enrolados na Justiça para retomar o poder no partido que ajudou a fundar e, mais adiante, mergulhou no inominável mar de podridão ― levando o PT a ser repudiado até mesmo por parte da militância cega e ignara que continuou lhe dando apoio durante o escândalo do mensalão.

A estratégia denota a mais profunda insensibilidade da “alma viva mais honesta do Brasil” ao clamor das ruas, das urnas e de setores do partido que clamam por uma reformulação profunda, com renovação total na maneira de fazer política. No entanto, segundo a revista ISTOÉ, trata-se a surdez de Lula é conveniente, pois disfarça o real objetivo que, para ele, é mais importante que o futuro do partido: lançar-se novamente candidato à presidência. Com esse propósito, o capo di tutti i capi vem se cercando de petralhas como Jaques Wagner, Lindbergh Farias e Paulo Okamoto, visando a confirmação de seu nome como pré-candidato pela legenda, e assim poder continuar vendendo a história de que as acusações contra ele não passam de uma conspiração para evitar seu “retorno triunfal”. E cara de pau para tanto não lhe falta, como não lhe faltou quando resolveu pateticamente chorar as pitangas com o Comitê de Direitos Humanos da ONU, mesmo ciente de que essa estratégia não lhe traria resultado prático algum, pois não cabe àquela entidade se intrometer em assuntos internos de um país soberano e democrata.

Observação: Segundo a porta-voz do Comitê, Elizabeth Throssell, o registro da petição submetida pelos advogados do ex-presidente foi mera formalidade, não antecipando, portanto, qualquer decisão sobre a admissibilidade ou os méritos da queixa (mais detalhes nesta postagem).

Nas Amarelas da última edição de VEJA, Maurício Moscardi Grillo, coordenador da Lava-Jato, ponderou que o “timing” para pedir a prisão preventiva de Lula se perdeu no momento em que Dilma o nomeou ministro da Casa Civil (como forma de restabelecer sua prerrogativa de foro). Em determinado momento, havia, sim, provas cabais de obstrução da Justiça (áudios e mais uma série de indícios) que justificariam o pedido de prisão. No entanto, a despeito de a nomeação não ter prosperado, quando Moro retirou o sigilo do processo o ministro Teori Zavascki avocou para o STF toda a investigação referente ao ex-presidente ― vale lembrar que, na época, Dilma ainda estava no poder e o sapo barbudo acabou se beneficiando do privilégio de sua pupila. Posteriormente, Zavascki entendeu que o caso deveria voltar às mãos do juiz Moro, mas Lula ficou fora do alcance da PF durante três meses, e os elementos que teriam justificado sua prisão naquela época, hoje não são tão robustos quanto assim.

A PF descartou temporariamente a prisão preventiva de Lula, mas, segundo O Antagonista, isso mudará tão logo se descubra uma conta no exterior relacionada ao esquema de corrupção comandado pelo petralha, o que, pelo visto, é mera questão de tempo. Embora não seja boa política contar com o ovo no c* da galinha, Maria Christina Mendes Caldeira, ex-esposa de Valdemar Costa Neto (condenado no mensalão), afirmou recentemente que Cunha e Lula “ganharam” diamantes em negócios escusos que fizeram na África, e que os guardaram em cofres em Portugal e no Uruguai ― como a Justiça brasileira não lhe deu garantia de vida, ela picou a mula para os EUA, onde as autoridades estão analisando o dossiê. As informações dão ISTOÉ, que não conseguiu contato com a socialite pelo celular nem sua advogada retornou as ligações da reportagem.

É público e notório que Lula se empenhou em fazer negócios em países africanos, beneficiando empreiteiras como a Odebrecht, tanto em Angola quanto em Moçambique, onde ficam as maiores reservas de diamantes do mundo. Cunha recebeu milhões em propinas em Benin, também na África, onde é acusado de ter intermediado a venda de um campo de petróleo para a Petrobras, o que ensejou sua prisão pela Lava-Jato. Lula é suspeito de ter negócios no Uruguai, onde a Lava-Jato investiga se ele é dono de uma mansão em Punta Del Este (cidade onde o ex-marido de Maria Christina ia jogar com frequência, no tempo em que o PT lhe dava grandes quantias para supostamente abastecer deputados do PP e PR que votavam a favor do governo na Câmara). 

Que Lula vai acabar na cadeia, isso são favas contadas. Na pior das hipóteses, teremos de esperar sua condenação pelo TRF da 4ª Região. A boa notícia e que, de acordo com um levantamento publicado recentemente na Folha sobre a taxa de sucesso da Lava-Jato em segunda instância, as decisões de Moro vêm sendo confirmadas e as penas por ele impostas, mantidas ou endurecidas. Até o momento, o magistrado condenou 83 pessoas; após analisar 23 apelações, o tribunal manteve as penas em 8 delas, e aumentou-as em outras 8 (apenas 4 réus foram absolvidos e 3 tiveram as sentenças abrandadas).

O ministro Zavascki deveria homologar o acordo de delação de Marcelo Odebrecht até o início de fevereiro, mas foi morto tragicamente na última quinta-feira, em condições bastante nebulosas. Entretanto, não se deve fazer acusações sem provas nem tirar conclusões sem elementos sólidos que as embasem. Melhor esperar a poeira baixar, acompanhar as investigações e o desenrolar dos acontecimentos. Mesmo assim, amanhã ou depois eu volto a discutir com vocês as perspectivas sobre a Lava-Jato (que não ficou comprometida com a morte do ministro, mas levou uma traulitada daquelas, até porque a celeridade na homologação da Delação do Fim do Mundo é crucial). Demais disso, a Camargo Corrêa vem negociando outra superdelação ― fala-se em 40 executivos dispostos a revelar o que sabem sobre propinas pagas a mais de 200 políticos!

Voltando ao príncipe das empreiteiras, Marcelo contou que usou dinheiro roubado da Petrobras para comprar o terreno do Instituto Lula e a cobertura do ex-presidente em São Bernardo do Campo. Tão logo seja homologado ― e esperemos que isso ocorra em breve ―, seu depoimento será apensado ao processo contra Lula, e Moro terá todos os elementos para julgar o recebimento de propina e a lavagem de dinheiro por parte do comandante máximo da ORCRIM, que, mesmo  será condenado antes do que se imagina.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

FICOU SEM ESPAÇO NO HD APÓS MIGRAR PARA O WINDOWS 10? ENTÃO VEJA COMO PROCEDER

FALTA AO VIRTUOSO A FEÉRICA, A IRISADA, A MULTICOLORIDA VARIEDADE DO VIGARISTA.

Foi-se o tempo em que os PCs traziam HDs com poucas centenas de megabytes de espaço. Hoje em dia, qualquer máquina de configuração mediana ― ou mesmo de entrada de linha ― conta com pelo menos 500 GB (com a possível exceção das que integram SSDs, devido ao preço ainda elevado desse tipo de memória, mas isso já é outra história).

No entanto, sempre tem quem armazena arquivos multimídia volumosos (como filmes e clipes de vídeo, por exemplo), instala tudo quanto é freeware que encontra pela frente e guarda indefinidamente milhares de fotos e coleções de músicas com o propósito de um dia ― sabe lá Deus quando ― gravar tudo isso em CDs ou transferir para pendrives. Desse jeito, até o HD mais espaçoso pode ficar lotado rapidamente, com consequente prejuízo para o desempenho do sistema operacional e do computador como um todo.

No Windows 10, conferir a quantas anda o espaço disponível no HD é ainda mais fácil do que nas edições anteriores: basta abrir a pasta Computador e checar a barra correspondente ao ícone que representa a unidade na qual o Windows está instalado (geralmente C:). No entanto, eu recomendo dar um clique direito sobre a unidade em questão e selecionar Propriedades, pois, além de obter informações mais detalhadas, você pode aproveitar o embalo para executar a Limpeza de disco (conforme a gente já discutiu em outras oportunidades).

Vale frisar que suítes de manutenção como o Advanced System Care, o CCleaner, o Glary Utilities e tantas outras ― sobre as quais a gente também já falou em diversas oportunidades ― fazem um serviço mais elaborado ou, no mínimo, complementam a faxina feita pela ferramenta nativa do Windows (mais detalhes nesta postagem).

Lembro também que, caso essa faxina não resolva seu problema de espaço, convém você considerar a possibilidade de apagar pontos antigos de restauração do sistema, desinstalar aplicativos desnecessários e transferir arquivos volumosos (como os de multimídia e outros que foram mencionados linhas atrás) para mídias ópticas e/ou dispositivos de armazenamento removível.

Outra providência que resulta em economia de espaço é a exclusão de arquivos temporários. Para isso, na caixa de diálogo do menu Executar ― que você pode abrir pressionando ao mesmo tempo as teclas Windows e R ―, digite temp, dê Enter, selecione os arquivos listados e pressione a tecla Delete. Em seguida, no mesmo menu Executar, digite %temp% e repita o procedimento retro citado.

Há quem sugira ainda desativar a memória virtual (ou arquivo de paginação, como queira), mas eu não recomendo, a não ser que, em vez de um drive eletromecânico, seu PC seja equipado com SSD. No entanto, é consenso entre os especialistas sistemas com 8 GB ou mais de RAM ficam mais ágeis sem a memória virtual (para mais detalhes, reveja esta postagem). Então, se você acha mesmo que pode abrir mão desse recurso, veja como reconfigurá-lo no Windows 10:

― Dê um clique direito no logo do Windows que é exibido na extremidade esquerda da sua barra de tarefas (o mesmo em que você clica com o botão esquerdo para acessar o menu Iniciar).

― Clique então em Sistema e, na porção esquerda da tela que se abrirá em seguida, clique em Configurações avançadas do sistema.

― Selecione a guia Avançado e, no campo Desempenho, clique em Configurações... e novamente na guia Avançado.

― No campo Memória virtual da janelinha que se abrirá em seguida, clique em Alterar.

― Desmarque a caixinha ao lado de Gerenciar automaticamente o tamanho do arquivo de paginação, selecione (se necessário) o drive ou partição em que o Windows está instalado e marque a opção Sem arquivo de paginação.

Observação: Note que essa mesma janela permite definir manualmente o tamanho do arquivo de paginação. Para isso (embora essa questão fuja aos propósitos da postagem, já que o tema em pauta é a recuperação de espaço no HD), selecione a opção correspondente, preencha os campos Tamanho inicial e Tamanho máximo com o mesmo valor (que deve ficar entre uma vez e meia e três vezes a quantidade de memória RAM instalada no computador), confirme em OK e reinicialize o sistema.

A MORTE DE TEORI ZAVASCKI ― OUTRO “PAVOROSO ACIDENTE”?

Eram 5h da tarde quando a notícia caiu feito uma bomba ― ou feito o Beechcraft C90GT de prefixo PR-SOM, a bordo do qual se encontrava o ministro do STF Teori Zavascki e outras quatro pessoas, mas essa analogia me pareceu de mau gosto, de modo que resolvi ficar com a primeira.

Eu já havia encerrado o expediente quando soube do “pavoroso acidente” e resisti à tentação de postar algo no Blog e na comunidade de política devido à falta de informações confiáveis. Até aquele momento, sabia-se apenas que a aeronave ― que decolou por volta das 13h00 do Campo de Marte, na região central da capital paulista, e tinha como destino a cidade de Paraty, no litoral fluminense ― havia caído no mar, a 2 km do campo de pouso de destino (chamar aquilo de aeroporto é piada) e que Zavascki poderia ser um dos passageiros. Meia hora depois, todos os telejornais confirmavam que o ministro estava mesmo a bordo e que havia morrido no acidente, e, mais adiante, que havia cinco pessoas a bordo (e não quatro, como havia sido dito anteriormente), que nenhuma delas sobreviveu para contar a história e que as causas da tragédia podiam ser... qualquer coisa.

Teori era o relator dos processos da Lava-Jato no STF. A ele caberia homologar os acordos de 77 delatores da Odebrecht, que, até onde se sabe, envolvem cerca de 200 políticos de diversos partidos ― que poderão ter a carreira abreviada e até mesmo passar um tempo no complexo penitenciário de Pinhais, em Curitiba, caso as denúncias sejam confirmadas, os respectivos inquéritos, instaurados, e as ações, julgadas em desfavor dos réus. Só isso já dá e sobra para inúmeras teorias da conspiração ― que realmente vêm pipocando na Web. Pode ser que tudo não passe de uma lamentável coincidência, mas dizem que coincidências nada mais são do que Deus agindo nos bastidores ― no caso, por motivos óbvios, seria mais provável que o Diabo tivesse culpa no cartório.

Ainda não são conhecidas ― pelo menos até o momento em que estou rabiscando estas linhas ― as verdadeiras causas do acidente, e não vejo sentido em perder tempo com meras especulações. Melhor acompanhar o desenrolar das investigações para ver que bicho dá. Mesmo quanto ao futuro da Lava-Jato ― que a perda de Zavascki certamente atrapalha, ou pelo menos retarda, mas isso não significa que a Operação esteja comprometida. Ainda não se sabe quem será o novo relator, até porque fala-se em duas maneiras de escolhê-lo: na primeira, Temer aponta o substituto de Zavascki (que deve ser sabatinado pela CCJ do Senado e referendado pelo plenário da Casa), e ele herdará as ações que estavam sob os cuidados de seu antecessor. Na segunda, a ministra Carmem Lucia, atual presidente da Corte, sorteia o novo relator entre os 9 colegas remanescentes (o STF é composto por 11 magistrados, mas, nesse caso, a presidente não conta), embora alguns palpiteiros afirmem que esse sorteio deve envolver apenas os 4 componentes que restaram na Segunda Turma do Supremo, da qual TZ fazia parte (e que é presidida por Gilmar Mendes e conta com os ministros Celso de Mello, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski).

Já deu na mídia que o presidente Temer deve indicar para o posto seu ministro da justiça, o boquirroto dublê de Kinder ovo e Lex Luthor, que atende por Alexandre de Moraes. Há quem sugira o nome de Sergio Moro, mas parece que essa ideia é defendida apenas pelos (muitos) admiradores do magistrado. Demais disso, é bom lembrar que se Moro ocupasse a vaga, estaria automaticamente impedido de julgar recursos de casos relativos às ações que ele próprio julgou em primeira instância.

A coisa toda ainda é muito recente. Não se sabe ao certo sequer onde o corpo de Zavascki será sepultado. Alguns dizem que será velado no STF e de lá enviado para Santa Catarina (o ministro nasceu naquele estado, no município de Faxinal dos Guedes), enquanto outros dizem que tanto o velório quanto o sepultamento serão em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Voltarei com mais detalhes quando os tiver e achar que posso confiar nas informações.

E como a vida continua e hoje é sexta-feira:



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