Vimos que um motor de combustão interna (ciclo Otto) divide-se basicamente em cabeçote, bloco e cárter, que cilindros, pistões, bielas, virabrequim etc. ficam no bloco e que, nas configurações atuais, válvulas e respectivo eixo-comando ficam no cabeçote, que é responsável por controlar a entrada da mistura ar-combustível que preenche os cilindros e, após ela ser comprimida e inflamada na câmara de explosão, expulsar os gases remanescentes. Vimos também que o movimento de sobe e desce dos pistões precisa ocorrer de maneira
sincronizada com a abertura e o fechamento das válvulas, e que essa sincronização é feita por engrenagens (ou
polias dentadas) presas ao virabrequim
e ao eixo-comando de válvulas e ligadas entre si
por uma correia (ou corrente) de distribuição. Dito isso, vamos em frente.
Para o motor funcionar adequadamente, sua temperatura precisa ser mantida em torno de 90ºC. Assim, uma mistura de água desmineralizada e etileno glicol circula constantemente por uma "galeria" de dutos existentes
nas paredes do bloco e do cabeçote (sem entrar em contato com os componentes
internos do motor, tais como válvulas,
pistões, bielas etc.), passando de tempos em tempos pelo radiador, onde um fluxo de ar promove a troca de calor com o ambiente.
Nos veículos antigos, o assim chamado sistema de arrefecimento era
formado por um radiador — que
acumulava as funções de reservatório de água e dissipador de calor —, uma bomba d'água acionada mecanicamente —
responsável pela circulação forçada da água — e uma hélice, também acionada mecanicamente, que sugava
ar "frio" do ambiente e o "empurrava" através das aletas do radiador, de modo a manter a temperatura da água sob controle. Como esse sistema não era
selado, a perda de água por
evaporação exigia que se checasse o nível regularmente, sob pena de
"o motor ferver" — sobretudo em dias de muito calor e/ou em percursos
congestionados (em regimes de baixa rotação do
motor, a hélice não produzia ventilação suficiente para impedir o superaquecimento do sistema).
Mais adiante, passou-se a utilizar um sistema selado, no qual um líquido
de arrefecimento com etilenoglicol (que tanto eleva o ponto de
ebulição da água quanto evita que ela congele em situações de baixas temperaturas). A ventoinha, por ser elétrica, não rouba potência do motor; por ser controlada
por um sensor de temperatura, ela só é acionada quando isso realmente é necessário. A hélice gira sempre em alta velocidade, independentemente
da rotação do virabrequim, e uma válvula termostática
posicionada entre o radiador e o bloco dosa a passagem do líquido de
arrefecimento, fazendo com que que a temperatura ideal seja atingida
em poucos minutos, mesmo em dias frios. Por fim, um vaso expansor translúcido permite verificar o nível do líquido (que é colorido, conforme se vê na imagem acima) sem
que seja preciso remover o tampão.
Observação: O ideal é fazer essa checagem com o
motor frio e o carro parado numa superfície plana, e que o nível do líquido
deve ficar entre as marcar de "mínimo"
e "máximo" — e se for preciso completá-lo, usar o produto adequado, já que abastecer o reservatório com água pura irá alterar a proporção do etilenoglicol.
O cabeçote é afixado ao bloco do motor por parafusos que devem ser apertados de forma alternada e com o auxílio de um torquímetro. Uma junta de metal elastômero (ou de metal multicamadas combinado comum
componente líquido, semelhante a uma cola) garante o perfeito assentamento das peças, o que é fundamental para impedir o vazamento da compressão e evitar que o líquido de arrefecimento contamine o óleo lubrificante, além de proteger as partes metálicas de corrosão e empenamento.

Continua no próximo capítulo.