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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

FALTAM 10 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO — QUEM CONVERSA COM POSTE É BÊBADO!


Depois do resultado do primeiro turno, o criminoso de Curitiba concitou seu esbirro a ser “mais Haddad”. A estratégia é descolar sua imagem puída da do poste e se eximir da culpa por uma eventual derrota, para a qual terão contribuído a demora e a relutância na definição do “plano B” do PT.

Lula, que de bobo não tem nada, não esqueceu o fiasco do PT nas eleições municipais de 2016, quando seu poste perdeu a prefeitura de São Paulo para Doria no primeiro turno, mesmo tendo a tiracolo o sumo pontífice da seita do inferno. Mesmo assim, ele atribui sua crescente impopularidade no estado à derrota humilhante de Haddad, quando na verdade dá-se o inverso: a impopularidade do demiurgo é que foi determinante para a derrota de seu protegido — embora este tenha contribuído com uma péssima gestão — muitos paulistanos consideram-no o pior prefeito de todos os temos, embora Celso Pitta, Luiza Erundina, Marta Suplicy e Gilberto Kassab sejam concorrentes de peso ao título.

Observação: Do alto de sua megalomania, o deus pai da Petelândia não se vê como um criminoso condenado e réu em mais meia dúzia de processos. De tanto repetir a narrativa de que é um preso político, um perseguido, uma espécie de mártir, ele parece acreditar nas próprias mentiras.

Falando no poste, um bate-boca entre o dito-cujo e o capitão caverna viralizou nas redes sociais. Tudo começou quando o candidato do PSL tuitou uma mensagem chamando o petista de “fantoche de corrupto” — referindo-se a um comentário do adversário sobre os erros cometidos nos os governos de Lula e Dilma (no tuíte, o deputado disse que narrativa do petista não passava de uma “conversa para boi dormir”).

Essa história de o fantoche de corrupto admitir erros do seu partido é pra boi dormir. A corrupção nos governos Lula/Dilma não era caso isolado, era regra para governar. Por isso estão presos presidente, tesoureiros, ministros, marqueteiros, etc., além de tantos outros investigados”, disse Bolsonaro em sua postagem. E Haddad respondeu: “Tuitar e fazer live é fácil, deputado. Vamos debater frente a frente, com educação, em uma enfermaria se precisar. O povo quer ver você aparecer na entrevista de emprego”.

Bolsonaro tem dito que, mesmo se for liberado pelos médicos para participar dos debates televisivos, só confirmará presença se achar que deve. Em outra publicação, ele chamou o petista de “Andrade”, disse que “quem conversa com poste é bêbado” e insinuou que Haddad pode ser o próximo a cumprir pena na sede da Polícia Federal.

Como se vê, o nível da campanha é "o melhor possível". Mas esses bate-bocas até que são interessantes. Já que o troço virou circo, vamos às palhaçadas.

Piada do dia:


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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — FALTAM 11 DIAS...



A oportunidade de escolher um candidato “mais ao centro do espectro político-partidário” se perdeu no último dia 7. Agora não adianta chorar. Resta-nos o Capitão Caverna ou o fantoche do presidiário de Curitiba — o pior dos cenários, sem dúvida, mas previsível à luz da crescente polarização do eleitorado.

Não sei o que esperar de Bolsonaro na presidência, mas sei como foi ter o PT no poder. No mais das vezes, é melhor ficarmos com o diabo que conhecemos, mas toda regra tem exceção, e a eleição do próximo dia 28 me parece ser uma situação excepcional.

A pouco mais de uma semana do segundo turno, todas as pesquisas indicam a vitória de Bolsonaro por uma vantagem considerável, embora ele seja o candidato dos sonhos somente para os bolsomínions — mais ou menos como Lula em relação aos sectários do lulopetismo. Isso significa que seu favoritismo se deve a um repúdio maciço ao PT, ou por outra, ao medo de o demiurgo de Garanhuns voltar ao poder, ainda que encarnado no fantoche que se empenha mais a cada dia em desconstruir sua própria imagem para se travestir no mestre e conquistar a simpatia da patuleia.

A pesquisa mais recente do Ibope não só reafirmou o favoritismo do capitão como também o declínio de sua rejeição, que às vésperas do primeiro turno era de 43% e agora caiu para 35%. Já o repúdio a Haddad cresceu de 36% para 47%, superando o do adversário pela primeira vez desde o início da campanha.

Sondados pelo staff petista, Joaquim Barbosa e Fernando Henrique não demonstraram grande entusiasmo em apoiar Luladdad. Jaques Wagner — que era o primeiro da lista no “plano B” do PT, mas preferiu (sabiamente) disputar uma vaga no Senado — chegou mesmo a reconhecer que o partido deveria ter desistido da candidatura própria e apoiado Ciro Gomes. Aliás, Lula atuou nos bastidores para minar as chances de Ciro chegar ao segundo turno, e agora está colhendo o que plantou: o cangaceiro de araque (Ciro é paulista de Pindamonhangaba) viajou para a Europa e seu irmão Cid, durante um ato de campanha petista no Ceará, disse à patuleia que o PT deveria ter pedido desculpas pelas “besteiras que fizeram”, por “aparelharem as repartições públicas” e por “acharem que eram os donos de um país que não aceita ter dono”. O circo pegou fogo, como se pode conferir no vídeo que eu inseri na postagem anterior (são cerca de 4 minutos, mas que valem cada segundo).

Observação: Para não perder a liderança da esquerda, o presidiário de Curitiba barrou de todas as maneiras a aliança com o PDT, inclusive ameaçando o PSB de lançar candidato em Pernambuco se o partido apoiasse Ciro. Agora, quando tudo indica que Inês é morta, surgem dentro do próprio PT sugestões de lançar a candidatura de Ciro em 2022.

A pouco mais de uma semana do segundo turno, combater Bolsonaro com um discurso genérico sobre valores e democracia, direcionado a um eleitorado eminentemente antipetista, me parece perda de tempo. Mesmo que atraísse para si todos os votos brancos e nulos, o fantoche de Lula não conseguiria vencer o adversário, e roubar seus eleitores é uma missão quase impossível, pois quem vota no capitão não vota no PT. Além disso, a ideia de formar uma aliança pluripartidária “a favor da democracia” não só não deu certo como foi desmentida (ou talvez por não ter dado certo é que foi desmentida) pelo próprio Jaques Wagner.

Bolsonaro tenta se mostrar menos radical e vem evitando os debates (que decididamente não são a sua praia). Pode ser uma boa estratégia: com ou sem debates, os que votaram nele não mudarão seu seu votos, assim como os seguidores da seita do inferno também não o farão. Se o candidato do PSL conseguir controlar seus verdadeiros adversários — que são ele próprio, seu vice e seu staff, que nem sempre cantam em coro e não raro cometem erros primários em seus pronunciamentos —, sua vitória está praticamente assegurada.

Observação: Bolsonaro deve passar por nova avaliação médica nesta quinta-feira, 18, quando será liberado (ou não) para participar de debates televisivos. Desde que teve alta, ele gravou transmissões ao vivo quase que diárias nas redes sociais, deu entrevistas a rádios e emissoras de TV e participou de alguns atos públicos, mas não dos debates programados pela Band, Gazeta e Rede TV. E o mesmo deve ocorrer no do SBT, que estava previsto para esta quarta-feira. E ainda que seja liberado pelos médicos, ele pode não participar dos debates da Record e da Globo, programados respectivamente para os próximos dias 21 e 26. Segundo o UOL, o capitão só irá aos debates “se achar que deve; se achar que não, não vai participar”. A Band remarcou seu para a próxima sexta-feira, “a depender da decisão que os médicos tomarão na quinta e que o próprio Bolsonaro tomará na sequência”, segundo o jornalista Ricardo Boechat, escalado para mediar o debate.

Os próximos anos não serão fáceis, independentemente de quem for o presidente da vez, pois sua popularidade irá evaporar tanto se ele se empenhar nas reformas necessárias ao combate do desequilíbrio fiscal quanto se não as levar adiante. Todavia, considerando os presidenciáveis que disputarão o segundo turno, o Brasil sairá do pleito mais dividido do que nunca. 

Com bem salientou Mario Vitor Rodrigues na Gazeta do Povo, “se somarmos à inabilidade política do grupo que tende a assumir o poder o seu voluntarismo para ferir estruturas básicas no senso comum e o fato de que não há função mais talhada para a esquerda do que jogar pedra na vidraça, talvez o bolsonarismo encontre a sua verdadeira vocação em poucos anos, qual seja reavivar uma esquerda que tinha tudo para passar um bom tempo no ostracismo, não fosse ela convidada para uma festa em que sempre soube muito bem como se comportar”.

Para relembrar, veja como age o candidato que se diz pronto para debater com quem for e em qualquer lugar:


E para encerrar, uma foto que traduz com rara sensibilidade como a maioria de nós se sente em relação ao cenário político:


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sábado, 13 de outubro de 2018

FALTAM 15 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO — CÉUS E TERRAS, TREMEI!





Nunca antes na história deste país um candidato a presidente recebeu tantos votos no primeiro turno quanto Jair Messias Bolsonaro — foram mais de 49 milhões, superando os recordes precedentes de Lula, em 2006, e de seu ignóbil poste, em 2010.

Pelo andar da carruagem, o mesmo deve ocorrer no próximo dia 28, não porque o deputado-capitão é o candidato ideal, mas por ser a única alternativa à mescla de alter ego e mico amestrado do presidiário de Curitiba — a menos que a eleição do último dia 7 seja anulada, como deseja o manequim de camisa-de-força que ficou em sexto lugar.  

Essa aberração — que, como Pelé, fala de si na terceira pessoa — afirma que “Deus assegurou ao Cabo Daciolo a vitória no primeiro turno” e, portanto, quer que o TSE anule o pleito e convoque novas eleições. Não sei onde ele tem seus momentos de epifania, mas imagino que a flora local seja bem sortida de... enfim, o fato é que esse lunático ter sido mais votado que Henrique Meirelles, Marina Silva ou Álvaro Dias é no mínimo preocupante.

Na opinião de William Waak, a “onda” do fim de semana passado sugere desdobramentos de alcance maior do que a capacidade de se construir maiorias para votações no Legislativo e desenha uma oportunidade que pode ser ampliada com o “capital político” — como gostam de dizer os economistas — que Bolsonaro está acumulando. Se isso é motivo de comemoração, só o tempo dirá.

O “fenômeno político Bolsonaro” atraiu enorme atenção fora do Brasil — e dificuldades de interpretação idem. O mínimo denominador comum encontrado entre publicações normalmente divergentes entre si (como The Guardian ou The Economist) foi o de ressaltar perigos severos à democracia. A palavra “fascista” aparece em publicações como Der Spiegel, e mesmo o Financial Times, que provavelmente tem a melhor cobertura do Brasil na grande imprensa internacional, vê na figura do candidato o prenúncio de tempos duros — a inversão de uma tendência, segundo o FT, que o Brasil também simbolizara ao sair do regime militar há mais de 30 anos.

Para comediantes da telinha americana, a eleição brasileira virou piada pronta, com a exibição das aberrações de propaganda eleitoral produzida por candidatos a deputado, passando por Lula na cadeia (lá fora se acha mesmo piada que um presidiário surgisse como favorito nas pesquisas eleitorais) e chegando até algumas das frases mais contundentes do deputado-capitão. Tanto lá como cá, porém, suas declarações polêmicas costumam ser criticadas fora do contexto. Além disso, Bolsonaro pode não ser exatamente um bibliófilo, mas vale lembrar que um semianalfabeto — que se orgulhava de jamais ter lido um livro na vida — comandou esta Nau dos Insensatos por mais de 13 anos, aí incluído o período em que seu “poste” exerceu o papel de gerentona de araque.

Eu teria mais uma porção de considerações a respeito, mas tecê-las num final de semana prolongado seria gastar boa vela com mau defunto — não só porque os índices de audiência caem a patamares abissais, mas também porque boa parte dos leitores já não suporta mais ouvir falar de política (como eu já não aguento mais escrever sobre o tema). Portanto, reproduzo a seguir um texto magistral do jornalista J.R. Guzzo, que resume perfeitamente o que eu penso sobre o assunto:

Está finalmente explicado o motivo pelo qual o deputado Jair Bolsonaro venceu o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Não é nada do que você pensa. A população nativa, na sua ignorância de sempre, estava achando que Bolsonaro ganhou porque teve 18 milhões de votos a mais que o segundo colocado. Imagine. Acreditar numa bobagem como essa só acontece mesmo com brasileiro, esse infeliz que vive longe dos bons centros do pensamento civilizado, progressista e moderno da humanidade, na Europa e nos Estados Unidos. Obviamente, não temos o nível mental necessário para entender o que entendem os jornalistas, cientistas políticos, sociólogos, filósofos e outros cérebros que habitam o bioma superior de Nova York, ou Paris, e dão a si próprios a incumbência de explicar o mundo às mentes menos desenvolvidas. Tome-se, por exemplo, a televisão francesa. Ali eles sabem exatamente o que aconteceu no dia 7 de outubro no Brasil: Bolsonaro ficou em primeiro lugar na eleição por causa do racismo brasileiro.

Racismo? Como assim ─ que diabo uma coisa tem a ver com a outra? Os peritos da TV francesa explicam. A esquerda e o PT, nos governos do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff, favoreceram a “inclusão dos negros” no Brasil, e isso provocou a ascensão do ódio racial. Revoltados contra os “progressos” que o PT deu para os negros, os racistas brasileiros foram para o lado de Bolsonaro ─ e com isso aumentaram tanto os seus votos que ele acabou ficando em primeiro. Além disso, o “oficial do Exército” (coisa que o candidato deixou de ser há 30 anos) recebeu o apoio da elite rica. Aí fechou o esquema, resumem os comunicadores franceses: somando brancos, racistas e milionários, Bolsonaro acabou com aquela votação toda.

Nada disso faz o menor sentido, mas nenhum mesmo — a começar pelo fato de que nem uma investigação do FBI seria capaz de descobrir o que, na prática, Lula e Dilma teriam feito de bom, algum dia, para algum negro de carne e osso. Como seria possível, num país onde apenas 40% da população se declara branca, a matemática eleitoral favorecer quem não gosta de preto? Seria a maioria de pardos e negros, então, que estaria promovendo a ascensão do ódio racional contra si própria? Também é um mistério de onde saíram 50 milhões de racistas para votar em Bolsonaro — ou porque o candidato Hélio Lopes, conhecido como “Hélio Negão” e deputado federal mais votado do Rio de Janeiro com 350 mil votos, foi um dos seus maiores aliados na campanha eleitoral. Para piorar, além de negro retinto “Helio Negão” é subtenente do Exército, pobre e da Baixada fluminense. Elite branca?

O Brasil seria um fenômeno mundial se houvesse por aqui uma quantidade de ricos e milionários tão grande que conseguisse definir o resultado de uma eleição presidencial. Não dá para entender, igualmente, porque raios o candidato das elites faria a sua campanha de carro e a pé, enquanto o candidato das massas populares, Fernando Haddad, anda de cima para baixo num jatinho Citation Sovereign — um dos mais luxuosos do mundo, pertencente ao dono bilionário das Casas Bahia através de sua empresa de táxi aéreo. (Se Haddad paga pelo aluguel já é ruim — de onde está saindo a fortuna necessária para isso? Se não paga é pior ainda.)

Não dá para entender por que Bolsonaro não teve um tostão para a sua campanha e o “reformador social” Haddad, homem dos pobres, das massas miseráveis, dos sem-terra e sem-teto, das “comunidades” e das minorias, da resistência ao capitalismo, passou a eleição inteira nadando em dinheiro. Não dá para entender como seria possível existir no Brasil dezenas de milhões de “fascistas”, e “nazistas”, e exploradores do “trabalho escravo”, sem que ninguém tivesse conseguido perceber isso até hoje. Não, não dá para entender nada. Mas não esquente sua cabeça; não é mesmo para você pensar em coisa complicada. A imprensa internacional, que tudo vê e tudo sabe, está aí justamente para explicar.

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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

FALTAM 16 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO — QUE DEUS NOS AJUDE!



Na primeira pesquisa do Datafolha sobre as intenções de voto no segundo turno do pleito presidencial, Bolsonaro superou o fantoche lulista por 16 pontos percentuais (58% a 42% dos votos válidos). Claro que faltam duas semanas para o escrutínio, que no Brasil até o passado é imprevisível, que a abominável propaganda política obrigatória recomeça hoje e que os institutos de pesquisa são como biquínis: mostram tudo, menos o que realmente interessa. E às vezes erram escandalosamente: na noite de sexta-feira, 6, o UOL publicou: A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) mantém a liderança na disputa para o Senado em Minas Gerais com a maior porcentagem de intenção de votos válidos, apontam as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste sábado (6)...

Observação: A eleição da anta vermelha era prioridade para o PT, que investiu mais de R$ 4 milhões em sua campanha. Mesmo assim, a ex-grande-chefa-toura-sentada-penabundada amargou um inexpressivo quarto lugar, com cerca de 15% dos votos válidos. A título de comparação, a advogada Janaína Pascoal, uma das signatárias do pedido de impeachment que defenestrou a calamidade do Planalto, elegeu-se deputada estadual com mais de 2 milhões de votos, embora sua campanha tenha custado módicos R$ 44 mil.

O próximo debate entre os presidenciáveis na TV, que seria realizado pela Rede Bandeirantes nesta sexta-feira, foi adiado sine die porque, além de não liberarem a participação de Bolsonaro, os médicos do Hospital Albert Einstein desaconselharam-no a realizar qualquer ato de campanha na rua até o próximo dia 18, quando seu estado de saúde será reavaliado. Assim, armar o circo unicamente para o títere do presidiário de Curitiba não caracterizaria um debate, mas uma entrevista individual, o que foge aos propósitos do programa e contraria o disposto pela legislação eleitoral.

Capitão Caverna não é o primeiro candidato a presidente a faltar em debates televisivos — em 1989, Collor não foi a nenhum dos seis que foram realizado no primeiro turno —, mas é o único, pelo menos até agora, a faltar também no segundo turno.

Observação: Em 1994, FHC faltou a dois dos três debates, mas ganhou no primeiro turno. Em 1998, ele foi reeleito, também no primeiro turno sem participar de nenhum debate na TV. Na Era PT, o molusco abjeto participou de todos os debates em 2002, mas em 2006 só debateu com Alckmin no segundo turno. Dilma faltou a dois debates no primeiro turno em 2010, mas compareceu a todos em 2014.

Falando no PT, a campanha do poste ora travestido de “socialdemocrata” abandonou o vermelho e a imagem do presidiário de Curitiba, desistiu (ou disse que desistiu) de reescrever a Constituição e desmentiu que José Dirceu — que está solto devido a mais uma decisão estapafúrdia da ala garantista do STF — teria espaço no seu governo (nem é preciso dizer que o objetivo dessa palhaçada é ganhar a simpatia de um eleitorado mais ao centro, que tenciona votar em branco, anular o voto ou se abster de ir às urnas no próximo dia 28).

Mesmo não sendo o candidato dos nossos sonhos, Bolsonaro é a única alternativa ao retrocesso representado pela volta da antiga matriz populista, responsável por mazelas como desemprego, inflação e total desajuste das contas públicas. Ainda que eu não concorde 100% com o que ele diz, sou 1000% contrário a volta do PT. Quando mais não seja porque me lembro perfeitamente de Dilma, que durante a campanha à reeleição, em 2014, ludibriou boa parte do eleitorado mediante o maior estelionato eleitoral da história deste país. E o resultado foi catastrófico.

O ex-governador baiano Jaques Wagner, que não aceitou o convite para substituir o demiurgo de Garanhuns na disputa presidencial (ele era primeiro plano B do PT, mas preferiu concorrer a uma cadeira no Senado a se sujeitar ao papel de marionete), passa agora a integrar a coordenação do comitê de Luladdad. Segundo o político baiano, o slogan “Haddad é Lula” já deu o que tinha que dar. “…Agora as pessoas querem saber mais da personalidade do próprio candidato. Então, é essa tarefa que a gente tem agora.”

Para que a “frente democrática” do PT tivesse alguma chance de vingar, o partido teria de fazer um mea-culpa pelo mensalão e o petrolão, mas o que tem feito é dizer que a recessão e o desemprego não advieram da funesta gestão da gerentona de araque, e sim de sabotagens dos tucanos, que se uniram a Eduardo Cunha para implodir a gestão da estocadora de vento. Na condição de vassalo, esbirro ou bobo-da-corte, o títere lulista se nega a ver seu mentor como um corrupto condenado em segunda instância, preferindo classificá-lo como um inocente perseguido pela Procuradoria e pelo Judiciário. A essa altura, pondera Josias de Souza em seu Blog, Bolsonaro já deve ter acendido uma vela pelo sucesso do plano do PT de trocar o “nós contra eles” pelo “todos contra ele”.

Para encerrar: O autodeclarado preposto do Criador na disputa presidencial tupiniquim, que afirma ter sido informado pelo Todo-poderoso em pessoa que seria eleito presidente no primeiro turno, ficou em sexto lugar (por incrível que pareça, Daciolo teve mais votos que Meirelles e Marina), e agora não só o resultado como reivindica o cancelamento das eleições e exige cédulas de papel, pois Deus escreve certo por linhas tortas. Tomara que os ministros do TSE concluam que a urna eletrônica é um porta-voz mais confiável de Deus do que o manequim de camisa-de-força que atende por Cabo Daciolo.

Bom dia de Nossa Senhora Aparecida a todos e um ótimo feriadão.

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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

FALTAM 18 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO — PONTOS A PONDERAR




Há dias que venho ensaiando uma postagem sobre a colcha de retalhos utópica e entumecida que atende por “Constituição Cidadã”, mas a efervescência no cenário político me levou a adiar o projeto. Agora, a 18 dias do segundo turno, parece-me mais importante acompanhar os novos e emocionantes capítulos da novela sucessória, sobretudo as negociatas de Bolsonaro e Luladdad em busca do apoio dos postulantes defenestrados. 

Colho o ensejo para adiantar que desde a proclamação da independência o Brasil já teve sete constituições (ou oito, já que muitos consideram a Emenda nº 1, outorgada pela junta militar em 1969, como a “Constituição de 1969”). A mais recente, que acaba de completar 30 anos, não só é o obelisco da prolixidade, mas também uma colcha de retalhos, na medida em que foi remendada mais de uma centena de vezes. A título de comparação, a constituição norte-americana, promulgada em 1787, tem apenas 7 artigos e recebeu 27 emendas nos últimos 220 anos.

Observação: A palavra “direito” é mencionada 76 vezes em nossa carta magna, enquanto “dever” surge em míseras quatro oportunidades. “Produtividade” e “eficiência” aparecem duas e uma vez, respectivamente, o que nos leva à seguinte pergunta: O que esperar de um país que tem 76 direitos, quatro deveres, duas produtividades e uma eficiência? A resposta terá de ficar para uma das próximas postagens. 

Antes de transcrever mais um artigo magistral de J.R. Guzzo, publicado originalmente no Blog Fatos sob o título O PARTIDO ANTI-LULA, achei por bem tecer algumas considerações sobre o resultado das urnas no último domingo.

Mesmo considerando o segundo turno como uma “nova eleição”, o fato de Bolsonaro ter obtido quase o dobro dos votos de Luladdad é significativo, quando mais não seja porque nenhum candidato que passou para o segundo turno na dianteira da disputa presidencial deixou de se eleger. Foi assim com o presidiário de Curitiba em 2006 — que obteve 49% dos votos válidos no primeiro turno e derrotou Alckmin no segundo (por 60,3% a 39,2%) — e com a ex-grande-chefa-toura-sentada — que em 2014 venceu o mineirinho safado no primeiro turno por 41,6% a 33,6% e se reelegeu no segundo por 51,6% a 48,4%. 

No último dia 7, o preposto-fantoche do demiurgo de Garanhuns teve menos votos do que Aécio no primeiro turno das eleições de 2014 — aliás, faltou bem pouco para Bolsonaro liquidar a fatura já no primeiro turno, uma vez que obteve 46% dos votos válidos (contra 29% de Luladdad). 

Volto a frisar que o capitão caverna jamais seria minha escolha se houvesse alternativa — e votar no PT não é alternativa, até porque acho inconcebível o Brasil ser governado de dentro da carceragem da PF em Curitiba (ou do Complexo Médico-Penal de Pinhais, da Papuda ou da ponte que partiu esse molusco abjeto). O fato de seu alter ego ir toda semana pedir-lhe a benção é um indicativo claríssimo da impostura de sua candidatura, que é tão falsa quanto uma nota de 3 reais. Lula disse que não é mais uma pessoa, e sim uma ideia, mas a história recente nos mostra tratar-se de uma péssima ideia, e o número de votos obtidos por Bolsonaro no último domingo deixa claro que uma parte da população já se deu conta disso. Portanto, torçamos para que o pulha vermelho apodreça na cadeia até o final de sua imprestável existência.

Resta saber como se posicionarão as demais legendas e respectivos caciques. O petralha-aprendiz é capaz de atrair para si boa parte dos votos dos eleitores de Ciro, Marina e Alckmin, mas não o bastante para se contrapor a Bolsonaro, já que, até por falta de opções, o eleitorado de centro-direita, pulverizado entre candidaturas nanicas como a de Álvaro Dias, Meirelles, Amoedo, além da parte minoritária que votou em Alckmin e Ciro, podem escolher o deputado-capitão. Isso sem mencionar que essa “falta de opção” pode gerar um índice maior de abstenções e votos brancos e nulos — no primeiro turno, dos 147 milhões de eleitores aptos a votar, cerca de 40 milhões não compareceram ou votaram em branco/anularam o voto —, o que favorece Bolsonaro, na medida em que ele precisará conquistar menos votos derrotar seu adversário.

Fato é que as revelações da Lava-Jato sepultaram as pretensões eleitorais de notórios medalhões petistas. Foi o caso de Dilma, a penabundada, que concorreu a uma vaga para o Senado por Minas gerais e cuja vitória os institutos de pesquisas davam como certa. Mas faltou combinar com o eleitorado: focada em denunciar o “golpe” — como a ex-presidanta e seus comparsas se referem ao impeachment —, a campanha da petista custou quase R$ 4 milhões, superando até mesmo os gastos de presidenciáveis como Marina, Ciro e o próprio Bolsonaro. Em contrapartida, a advogada Janaína Pascoal, uma das signatárias do pedido de impeachment que defenestrou a nefelibata da mandioca, elegeu-se deputada estadual com mais de 2 milhões de votos, embora sua campanha tenha custado módicos R$ 44 mil.

Outro exemplo: entre os 70 parlamentares eleitos para compor a bancada paulista na Câmara Federal, a jornalista, youtuber e antipetista Joice Hasselmann, que apoiou Bolsonaro para presidente e conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa Paulista com invejáveis 1.064.047 votos, ficando atrás apenas de Eduardo Bolsonaro, que obteve 1.814,443 votos.

Passemos ao texto de Guzzo:

Durante as próximas três semanas você vai ler, ver e ouvir um oceano de explicações perfeitas sobre o que aconteceu nas eleições deste domingo – e em todas elas, naturalmente, os cérebros da análise política nacional dirão ao público o quanto acertaram nos seus pronunciamentos durante a campanha eleitoral, embora tenha acontecido em geral o contrário de quase tudo que disseram. A mesma cantoria, com alguns retoques, deve ser feita daqui para frente para lhe instruir em relação ao desfecho do segundo turno, no próximo dia 28 de outubro. Em favor da economia de tempo, assim, pode ser útil anotar algumas realidades básicas que o primeiro turno deixou demonstradas.

1 – A grande força política que existe no Brasil de hoje se chama antipetismo. É isso que deu ao primeiro colocado, Jair Bolsonaro, 18 milhões de votos a mais que o total obtido pelo “poste” do ex-presidente Lula. Esqueça a “onda conservadora”, o avanço do “fascismo”, as ameaças de “retrocesso” – bem como toda essa discussão sobre homofobia, racismo, machismo, defesa da ditadura e mais do mesmo. Esqueça, obviamente, a força do PSL, que é nenhuma, ou o esquema político do candidato, que não existe. O que há na vida real é uma rejeição tamanho gigante contra Lula e tudo o que cheira a Lula. Quem melhor soube representar essa repulsa foi Bolsonaro. Por isso, e só por isso, ficou com o primeiro lugar.

2 – O PT, como já havia acontecido nas eleições municipais de 2016, foi triturado pela massa dos eleitores brasileiros. Seu candidato a presidente não conseguiu mais que um quarto dos votos. Os candidatos do partido a governador nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul tiveram votações ridículas. Todos os seus candidatos “ícone” ao Senado, como Dilma Rousseff em Minas Gerais, Eduardo Suplicy em São Paulo e Lindbergh Farias no Rio de Janeiro foram transformados em paçoca, deixando o PT sem um único senador nos três maiores colégios eleitorais do Brasil. Mais uma vez, o partido só tem a festejar a votação no Nordeste – e mais uma vez, ali, aparece aliado com tudo que existe de mais atrasado na política brasileira.

3 – A força política de Lula, que continua sendo descrito como um gênio incomparável no “jogo do poder”, é do exato tamanho dos resultados obtidos nas urnas pelo seu “poste”. As mais extraordinárias profecias vêm sendo repetidas, há meses, sobre a sua capacidade de “transferir votos” e a sua inteligência praticamente sobre-humana em tudo o que se refere à política. Encerrada a apuração, Lula continua exatamente onde estava – trancado num xadrez em Curitiba e com muito cartaz do “New York Times”, mas sem força para mandar em nada.

4 – Os institutos de “pesquisa de intenção de voto”, mais uma vez, fizeram previsões calamitosamente erradas. Dilma, segundo garantiam, ia ser a “senadora mais votada do Brasil”. Ficou num quarto lugar humilhante. Suplicy, uma espécie de Tiririca-2 de São Paulo, também era dado como “eleito”. Foi varrido do mapa. Os primeiros colocados para governador de Minas e Rio de Janeiro foram ignorados pelas pesquisas praticamente até a véspera da eleição. Tinham 1% dos votos, ou coisa que o valha. Deu no que deu.

5 – O tempo de televisão e rádio no horário eleitoral obrigatório, sempre tido como uma vantagem monumental — e sempre vendido a peso de ouro pelas gangues partidárias — está valendo zero em termos nacionais. Geraldo Alckmin tinha o maior espaço nos meios eletrônicos. Acabou com menos de 5% dos votos. Bolsonaro não tinha nem 1 minuto. Foi o primeiro colocado. Parece não valer mais nada, igualmente, a propaganda fabricada por gênios do “marketing eleitoral” da modalidade Duda Mendonça-João Santana – caríssima, paga com dinheiro roubado e criada numa usina central de produção. A votação de Bolsonaro foi construída nas redes sociais, sem comando único e sem verbas milionárias.

Daqui até 28 de outubro o público será apresentado a outras previsões, teoremas e choques de sabedoria. É bom não perder de vista o que acaba de acontecer antes de acreditar no que lhe anunciam para o futuro.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

FALTAM 19 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO — E AGORA, JOSÉ?



Devido à morte de Tancredo Neves, o maranhense José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mais conhecido como José Sarney, presidiu o Brasil de 22 de abril de 1985 a 15 de março de 1990, tornando-se o primeiro presidente civil pós-ditadura. 

Sarney foi sucedido pelo Caçador de Marajás de araque, que venceu o demiurgo de Garanhuns no segundo turno do pleito de 1989 e sagrou-se o primeiro presidente eleito pelo voto popular desde Jânio Quadros (em 1960). Foi durante seu governo — de Sarney, não de Collor — que a “Constituição Cidadã” (sobre a qual falarei mais adiante) foi promulgada. 

Foi somente em 1997, com as bênçãos do então presidente Fernando Henrique, que nossa Carta Magna deixou de proibir o chefe do Executivo e respectivo vice de disputar a reeleição para mandatos consecutivos (mandatos não consecutivos não são considerados como reeleição, daí porque Lula, de olho nas eleições de 2014, fez Dilma sua sucessora em 2010, mas a anta pegou gosto pelo poder e a mula caiu do jegue). Aprovada a emenda da reeleição, FHC tornou a vencer Lula no primeiro turno, em 1998, e conquistou seu ambicionado segundo mandato (durante o qual fez um governo de merda, mas isso é outra conversa). 

Importa dizer é que devemos ao grão-tucano a situação em que nos encontramos atualmente. Se a ideia era copiar a Constituição norte-americana, que copiassem direito: segundo a 22ª Emenda (Amendment XXII, no original em inglês), aprovada pelo Congresso dos EUA em 1947 e ratificada em 1951, nenhuma pessoa poderá ser eleita mais de duas vezes para o cargo de presidente. Nesses termos, Lula, que esgoto os dois mandatos a que tinha direito, poderia gozar alegremente sua estada na carceragem da PF em Curitiba (ou no Complexo Médico-Penal de Pinhais, ou em outro presídio qualquer) sem se preocupar com questões inerentes à sucessão presidencial.

Costuma haver diferenças entre como as coisas são e como deveriam ser. É por isso que teremos de amargar mais três longas semanas — com direito à volta dos debates e do horário político obrigatório — até que, se não houver surpresas e Bolsonaro mantiver a liderança, o esbirro do criminoso de Garanhuns seja devidamente despachado para o buraco de onde jamais deveria ter saído. 

Entrementes, divirtamo-nos com as pesquisas. Aliás, chegou a ser hilária (para não dizer irritante) a insistência dos âncoras da Globo (e de outras emissoras que acompanharam em tempo real a apuração dos votos) em exibir o percentual de votos de Amoedo, Boulos, Daciolo, Eymael, Vera Lucia e companhia, quando o que interessava mesmo era a possibilidade de o candidato do PSL liquidar a fatura já no primeiro turno (e faltou bem pouco!).

Sobre Bolsonaro, segue trecho de uma postagem publicada ontem no Blog do Gabeira:

Não é uma simples segunda-feira de primavera. Neste momento, já se sabe quem venceu o primeiro turno das eleições e mais ainda: como se compõe o novo Congresso. [...] Imagino que comece hoje uma discussão sobre as causas que levaram Bolsonaro a vencer o primeiro turno. E também a ampla distribuição de culpa entre seus adversários. [...] Bolsonaro foi o deputado mais votado no Rio, em 2014. Ele teve 464 mil votos, cerca de 6% do total, um feito extraordinário em eleições proporcionais. Naquele momento, ele já estava em ascensão batendo, principalmente, em duas teclas: corrupção e segurança pública. Sua proposta em segurança tem uma vantagem sobre todas as outras. Reconhece a limitação do Estado e envolve o indivíduo, que teria sua própria arma. [...] Ainda vou escrever muito sobre Bolsonaro, inclusive sobre os 16 anos em que estivemos juntos em algumas comissões da Câmara, divergindo nos costumes e concordando na denúncia da corrupção. A grande dificuldade com Bolsonaro é que, essencialmente, é anticomunista e tende a combater todas as lutas lideradas pela esquerda, como se tivessem sido inventadas por ela. Ele tem dificuldade em distinguir direitos humanos e exploração ideológica, movimento das mulheres das visões radicais, meio ambiente e ameaça à propriedade privada e, no caso amazônico, cobiça internacional. [...] Pessoalmente, sempre conversei com Bolsonaro ao longo de 16 anos. Nos seus primeiros discursos na Câmara, ele pedia minha prisão porque eu era um sequestrador do embaixador americano. Ele queria reproduzir o debate sobre a luta armada. Os tempos eram outros, tínhamos um novo país para construir. A esquerda me considera um traidor que ocupa um espaço na lata de lixo da história. Sou aquele jogador que já foi do time e a torcida vaia sempre que toca na bola. Mas esquerda e direita são forças missionárias que tentam universalizar seu conceito de boa vida. Numa sociedade complexa como a nossa, precisamos reconhecer as diferenças e navegar com cuidado, administrando os problemas recorrentes. A ideia de um país dominado pela Bíblia ou pelo “Capital” de Marx não deixa de ser legítima. Apesar da importância que ambos dão aos seus textos, eles são apenas um modesto guia. O mundo ultrapassa os velhos esquemas mentais. Ou, em linguagem bem brasileira: o buraco é mais embaixo.

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sábado, 22 de setembro de 2018

FHC PEDE UNIÃO CONTRA EXTREMISTAS (ou: DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM)



Enquanto o circo eleitoral avança a pleno vapor, a crise política se agrava e o sistema político-jurídico edificado pela Constituição de 1988 agoniza. À corrupção, somam-se a desorganização da estrutura estatal, seu controle por inimigos da sociedade de bem e uma elite absolutamente descolada das necessidades nacionais. Por conta de uma irresponsabilidade nunca antes vista na história deste país, as instituições se esfacelam, e ao invés de se buscar o caminho da serenidade, do equilíbrio, da solução das contradições por meio do debate franco, aberto e democrático, aposta-se no quanto pior melhor. Assim, a duas semanas do primeiro turno das eleições, a impressão que se tem é a de estarmos diante do embate final entre o Bem e o Mal. Quem é quem nesse “nós contra eles”, no entanto, varia conforme as convicções e as preferências de cada um. 

Seguidores fanáticos desse ou daquele candidato, partido ou ideologia trocam acusações e impropérios (quando não socos e pontapés). O cidadão comum, que tem a vida por ganhar e mais com que se preocupar, é diuturnamente bombardeado com pesquisas que apontam algo diferente a cada instante, opiniões tendenciosas de analistas, jornalistas e outros palpiteiros de plantão e uma enxurrada de promessas eleitoreiras que os candidatos declamam em verso e prosa no horário eleitoral obrigatório, como se estivesse tratando com débeis mentais (às vezes estão, mesmo, mas isso já é outra conversa)  

Cansada da velha política, parte dos brasileiros passou a apoiar os extremistas extremados em detrimento dos candidatos “de centro”, como Amoedo, Meirelles e Álvaro Dias. O Capitão Caverna parece ter lugar garantido no segundo turno, mas ainda não se sabe quem irá enfrentá-lo — os oponentes mais prováveis são Ciro e Haddad, mas estamos no Brasil, onde até o passado é imprevisível.

O PSDB, tradicional arquirrival do PT, é tão imprestável na oposição quanto uma bicicleta para um perneta. Depois que o sucesso do Plano Real garantiu a vitória de Fernando Henrique sobre Lula, em 1994 (no primeiro turno, com 34 314 961 de votos contra 17 122 127 do petista), o partido “criou fama e deitou na cama”. Mas a mediocridade da segunda gestão de FHC favoreceu tanto a vitória Lula sobre José Serra, em 2002, e Geraldo Alckmin, em 2006, quanto a eleição de Dilma em 2010 e sua reeleição em 2014 (com a derrota de Serra Aécio, respectivamente, para uma fraude, uma gerentona de araque que faliu as duas lojinhas tipo 1,99 em 1995, quando o câmbio favorecia enormemente a revenda de badulaques importados).

Observação: Os tucanos ficaram ainda mais desmoralizados quando Joesley Batista desmascarou Temer e Aécio. Com o espaço de manobra reduzido, eles optaram por permanecer no barco, mas sem forças para assumir o leme, dividiram-se entre “cabeças pretas” e “cabeças brancas”, viraram as costas para a opinião pública e deixaram que se fechasse a janela de oportunidade que lhes permitiria resgatar a imagem de alternativa lógica para quem não aguenta mais a corrupção do PT e do PMDB.

Em 2016, o PSDB contribuiu para o impeachment da anta vermelha e apoiou a ideia de se ter um governo de transição que, mantendo de pé uma “pinguela” reformista, atravessasse a pior fase da crise e entregasse o país em melhores condições a quem assumisse o poder em 2018. Mas não moveu uma palha sequer para influenciar ou direcionar esse governo, que se deixou impregnar pelos interesses escusos do Congresso e pela preocupação em esvaziar a Lava-Jato e recompor oligarquias e práticas clientelistas, trocando a grande política pela pequena política. Um governo de perfil “parlamentar”, mas com uma base pouco confiável, sem grandeza e sem projeto, que se refletiu na composição ministerial, gerou turbulências e explodiu com as delações da JBS.

Ao longo do tempo, a incompetência do tucanato cresceu exponencialmente, como comprova a escolha (infeliz) de Geraldo Alckmin para disputar (novamente) a presidência. Na trilogia “O PODEROSO CHEFÃO”, Michel Corleone afastou Tom Hagen do cargo de consiglieri porque Hagen não era talhado para exercer tais funções em tempo de guerra. Mutatis mutandis, a analogia se aplica ao picolé de chuchu, que seria uma escolha até aceitável se o eleitorado não estivesse tão polarizado. E com a notória indecisão que os leva a mijar no corredor quando a casa tem mais de um banheiro, os tucanos perderam a oportunidade de substituir o azarão por Tasso Jereissati, João Doria ou alguém com mais chances de vitória. Agora é tarde, Inês é morta e não adianta chorar sobre o leite derramado.

Com uma campanha morna, um discurso pusilânime, e sem saber explorar sua galáxia de tempo no rádio e na TV, Alckmin não decolou — e dificilmente decolará, considerando que faltam duas para o primeiro turno. Para piorar, os caciques do “centrão” desconhecem o significado da palavra ideologia e farejam derrota a léguas. Muitos já se mostram mais preocupados com a eleição de governadores e congressistas em seus estados — de olho em sua própria sobrevivência política — do que em apoiar um presidenciável eleitoralmente moribundo (alguns já nem se dão ao trabalho de esconder a possibilidade de virar a casaca e apoiar o Capitão Gancho ou o pau-mandado do presidiário de Curitiba).

Não há, entre as 35 agremiações política regularmente inscritas na Justiça Eleitoral, um partido mais covarde e vaidoso que o PSDB. Que o diga o PT. Ao longo do período em que a ORCRIM ficou encastelada no poder, saqueando os cofres públicos e aparelhando o sistema para perpetuar uma perversa dinastia, o país não pôde contar com os tucanos. Em seus melhores momentos, a oposição foi tímida; nos piores — e esses se repetiram durante a maior parte do tempo —, ela simplesmente inexistiu. 

Agora, quando faltam 15 dias para o apito final, FHC, em carta, pede união contra candidatos radicais para evitar agravamento da crise. Mas isso já é assunto para a próxima postagem.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ELEIÇÕES — O DEUS NOS ACUDA DAS DERRADEIRAS SEMANAS



Quarta-feira, 19 de setembro. A 18 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, analistas, jornalistas e outros “istas”, baseados em recente pesquisa do Ibope, profetizam que o pleito terá dois turnos (palpite que qualquer cartomante de botequim daria sem pestanejar, mesmo num país onde até passado é imprevisível), que o Capitão Caverna enfrentará, no segundo tempo, o preposto do Criminoso de Garanhuns e que os demais postulantes podem ir fazendo as malas, pois logo voltarão para o buraco de onde jamais deveriam ter saído.

Quinta-feira, 20 de setembro. A 17 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, o Datafolha anuncia que Bolsonaro puxa a fila dos presidenciáveis, com confortáveis 28% das intenções de voto (mesmo hospitalizado e sem participar de nenhuma atividade de campanha desde o último dia 6, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora). Em segundo vem Haddad, com 16%, mas o cangaceiro de festim (Ciro Gomes é paulista de Pindamonhangaba) é o único com cacife para derrotar todos os rivais no segundo turno, e vencerá Bolsonaro por 6 pontos percentuais (nos demais cenários, o Capitão Gancho empataria com Haddad, Alckmin e Marina).

Observação: O Datafolha entrevistou 8.601 eleitores de 323 municípios. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores espalhados por cerca de 5600 municípios, mas a margem de erro, segundo o instituto, é de míseros dois pontos.

Ainda segundo a pesquisa, 40 % do eleitores podem mudar o voto. Desses, 15% indicam Ciro como segunda opção, 13% apontam Marina, 12% optam por Haddad, 12% por Alckmin e 11% por Bolsonaro. Os eleitores de Ciro, Alckmin e Marina são os menos decididos — mais da metade admite escolher outro candidato e muitos têm trocado de camisa nas últimas semanas. Aliás, perguntados se sabem o número de seu candidato, 42% desses representantes do esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim não souberam dizer o número certo.

O crescimento significativo do lambe-botas do criminoso de Garanhuns, cujas intenções de voto mais que dobraram depois de sua unção, leva-nos a antever (e temer) o pior dos cenários. Mas se o esbirro lulista representa a volta do presidiário ao Planalto, seu oposto também é uma aposta de risco, não só por seu inescondível despreparo (embora seja Paulo Guedes quem ditará as regras se Bolsonaro for eleito), mas também porque seu vice representa uma ameaça real à democracia.

Os números não mentem, mas podem estar errados ou ser manipulados — ou mesmo apontar um resultado baseado em respostas inverídicas. A esta altura do campeonato, tudo é possível, até mesmo a fatura ser quitada já no próximo dia 7, embora eu tenha cá minhas dúvidas. Bolsonaro sonha com essa benção, pois abreviaria uma campanha da qual sua saúde o impede de participar. Demais disso, o segundo turno é uma eleição à parte, e não se sabe até que ponto os acordos costurados entre os candidatos remanescentes e os defenestrados no primeiro escrutínio teriam serventia, pois entendimentos entre cúpulas partidárias não necessariamente influenciam eleitores indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto.

O que há de claro em tudo isso é que nada está claro. O que se vê é o capacho vermelho posar de “candidato da civilidade” (embora preste contas a um criminoso condenado), visando se contrapor ao “barbarismo” de Bolsonaro, enquanto os partidos do centrão — integrados por políticos sem ideologia nem vergonha na cara, que se vendem como putas nas zonas do mais baixo meretrício, mas capazes de farejar derrota como tubarões farejam sangue a milhas de distância — se mostram mais preocupados com as eleições em seus próprios estados do que em apoiar o picolé de chuchu tucano.

O acordo com o centrão garantiu a Alckmin um latifúndio de tempo na propaganda eleitoral obrigatória, mas não lhe ensinou a explorar essa vantagem. O tucano acreditava que, como por milagre, sua insípida campanha decolaria a partir do último dia primeiro. Mas não decolou. Lamentavelmente, o PSDB é um cemitério de egos, e ainda que Alckmin seja a pior escolha, pelo menos neste momento, já não há tempo de substituí-lo por Doria, que certamente seria mais competitivo.

Alckmin aposta agora em uma “última onda” para voltar a crescer e chegar ao segundo turno. “Nós temos 30% de indecisos na pesquisa espontânea (quando os candidatos não são apresentados ao eleitor). A campanha está em aberta e está por onda. Já tivemos a onda Marina, a onda Ciro, a onda Haddad. Ela pode vir por ondas, mas é a última onda que vai valer”. Da sua ótica, Haddad, e não Bolsonaro, quem está garantido no segundo turno, já parte dos 28% de intenções de voto contabilizadas pelo extremista de direita não são de eleitores que querem vê-lo na Presidência, mas sim de votantes que querem impedir o retorno do PT. E é esse o eleitor que o tucano pretende reconquistar. Resta-lhe explicar como irá fazê-lo, já que tem pouco mais de duas semanas para realizar esse prodígio de magia.

Se nada mudar até amanhã, falaremos mais um pouco de Alckmin e seu imprestável partido.

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